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Estilo de Vida

Relato pessoal: como uma pausa na carreira fez toda a diferença na minha vida profissional

Redação Jornal de Brasília

09/10/2023 10h02

Praia de Boa Viagem. Imagem ilustrativa

André Viana Lima*

Viajar sempre é a questão. Mais do que o clichê de dizer que viajar é o sonho, a ideia de liberdade e do desconhecido foi o que sempre me motivou. Atualmente, para boa parte da sociedade, a ideia de viajar se tornou uma espécie de fuga do dia a dia, quase como algo antagônico ao trabalho, onde a viagem representa, mesmo que momentaneamente, a felicidade não encontrada na rotina diária. Mas não deveria ser!

São tantas barreiras mentais que nos criam para definir nossos limites: “Não dá para fazer em casal”, “não dá para fazer com filhos”, “não pode sair do mercado de trabalho”, “você tem que ter o pé no chão”. Já cheguei até a escutar: “você é muito sonhador” …

Na casa dos meus avós paternos sempre houve um ar de aventura. Na década de 70, eles viajaram com seus três filhos morando em uma kombi por toda Europa, Oriente Médio, América do Norte e América Central, em um período de 3 anos. Suas lembranças, em pequenos enfeites e fotos, estão espalhadas pela casa, e pelas memórias sempre lembradas nas tardes de domingo. Em minha infância, eles ainda possuíam um camper Larturist 1983 montado em uma D-20 1986, os quais usavam para viajar pelo país.

Toda essa ideia de poder viajar, de conhecer culturas, pessoas e lugares no conforto “de casa” sempre fez parte do meu imaginário. Mas dizia que primeiro começaria conhecendo a minha casa, o meu país. Um dia virei para a minha esposa e propus: “vamos rodar o Brasil?”. O mais difícil eu já tinha – uma companheira que topasse. Todo o resto, foi só correr atrás.

Decidi que queria fazer no camper do meu avô, que estava parado há 10 anos. Mãos à obra! A primeira coisa foi convencer meu avô de que faria em segurança e voltaria inteiro. Depois, guardamos dinheiro, reformamos o camper, revisamos a caminhonete. Mas aí vem a questão, e o trabalho?

Quando entrei na Peers, vi que existia um benefício chamado Peers Experience. Basicamente, a companhia me dava uma licença não remunerada para que eu pudesse realizar algum projeto pessoal, não tornando necessária uma ruptura com o mercado de trabalho. Pela primeira vez, vi que talvez fosse possível realizar este sonho sem ser julgado pelo mercado como um funcionário sem foco ou um risco. Não sem receios, perguntei ao meu mentor (na empresa) o que ele achava da ideia, e recebi (o incentivo que precisava para concretizar o meu sonho. Por fim, me questionei se sair um ano poderia ser bom para mim como profissional. Mas entendi que valeria o risco.

Ajustamos a licença e em março de 2022 saí de viagem. Rodamos 20 estados brasileiros, subindo pelo interior e descendo pelo litoral. Fizemos amigos queridos, conhecemos os diversos biomas, vimos animais e frutas até então desconhecidos. Cachoeiras de perder as contas, mares do marrom do Rio Grande do Sul ao verde azulado do Alagoas. Das lagoas cristalinas do Tocantins aos rios negros da Bahia. O Brasil é muito maior do que a maioria de nós imagina! E a riqueza do Brasil é sua natureza e seu povo, que a tudo supera com um sorriso no rosto.

Mas os ganhos foram muito além de vivenciar as aventuras da estrada. A felicidade sempre é a busca, porém muitas vezes difícil definir onde ela está. Me custavam horas de terapia e entendimento pessoal na busca de entender minha relação com a vida. A felicidade é o caminho, o processo, e nunca o fim. Eu precisei rodar todo o país para entender que não é nos Lençóis Maranhenses que está a felicidade, como um tesouro que vou alcançar quando lá colocar os pés. A felicidade está em percorrer as estradas esburacadas do Maranhão, em rodar no barulho e calor da D-20. Pois só assim valorizo a chegada, o silêncio e o sereno. A felicidade está em dividir a vista, pois só assim valorizo a companhia. É só quando atribuo valor a algo que isso me traz satisfação, pois vou considerar-me feliz por possuir a valiosa conquista. Ela em si nada é, se não agregada de valor pessoal.

Era preciso superar. Era preciso viver. Era preciso sentir para me achar, para entender quem eu sou e como posso ser feliz. Para saber quais lutas entrar e para saber o que é importante.

Voltando à pergunta feita acima, se a viagem poderia ser boa para mim, profissionalmente… Dito e feito! Hoje definitivamente consigo ser mais focado e confiante no trabalho, pois sei que posso realizar qualquer desafio proposto por mim. Não existem barreiras reais, podemos ser e fazer o que quisermos, basta foco e determinação.

*André Viana é Consultor na Peers Consulting & Technology

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