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Moda e Beleza

Brechó arrecada fundos para manter atendimentos gratuitos no DF

Com peças a partir de R$5, evento ajuda a financiar projetos voltados a pessoas com deficiência intelectual e múltipla atendidas pela instituição

Redação Jornal de Brasília

08/08/2025 14h23

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Brechó da Apae-DF. – Foto: Ana Paula Gomes

CARLIANE GOMES 
redacao@grupojbr.com

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do Distrito Federal (Apae-DF) promove, nesta sexta-feira (8), uma edição especial do brechó solidário, com roupas, calçados, brinquedos, bijuterias e itens para o lar a preços acessíveis. A iniciativa busca arrecadar recursos para os projetos desenvolvidos pela instituição em apoio a pessoas com deficiência intelectual e múltipla.

Com mais de 60 anos de atuação em Brasília, a Apae atende atualmente cerca de 500 pessoas, com foco em jovens a partir dos 14 anos. Além da assistência social, a instituição oferece cursos de capacitação e orientação para o mercado de trabalho. “Através da Apae nós já contribuímos para a inserção de mais de 200 alunos no mercado de trabalho. Nosso papel é preparar e incluir. Muitos dos nossos atendidos chegam aqui adolescentes e saem encaminhados para a vida profissional”, explica Marcelo Chaves, responsável pela iniciativa.

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Marcelo Chaves e Lourdes Lima. – Foto: Ana Paula Gomes

Apesar da parceria com o Governo do Distrito Federal (GDF), apenas 230 das 500 pessoas atendidas contam com apoio público. As demais 270 dependem exclusivamente de ações realizadas pela própria Apae, como o brechó. “Oferecemos alimentação completa, atendimento especializado, oficinas e orientação às famílias. Mas os custos são altos e o apoio financeiro é insuficiente. Sem a ajuda da comunidade, não conseguimos manter tudo isso funcionando”, afirma Marcelo.

Segundo ele, o brechó funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, na unidade central da Apae. No entanto, a edição especial desta sexta contará com entrada de peças novas, promoções durante o dia e expectativa de arrecadação maior. A ação também ajuda a atrair doadores e voluntários. “Além de comprar, a população pode colaborar doando roupas, brinquedos, móveis e outros itens em bom estado que possam ser revendidos.” Ele reforça ainda que, em casos de objetos maiores, a Apae realiza a coleta no local. Doações em dinheiro também são bem-vindas. “A maioria das pessoas que atendemos é de baixa renda. Ninguém paga nada para estar aqui. Nosso trabalho é gratuito, feito com muito esforço e com o apoio de voluntários e da comunidade”, ressalta Marcelo.

Lourdes Lima conheceu a Apae há muitos anos, quando buscava atendimento para a filha diagnosticada com síndrome de Down. Após o falecimento da menina, decidiu manter o vínculo com a instituição e, desde dezembro de 2024, atua como voluntária no brechó solidário. “É uma forma de ajudar, de estar presente neste local, de me sentir útil, ter contato com os jovens e ainda me sinto muito feliz”, afirmou. Para Lourdes, a instituição depende muito do apoio da comunidade para captação de recursos. “De modo geral, acredito que os jovens atendidos aqui são beneficiados, pois muitos vêm de famílias em situação de vulnerabilidade. A matrícula na Apae representa um grande apoio para essas famílias. Embora existam também aquelas com melhor condição financeira, a maioria precisa estar aqui não apenas para adquirir capacitação, mas também para conviver socialmente. São pessoas com deficiência que, frequentemente, são excluídas pela comunidade.”

Ela ainda ressalta a importância do ambiente acolhedor oferecido pela Apae. “Aqui, eles encontram um espaço onde se sentem à vontade e convivem com outras pessoas que compartilham as mesmas experiências. Percebo o quanto isso é essencial para eles. Se você perguntar a algum desses jovens se gostariam de sair daqui, provavelmente responderão que não, pois sentem-se pertencentes nesse lugar.” Lourdes enfatiza ainda as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência intelectual, que geralmente são mais prejudicadas. “Estar numa cadeira de rodas é uma coisa, mas não compreender algumas situações, falas ou sentimentos é outra realidade. O convívio com seus pares traz felicidade a eles. A Apae é fundamental para essa comunidade, não pode fechar, porque o serviço prestado aqui tem uma importância imensa.”

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Professor Lucas Kenedy e seus alunos na aula de vendas. – Foto: Ana Paula Gomes

O professor de vendas, Lucas Kenedy, é responsável por cerca de 10 alunos que participam diariamente de atividades que simulam a rotina do mercado de trabalho. “Os estudantes aprendem a lidar com dinheiro, realizar atendimentos, manter o ambiente limpo e organizado, além de cuidar da apresentação pessoal, como o uso correto do uniforme e do gorro.” De acordo ele, as turmas são divididas entre manhã e tarde, e cada aluno, portador de alguma deficiência intelectual e múltipla, é acompanhado conforme suas limitações e trabalha com a especificidade de cada um. “Para reforçar a disciplina, os participantes batem ponto e passam por uma avaliação diária que considera pontualidade, aparência e comportamento”, disse.

Apesar de reconhecer que o preconceito ainda é uma realidade, Lucas destaca que o objetivo é auxiliar na capacitação, desenvolvimento e independência dos participantes. “A gente vai ensinando e mostrando que eles são capazes de atuar no mercado de trabalho, como qualquer outra pessoa”, afirma.

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Alunos da Apae-DF, na sede da Asa Norte. – Foto: Ana Paula Gomes

Marinete Martins, 44 anos, é uma das principais clientes do brechó da Apae-DF e costuma adquirir roupas e utensílios para ajudar na causa social. “O bazar é fundamental, porque além de complementar a renda da instituição, ajuda as crianças e famílias carentes, que podem comprar aqui com preços muito acessíveis”, explica. A engenheira ambiental ainda ressalta que o brechó oferece uma variedade de itens, como roupas, móveis e material escolar, com preços que começam a partir de R$5,00. “Quando tem liquidação, as peças podem custar até R$1,00 ou R$2,00, calças saem por R$10,00, camisas por R$ $5,00, e calçados também são encontrados a partir de R$10,00.” Marinete reforçou que o bazar beneficia não só a instituição, mas também pessoas que vêm de outras cidades para comprar e revender. “É um lugar que ajuda muita gente e mantém viva a missão da Apae.”

Serviço
Brechó solidário da Apae-DF
Data:
Sexta-feira, 8 de agosto
Horário: Das 8h30 às 15h
Local: Sede da Apae-DF, SEPN 711/911, Conjunto E, Asa Norte, Brasília

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