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Cinema com ela
Cinema com ela

Como a Netflix ameaça a experiência de ir ao cinema

Arquivo Geral

17/12/2018 23h51

Não se iluda: Hollywood é uma máquina de essência mercantilista. Porém, dentro disso, ela propõe criar um ambiente de experiências. E o carro-chefe disso tudo é a telona. É nela que essa magia acontece com o conforto, a qualidade do som do cinema, boa resolução, etc. Entretanto, parece que um dos serviços de live-streaming mais populares do mundo está ameaçando esse formato de entretenimento.

Desde que a Netflix foi lançada no Brasil, o consumidor foi tomado por sentimentos de praticidade e fascínio. Primeiramente, não existia a preocupação de pagar um ingresso que valesse um filme. Com a taxa do serviço, você pode assistir vários (mesmo que sejam filmes já vistos). Segundo que também não havia a empreitada de sair de casa para enfrentar filas e incômodos para ver apenas um filme, mesmo que fosse inédito (aliás, “eu posso esperar sair na Netflix”). Por isso, a empresa foi um sucesso instantâneo (caso existam mais fatores que engrandeçam esse sucesso, aceito sugestões de correção).

Ao notar que o expectador vai preferir o próprio sofá no lugar do cinema, a Netflix aumentou as pratas da casa. Há dois anos, o serviço disponibiliza mais de 70% de produtos com o selo “Netflix Originals”, deixando de lado produções hollywoodianas e confeccionando seus próprios filmes e seriados.

Onde mora a ameaça?

Quando se trata de seriados, lançar novidades direto no catálogo não faz diferença, até porque, ao longo da história da cultura popular, as séries sempre foram do nicho caseiro. Ou seja, os seriados jamais aterrissarão nos cinemas. Porém, a Netflix tem considerado este método para a sétima arte.

Em 2015, Beasts of No Nation estreou no inventário com o selo Originals e era conteúdo inédito. A partir deste momento, após o sucesso, foram lançamentos ininterruptos. A epifania deste texto surgiu quando vi colocarem os pôsters de Bird Box (suspense estrelado por Sandra Bullock) em paradas de ônibus. Ao procurar onde estaria disponível, nenhuma citação “nos cinemas dia 21 de dezembro”, apenas “na Netflix”.

O mesmo aconteceu nesta última sexta-feira (14), com o estupendo Roma, do premiado Alfonso Cuáron, que acumula prêmios e elogios ao redor do mundo que, pelo menos no Brasil, apenas alguns cinemas irão receber (em sessões reduzidas, consequências de petições)  a obra prima mexicana.

O brilhante Roma, de Cuáron. Experiência reduzida ao sofá de casa.

Uma produção única como essa jamais deveria ser reduzida a lançamentos para dentro de casa. Roma é uma experiência visual arrebatadora que demanda uma tela imensa acompanhada do melhor som. Características que apenas um bom cinema pode dar.

Minimização

O mesmo aconteceu com o filme Aniquilação (2018), estrelado por Natalie Portman. Apesar de os estúdios Paramount terem desacreditado no valor do filme, a empresa lançoou apenas nos cinemas americanos e minimizou a distribuição para um lançamento direto na Netflix do Brasil.

Se investigarmos (até porque citei filmes que conferi e aposto que foram subestimados), sei que vamos encontrar inúmeros longas-metragens que perderam seu espaço na telas por conta do comodismo que a Netflix tem causado no público.  Há filmes que não demandam espaço espetacular para exibição, mas todos os títulos que citei aqui merecem mais carinho, como Roma e Aniquilação.

Natalie Portman em Aniquilação. Uma das melhores ficções científicas de 2018 compactada para ver em casa

A impressão que o serviço quer passar é que o prêmio mais almejado não é uma estatueta dourada, mas uma poltrona vazia de uma sala comum de cinema.  Abocanhar prestígios com obras do catálogo não é o objetivo, mas tem sido uma consequência. Tempos difíceis para cinéfilos em busca de novas experiências. Já pensou se essa moda pega?

 

 

 

 

 

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