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Moda

Inacreditável: 40 toneladas de roupas estão acumuladas no deserto do Atacama

A fast-fashion (moda rápida), que é responsável por esse acúmulo de roupas, é absurdamente prejudicial ao meio ambiente

Evellyn Luchetta

08/11/2021 17h49

FOTOS MARTÍN BERNETTI/ AFP

O lixão da moda. Assim é conhecido o local onde mais de 40 toneladas de roupas ficam acumuladas. Localizado no deserto do Atacama, Chile, o cemitério de fast-fashion retrata a desigualdade social e a capacidade poluente da indústria da moda.

Um relatório da AFP mostrou que o montante de roupas é formado por peças produzidas na China e em Bangladesh que são enviadas às lojas nos Estados Unidos, Europa e Ásia. No entanto, quando parte da produção não é comprada, as roupas são levadas ao porto de Iquique, no Chile e depois são revendidas a países da América Latina.

O relatório mostrou ainda que, cerca de 59.000 toneladas dessas peças acabam no porto do Chile todos os anos. Dessas, pelo menos 39.000 toneladas são enviadas para os aterros no deserto, como o conhecido no Atacama, que já acumula uma faixa inteira de terra. A cena, impressiona até quem já procura e se informa sobre a veia poluente da indústria da moda.

Um ex-funcionário da seção de importação no porto de Iquique, Alex Carreno, deu uma entrevista à AFP informando que as roupas “chegam de todas as partes do mundo”. O homem acrescentou que a maior parte das peças é descartada depois, quando a mercadoria não é revendida para a América Latina.

“O problema é que a roupa não é biodegradável e tem produtos químicos, por isso não é aceita nos aterros municipais”, disse Franklin Zepeda, criador da EcoFibra, em entrevista ao Business Insider. A empresa criada por Zepeda tenta reverter essa situação usando as roupas para fabricar painéis de isolamento e utilizando resíduos têxteis para produzir isolantes térmicos e acústicos.

A fast-fashion (moda rápida), que é responsável por esse acúmulo de roupas, transforma o acesso às vestimentas mais acessível mas, por outro lado é absurdamente prejudicial ao meio ambiente. A indústria da moda responde por 8 a 10% das emissões mundiais de carbono, segundo a ONU.

Além disso, em 2018, a indústria da moda consumiu mais energia do que indústrias de aviação e navegação juntas. Pesquisadores indicam que pelo menos um caminhão de lixo de peças é queimado e enviado a um aterro por segundo.

O combustível para manter essa produção parece não acabar, já que a velocidade de compra dessas peças não diminuiu no século 21. Estatísticas da Ellen McArthur Foundation, uma instituição de caridade de economia circular, mostra que a produção de roupas não só não diminuiu, como dobrou durante 2004 a 2019. O consumidor médio também comprou 60% mais roupas em 2014 do em 2000, segundo a mesma instituição.

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