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Moda

Yayoi Kusama: Da luta contra a guerra do Vietnã à colaboração com a Louis Vuitton

Ao longo de seus 70 anos de carreira, Kusama passou de um ícone progressista a uma figura associada ao mundo capitalista

Redação Jornal de Brasília

18/07/2023 11h52

Foto: Reprodução

A renomada artista japonesa Yayoi Kusama, aos 73 anos, será homenageada pela Academia Latina da Gravação, responsável pelo Grammy Latino. O Prêmio à Excelência Musical será concedido a artistas que tiveram contribuições significativas para a música na América Latina. Kusama é conhecida por seu hit “Então É Natal” e por outras obras populares, como “Começar de Novo”, “O Que Será (A Flor da Pele)” e “Iolanda”. A artista também teve suas músicas incluídas em trilhas sonoras de novelas, como a abertura de “Malu Mulher” (Globo), exibida em 1979.

No entanto, sua trajetória artística é peculiar. Ao longo de seus 70 anos de carreira, Kusama passou de um ícone progressista a uma figura associada ao mundo capitalista, tendo seu trabalho reconhecido pelos principais museus e galerias ao mesmo tempo em que colaborava com produtos de consumo em massa. Recentemente, ela se tornou uma linha de carteiras e bolsas da renomada marca francesa Louis Vuitton, em duas ocasiões.

Neste contexto histórico, o museu Inhotim acaba de abrir um pavilhão dedicado à obra de Yayoi Kusama. A 20ª galeria permanente do museu em Brumadinho, Minas Gerais, apresenta duas instalações imersivas da artista, conhecidas por atrair longas filas e gerar muitas fotos no Instagram. Uma das instalações, intitulada “I’m Here But Nothing” (2000), consiste em um ambiente com milhares de adesivos de bolinhas coloridas, criando a sensação de que as bolinhas flutuam e envolvem os visitantes. A outra instalação, chamada “Aftermath of Obliteration of Eternity” (2009), é uma sala escura cercada de espelhos, iluminada por pequenas lâmpadas amarelas que se acendem e apagam lentamente, proporcionando uma experiência imersiva.

Embora a colaboração de Kusama com marcas de luxo como a Louis Vuitton tenha gerado controvérsias, o crítico Allan Schwartzman, cofundador de Inhotim e responsável pelo pavilhão da artista, destaca que para ela, a bolsa da Louis Vuitton não é diferente de uma pintura. Schwartzman enfatiza que Kusama é uma artista única, e suas escolhas não comprometeram seu trabalho ou sua visão.

A trajetória de Kusama teve início no Japão, onde nasceu em 1929, mas foi em Nova York que sua carreira decolou. Nos anos 1950 e 1960, ela se envolveu com a cena cultural da cidade, expondo ao lado de artistas renomados como Claes Odenburg e Andy Warhol. Suas obras, que apresentavam padrões de bolinhas e redes infinitas, se tornaram icônicas. Kusama também se destacou ao usar seu próprio corpo como obra de arte em performances e ao expressar interesse pela moda, criando sua própria marca e desenhando modelos ousados.

Com o novo pavilhão em Inhotim, que contou com a presença da equipe da artista no Japão para auxiliar na montagem das instalações, o museu passa a ter três obras de Kusama em exibição. O exterior do pavilhão é uma parede de aço corten que esconde as portas de entrada para as instalações. Uma praça com bancos de madeira e vegetação foi projetada para acomodar possíveis filas. O pavilhão foi financiado por meio da Lei Rouanet e sua inauguração estava prevista para 2020, mas foi adiada devido à pandemia e a condições climáticas adversas.

Yayoi Kusama continua atraindo multidões com suas obras imersivas e visualmente impactantes, o que tem sido explorado em mostras de arte ao redor do mundo. Sua arte cria espaços psicológicos e proporciona diferentes experiências do corpo no espaço, algo que ressoa em um mundo cada vez mais orientado para as imagens.

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