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Moda

Crise gerada pela pandemia estimula a criatividade de Dolce & Gabbana

Em confinamento por causa da pandemia, os famosos costureiros mais uma vez se sentiram como na época de seus primórdios

Redação Jornal de Brasília

07/12/2020 13h16

Italian fashion designers Stefano Gabbana (L) and Domenico Dolce pose on December 2, 2020 in Milan. – The coronavirus crisis has upended the norms of the fashion world, but Italian designers Domenico Dolce and Stefano Gabbana believe it has spurred them to be more inventive and resourceful. (Photo by Céline CORNU / AFP)

Os estilistas italianos Domenico Dolce e Stefano Gabanna acreditam que a crise causada pela pandemia do novo coronavírus foi fonte de inúmeros problemas, mas também uma oportunidade para a criatividade.

Em confinamento por causa da pandemia, os famosos costureiros mais uma vez se sentiram como na época de seus primórdios, em meados da década de 1980, como contaram à AFP durante uma entrevista concedida em seu magnífico palácio milanês, onde estão gravando mini-vídeos para coleções de alto costura.

Esses vídeos, algo que a empresa sempre apreciou, serão veiculados na internet e substituirão o tradicional desfile por causa da covid-19.

Como vivem vocês, estilistas, nesse período tão especial?

Stefano Gabbana (58 anos): “Tanto Domenico como eu somos pessoas positivas e não nos decepcionamos pelo fato de não podermos fazer algumas coisas. Mas é claro que tudo é mais difícil”.

“É preciso lembrar que quando a marca nasceu em 1984, tínhamos apenas 3 milhões de liras (1.500 euros). Fizemos casacos com lã porque não podíamos fazê-los com caxemira, fizemos roupas com pulôveres por falta de dinheiro para comprar tecidos mais valiosos. Essa situação pode ser comparada à atual: não podemos comprar isso ou aquilo. Portanto, a inventividade é aguçada. Quando Domenico e eu estamos sob pressão, fazemos o nosso melhor. Nós amamos desafios”.

Domenico Dolce (62 anos): “Isso faz parte da ‘italianidade’. Somos realmente 1.000% italianos. Em tempos de desastre, recorremos à inventividade, à criatividade, não paramos nem choramos pelo destino, reagimos com otimismo, sendo positivos”.

A situação é difícil para o setor de luxo, que verá uma queda nas vendas de mais de 20% em todo o mundo este ano. Como está indo a empresa?

Stefano Gabbana: “A maior parte do trabalho é feito virtualmente. Em alguns países as lojas estão abertas, como na China, em outros não, como na Europa e nos Estados Unidos. Registramos um crescimento de 170% em quatro meses no comércio online, porque todo mundo compra assim. Essa situação tem seu lado positivo, pois estamos nos adaptando a um novo modo de aquisição, que já era bastante desenvolvido nos Estados Unidos e na América do Sul”.

Como se organizaram para desenvolver essa coleção de alta costura?

Stefano Gabbana: “Contamos com todos os recursos humanos internos, costureiras, bordadeiras, tudo é feito em Milão. Fizemos aos poucos, não tínhamos certeza”.

Domenico Dolce: “Os desfiles de moda geralmente são planejados com seis meses ou até um ano de antecedência (…) Então acabamos nos perguntando: O que é mais importante nesse momento? Fazer um desfile clássico nos parecia algo inútil, um pouco estéril. No começo Stefano queria fazer algo e eu fui um pouco contra. Eu não queria fazer nada, mas ele insistiu. Para nós, essa coleção foi terapêutica. Talvez a situação que nos bloqueou por um lado, nos desbloqueou por outro. Sentimo-nos à vontade para quebrar as regras”.

Stefano Gabbana: Nesta coleção “propusemos peças bastante clássicas, como um vestido preto para mulheres maduras (…), enquanto para as mais jovens rompemos com tudo o que se pode romper. E reconstruímos de uma forma totalmente nova”.

A crise mudou a forma de vocês trabalharem?

Stefano Gabbana: Antes “tínhamos muito a fazer, o ritmo era frenético, agora se tornou mais devagar”.

Domenico Dolce: “Tínhamos aquela ansiedade de ter que fazer, de falta de tempo. Agora – e isso nos deixa felizes – temos tempo para pensar. Voltamos aos anos 1985-86 (…) Redescobrimos a alegria de saborear o nosso trabalho”.

© Agence France-Presse

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