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Hélio Doyle

Eleições municipais mostram tendências para 2018

Arquivo Geral

04/10/2016 7h00

Mesmo faltando o segundo turno, há fatos e dados nas eleições municipais que possibilitam fazer projeções e tirar conclusões sobre suas repercussões nas eleições de 2018 em Brasília. Nenhuma, porém, definitiva e categórica. Muitas coisas vão acontecer nos próximos dois anos e cada uma delas pode alterar totalmente o quadro político e eleitoral no país e aqui.
Há a Lava-Jato e outras operações, que podem se estender a outros partidos. Pode haver mudanças na legislação eleitoral. E não se sabe ainda como serão avaliados os desempenhos de Michel Temer, dos prefeitos agora eleitos e mesmo do governador Rodrigo Rollemberg.
Mas os resultados municipais indicam tendências que não devem ser desprezadas pelos que se interessam pelas eleições no Distrito Federal.

O mais votado é nenhum deles

O dado mais relevante do primeiro turno é o índice de eleitores que se abstiveram, votaram em branco ou anularam o voto, especialmente nas capitais e nas cidades maiores. Isso mostra o desinteresse, o desprezo e o desencanto pela política, pelos partidos e pelos candidatos.
Em nove capitais o total de abstenções e votos nulos e em branco superou a votação dos primeiros colocados: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Belém,

Cuiabá, Campo Grande e Aracaju.

No Rio de Janeiro, o número de eleitores que não votaram em ninguém foi maior do que a soma dos votos dados aos dois primeiros colocados. Lá, como na maioria das nove capitais, havia muitos candidatos, de todo o espectro político.
E o prefeito eleito de São Paulo, João Doria, faz questão de dizer que não é político, é empresário.

Não seria diferente em Brasília

Esse quadro de apatia pode se repetir e até se agravar em 2018. É importante verificar, no segundo turno, como se comportará o eleitorado que se absteve ou não quis votar em alguém – se o índice diminui significativamente diante da polarização entre dois candidatos ou se mantém. E onde se reduz e onde permanece.
Se as eleições em Brasília tivessem sido ontem, e com os candidatos que têm sido colocados, é provável que acontecesse aqui o mesmo que nas nove capitais. O índice de brasilienses desgostosos e que negam a política tal qual é praticada hoje é muito grande. Isso incentiva o aparecimento dos que dizem que não são políticos.

PSol escapa da onda conservadora

Um dado esperado e inevitável nesse primeiro turno foi o crescimento do eleitorado mais conservador e a queda da esquerda, especialmente do PT. A Lava-Jato e gestões mal avaliadas pelo eleitorado, na presidência da República, em estados e em prefeituras, prejudicaram o PT e, de quebra, outros partidos à esquerda.
A exceção, relativa, é o PSol, que mantém uma linha política diferenciada do PT, não tem governos a serem avaliados (o único prefeito de capital que era do partido, o de Macapá, mudou-se para a Rede) e foi para o segundo turno em duas capitais, Rio de Janeiro e Belém.

O ciclo ainda será da direita

É pouco provável que até 2018 haja alteração significativa e muito menos reversão na tendência conservadora do eleitorado e na queda acentuada do PT. Os desempenhos do governo Temer, de governadores e de prefeitos podem agravar ou atenuar esse quadro, mas a maioria do eleitorado não vai, em tão pouco tempo, absolver o PT e dar uma guinada à esquerda. O ciclo ainda deverá ser da “direita”.
Um fator que pode influir nesse quadro, em Brasília, é o PSol. Se fizer uma boa campanha e ganhar no Rio com o voto dos que se abstiveram ou não tiveram candidato no primeiro turno, e ter uma gestão eficiente nos dois primeiros anos, poderá se situar bem nas próximas eleições para governador.

TV é muito, mas não é tudo

O candidato do PSol no Rio, Marcelo Freixo, mostrou que o tempo de televisão é importante, mas não é decisivo em uma eleição. Ficou em segundo lugar e foi para o segundo turno com 11 segundos por dia. Agora tem o desafio é produzir 10 minutos por dia. Os candidatos em Brasília, com área territorial pequena e três milhões de habitantes, precisam menos da TV do que nos estados com grandes extensões.

A maioria se diz de centro

Cerca de 20% do eleitorado brasiliense, como mostram pesquisas, se situa como de direita. Os que se declaram de esquerda estão na faixa dos 15%. Os demais 65% se dizem de centro – que tem um segmento com viés de esquerda e outro de direita, ambos flutuantes.
O governador Rollemberg conhece esses números e não mostra nenhuma preocupação em caracterizar seu governo como de esquerda, ou mesmo de centro-esquerda. Apoiou Aécio Neves contra Dilma em 2014, já disse que o impeachment não foi um golpe, faz alianças com a direita na Câmara Legislativa e nas eleições em municípios vizinhos e, a rigor, seu governo não tem cara de uma gestão de esquerda.
Rollemberg sabe que sua reeleição em 2018 dependerá sobretudo da avaliação que for feita de seu governo, e não de seu posicionamento político e ideológico. Se estiver bem, terá o apoio de boa parte da centro-esquerda.

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