A eliminação precoce na Copa do Mundo de 2002, quando sucumbiu ainda na primeira fase, permanece viva na memória da Argentina, que estréia amanhã em Hamburgo, às 16h, tentando resgatar sua imagem no Mundial e comprovar o talento de sua nova geração, encabeçada pelo meia Riquelme. O adversário será a aposta Costa do Marfim, debutante em Copas e candidata à zebra dos apostadores de bolões pelo mundo.
É a segunda vez que os argentinos encaram uma seleção africana em suas estréias nas Copas. A primeira, contudo, não traz boas lembranças: derrota de 1 x 0 para Camarões, em 1990, na Itália. Esse é o principal temor dos comandados de José Pekerman, que ao todo encarou três vezes rivais daquele continente em Mundiais e venceu em duas oportunidades.
“Sabemos o que se sente na Argentina pelo futebol e que somos os representantes disso. E prometo que tentaremos de tudo para dar essa felicidade ao nosso povo”, destacou Pekerman, para quem o jogo contra os marfinenses representa convencer, acima de tudo a imprensa, que seu esquema tático pode dar certo.
Para frustração da torcida, o treinador vai deixar no banco de reservas a dupla Carlitos Tevez e Lionel Messi, apostando em sua versão do “quadrado mágico”, com Maxí Rodríguez, Riquelme, Saviola e Crespo. “É a equipe com que elaboramos situações para jogar esta primeira partida. São as combinações que dão mais equilíbrio no início ao time”, justificou.
Comparado ao naufrágio de 2002, a situação neste ano é até tranqüila. O único problema de Pekerman estava na zaga, onde Heinze voltou a sentir dores no joelho direito, local onde sofreu uma grave contusão na última temporada. Sorín vinha treinando improvisado em seu lugar, mas o departamento médico liberou o jogador do Manchester United, garantindo o ex-cruzeirense em sua posição de origem: a lateral-esquerda.
Para evitar novas decepções aos argentinos, o treinador vem evitando até declarações impróprias do elenco. Durante a preparação, Pekerman chamou a atenção de Riquelme, justamente a maior estrela, por revelar ter preferido a tomar chá do que analisar um amistoso da Costa do Marfim. Pelas declarações do volante Javier Mascherano, o recado foi aceito.
“A Argentina pode esperar um jogo de gato e rato contra a Costa do Marfim. Não vai ser um jogo aberto, eles vão se defender e esperar a Argentina partir para cima. É uma equipe que além do bom porte físico, se conhece muito bem e sabe jogar futebol”, assegurou o corintiano. No único encontro registrado entre argentinos e marfinenses, melhor para os sul-americanos, que golearam por 4 x 0, em partida válida pela Copa King Fahd, em 1992.
Animada com a estréia em Copas, a Costa do Marfim está longe de ser apontada como o lado fraco do Grupo C, chamado de “grupo da morte”. A equipe vem de uma vice-colocação na Copa das Nações Africanas e, diferente de boa parte das seleções, não conta com problemas de contusão.
“Fizemos tudo certo durante a preparação. Deixamos a equipe em um bom nível técnico e os jogadores não apresentam lesões graves”, decretou o técnico francês Henri Michel, criticado durante a preparação na Europa pelos resultados poucos atraentes nos amistosos – dois 1 x 1, contra Chile e Suíça. Além disso, o treinador preferiu não definir um time titular, mas no final acabou prevalecendo o bom-senso e o entrosamento, e os Elefantes chegam calibrados para tentar repetir os camaroneses 16 anos depois.