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Hélio Doyle

Lei de 2009 pode adiar os pagamentos

Arquivo Geral

07/10/2016 7h00

Atualizada 06/10/2016 23h19

Raphael Ribeiro/Cedoc

O governador Rodrigo Rollemberg poderia recorrer a uma lei editada em 2009, no governo de José Roberto Arruda, para adiar o pagamento das parcelas dos aumentos salariais concedidos na gestão de Agnelo Queiroz. A Lei 4316/2009 “estabelece requisitos para a concessão ou a implementação de reajustes de remuneração, vantagens ou benefícios para os servidores ou empregados da administração pública do Distrito Federal”.

Foi proposta por Arruda para evitar o impacto de aumentos concedidos por seu antecessor, Joaquim Roriz, e emendada na Câmara Legislativa. Está em vigor.

Mas decisão não é só do Executivo

A lei condiciona os pagamentos “à existência de disponibilidade orçamentária e financeira para a realização da despesa”. A decisão se há disponibilidade é de uma Comissão de Avaliação da Receita e das Despesas, integrada por três representantes do Executivo, três da Câmara Legislativa e três dos servidores públicos.

Essa comissão pode antecipar ou postergar os pagamentos, de acordo com “o comportamento da receita corrente líquida” e das “medidas adotadas para o cumprimento das metas de resultados fiscais”.

Só que hoje essa comissão não existe.

Estratégia da enrolação

Se o governo ainda vê alguma possibilidade de pagar agora os aumentos para os servidores públicos, está certo em adiar o anúncio de sua decisão. Se há chance de honrar o compromisso firmado em 2015, melhor mesmo esperar. Mas todos no governo sabem que a probabilidade de pagar é quase zero. Não há, assim, nenhuma razão para ficar protelando o anúncio.

Justificativa de ausência é pretexto para ganhar mais

O Tribunal Regional Eleitoral anunciou, e a imprensa agasalhou sem contestar, que 100 mil eleitores deveriam se justificar, em Brasília, por não terem votado no primeiro turno das eleições municipais. Apareceram 55.458 e mesmo assim tiveram de enfrentar filas em alguns lugares, como no Conjunto Nacional e no Pátio Brasil.

O superdimensionamento foi para justificar a mobilização de servidores do TRE e o consequente pagamento de polpudas horas extras. A maioria para fazer o trabalho de mesários que, quando há eleições, é executado por voluntários que recebem o almoço e um dia de folga.

Como em Brasília não tem eleição municipal, receber as justificativas dos eleitores é o pretexto para embolsar as horas-extras. E os que têm cargos mais bem remunerados são os primeiros a se dispor ao trabalho “extra” e a receber a grana assim que é liberada pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Ninguém precisa enfrentar filas

O eleitor que não pôde votar no primeiro turno tem até o dia 1º de dezembro para apresentar o tal do “requerimento de justificativa eleitoral” em qualquer cartório eleitoral. Mas a Justiça Eleitoral procura passar a ideia de que a justificativa tem de ser feita no dia da eleição.

O eleitor acredita e se dispõe a enfrentar filas para justificar a ausência. É o pretexto para o TRE montar um esquema duas vezes maior que o necessário e mobilizar seus servidores, que assim têm a oportunidade de ganhar um extra fazendo o trabalho que é de mesário.

Aliás…

Uma emissora de televisão mostrou uma servidora do TRE e, ingenuamente, a apresentou como “voluntária”. Não que seja mentira – ela se voluntariou mesmo para trabalhar no domingo. Mas não de graça.

Especialistas em colocar cones

A cena é comum em Brasília quando um semáforo quebra. Em qualquer cidade os agentes de trânsito vão para a rua e orientam o tráfego, para suprir a ausência do sinal. Muitas vezes o fluxo fica até melhor com a presença humana, pois a duração do abre e fecha é controlada visualmente.

Aqui em Brasília, porém, os agentes do Detran apenas colocam cones fechando a via e ficam na calçada ou dentro da viatura conversando ou teclando no celular. Os motoristas têm de dar voltas para retomar a rota, o que acaba complicando o trânsito em outros locais, mas os agentes não estão nem
aí para isso.

Para colocar cones nas vias e ficar batendo papo, o Detran não precisa de agentes que ganham entre R$ 8.190,00 e R$ 10.876,20 mensais. Vai ter muita gente topando fazer isso por um salário mínimo.

É só olhar de onde vem o dinheiro

Uma coisa é alguém doar dinheiro para campanha com intenção de obter vantagens e benefícios ilícitos depois. Outra coisa é quem recebeu a doação conceder as vantagens e benefícios ilícitos.

O fato de ter aceitado doações de um empresário que opera organizações sociais suspeitas não quer dizer que o governador Rodrigo Rollemberg tenha se comprometido a atendê-lo. E não há sinal nenhum de que pretenda fazê-lo.

Mas é óbvio que essa situação é constrangedora quando o governo tanto briga para implantar as OSs em Brasília. É tudo o que querem os que se opõem às OSs, pois cria uma suspeição, ainda que infundada, que poderia ter sido evitada se Rollemberg tivesse se preocupado mais com a origem das doações, ainda mais vindo de pessoas altamente suspeitas.

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