Instabilidades de humor, emoções à flor da pele, histeria? O que define uma uma mulher desequilibrada? A verdade é que muitas mulheres ainda são pejorativamente rotuladas como excessivamente emocionais (por questões hormonais), quase ignorando que os homens também passam por oscilações biológicas. Então, se ambos sofrem mudanças fisiológicas, por que ainda nos dirigimos ao feminino como o gênero mais frágil? E, partindo do ponto que uma mulher desequilibrada é mais fácil de controlar, por que o sistema insiste em nos manter doentes?
A resposta é simples: há muitos ganhos em manter o feminino nesse lugar de submissão, em que o capitalismo e o patriarcado nos julgam por não sermos nunca eficientes o suficiente, mesmo quando somos. Nós somos punidas com culpa por sermos mulheres, mães, esposas. Nosso corpo e voz são desrespeitados enquanto nos cobram estabilidade e adequação. Por quê?

Porque, em nossa cultura, como explica a pesquisadora e psicóloga Valeska Zanello, homens foram educados para amarem qualquer coisa, enquanto mulheres foram educadas para amar homens, ou seja, fomos condicionadas a buscar constantemente o reconhecimento masculino. Educação essa que gerou e continua gerando muita insegurança e sofrimento.
O resultado? Fadiga, exaustão física e mental, insegurança, angústias e depressão. A solidão compartilhada, a desvalorização e a diminuição da libido podem ser apenas alguns dos sintomas desse desequilíbrio e deseducação, seguidos de baixa produtividade no trabalho e desmotivação. Complexo, né?!

Todos os contextos são afetados, assim como todos os cenários têm relevância em como nos sentimos. Ou seja, se nossas bolhas são excessivamente carregadas de comportamentos machistas que diminuem e/ou desvalorizam o feminino, o que fazer para não se desequilibrar tanto? Como escapar desse ciclo? Adoraria dizer que é fácil e linear, entretanto, é bastante difícil e exige uma luta diária e consciente. Dessa forma, deixo aqui algumas sugestões de cuidado:
- Mantenha seus exames de saúde em dia para entender como seu corpo está processando tudo o que acontece;
- Cuide da sua saúde mental. Faça terapia;
- Pratique atividades físicas regulares e alimente-se adequadamente;
- Priorize um sono de qualidade;
- Cultive uma rede de apoio composta por pessoas que genuinamente se importam com você;
- Dedique tempo para si e para suas amigas, pelo menos, uma vez por semana;
- Priorize as mulheres ao seu redor, incluindo profissionais.
É importante ressaltar que esses cuidados não isentam a outra parte de assumir um papel mais saudável. Ou seja, não adianta nós fazermos por nós, se as parcerias não colaboram e não abrem espaço para um relacionamento mais empoderado e equilibrado.
Dito isso, penso que talvez seja necessário frustrar o outro, sobretudo em prol do próprio desenvolvimento. Aprender a impor limites também pode ser uma estratégia eficaz.

Sei que não é fácil, porque também vivo nessa realidade, mas precisamos fazer por nós. Caso contrário, quem o fará?
O desequilíbrio pode existir, contanto que o equilíbrio também seja buscado.