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Estilo de Vida

Marcelo Chaves Entrevista é o novo podcast do JBr

Primeiros episódios destacam a CASACOR Brasília e trazem debates sobre acessibilidade, sustentabilidade e novas tendências na arquitetura

Tamires Rodrigues

03/10/2025 5h00

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Foto: Tamires Rodrigues/Jornal de Brasília

Brasília ganha um novo espaço de conversa, memória e imaginação. O Jornal de Brasília lança na próxima semana o podcast Marcelo Chaves Entrevista, projeto que nasce com a ambição de registrar a cidade por meio das vozes que a constroem diariamente. E não poderia haver palco mais simbólico para a estreia do que a CASACOR Brasília 2025, que chega à sua 33ª edição com o tema Semear Sonhos, consolidando-se como um dos eventos mais esperados do calendário cultural da capital.

No episódio inaugural, Eliane Martins e Moema Leão, sócias da mostra, falam sobre a missão de surpreender um público que já tem a CASACOR como parte de sua rotina afetiva. “As pessoas realmente esperam a Casa Cor. Os arquitetos também. Por isso temos que estar sempre antenadas, pesquisando e trazendo novidades. Cada ano é um desafio: o que vamos fazer diferente?”, diz Eliane.

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Eliane Martins e Moema Leão. Foto: Tamires Rodrigues/Jornal de Brasília

Moema, por sua vez, lembra que a vitalidade da mostra está no equilíbrio entre tradição e renovação: “É fundamental abrir espaço para os jovens profissionais. Eles trazem frescor, alegria e garantem a continuidade de um evento que precisa se reinventar a cada ano.” O compromisso com o futuro também se traduz em práticas que a dupla defende há quase duas décadas. “Desde 2007 pensamos em sustentabilidade. Hoje já conseguimos garantir 100% de acessibilidade e seguimos buscando o lixo zero. É um caminho longo, mas essencial”, reforça Eliane.

Para Marcelo Chaves, que conduz a conversa, a estreia do podcast é também um marco pessoal e institucional. “Com satisfação, estou iniciando esse projeto pelo Jornal de Brasília, que é o podcast Marcelo Chaves Entrevista, mostrando os destaques e os diferenciais da edição. Esse projeto é apenas o início do que vem pela frente, no novo estúdio do Jornal de Brasília, que está voltado para o conteúdo digital. Queremos mostrar o que Brasília tem de mais interessante e útil para a população”, afirma.

Entre o silêncio do azul e as raízes do amanhã

Se o primeiro episódio se ancora nas raízes da própria CASACOR, o segundo abre espaço para projetos que materializam o tema Semear Sonhos em experiências de vida. A professora Márcia Urbano, do curso de Arquitetura da UnB, apresenta o quarto infantil Mundo Azul, ambiente concebido para crianças no espectro autista. O projeto nasceu de uma vivência pessoal — Márcia é mãe de um jovem autista — e também de sua pesquisa acadêmica. “A arquitetura pode funcionar como capa protetora contra o excesso de estímulos. Por isso pensamos em silêncio, iluminação suave, recantos de descanso e elementos simples, como uma cadeira que não gira ou o carpete que ameniza o som. São soluções que famílias podem aplicar em casa”, explica.

O quarto é também uma homenagem ao filho da arquiteta, que ainda criança criou o personagem Thunder PP como forma de lidar com o bullying escolar. “Ele transformou dor em criação, e nós transformamos essa história em espaço de acolhimento. O Mundo Azul é isso: um ambiente que traduz calma e segurança para crianças que precisam de um refúgio.”

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Daniel Mendonça e Márcia Urbano. Foto: Tamires Rodrigues/Jornal de Brasília

O episódio também apresenta o projeto Raízes do Amanhã, assinado pelos arquitetos Daniel Mendonça e Glauter Suassuna. Mais do que um espaço expositivo, trata-se de um apartamento de 66 m² pensado para um casal octogenário real, que traz em si memórias, desafios e afetos de uma vida longa. A dupla reuniu médicos, gerontólogos e especialistas para compreender como adaptar o design às necessidades da terceira idade. “Descobrimos que a partir dos 60 anos os idosos perdem a percepção dos azuis e verdes, predominando amarelos e vermelhos. Por isso escolhemos cores que estimulam a visão e a memória cognitiva, de forma lúdica e afetiva”, explica Daniel.

O resultado rompe com a estética fria de clínicas e hospitais, muitas vezes associada ao envelhecer. “Não queríamos um espaço com cara de home care. O objetivo foi resgatar o aconchego, devolver o aspecto de lar, sem barras cromadas e corredores brancos. Criamos um lugar cheio de memórias: retratos, aparadores com recordações, lembranças de viagens. Porque a casa deve continuar contando histórias, mesmo quando a memória começa a se apagar”, completa o arquiteto.

O Marcelo Chaves Entrevista se apresenta como um território de escuta e troca, um espaço onde Brasília ganha voz e se reconhece em suas múltiplas camadas. Mais do que registrar histórias, o podcast se propõe a aproximar pessoas, ideias e trajetórias, valorizando o olhar humano por trás da cidade. Não se trata apenas de entrevistas, mas de encontros que revelam uma Brasília plural, criativa e profundamente viva.

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