A maior edição da história da Avaliação Nacional de Vinhos foi marcada pela diversidade e pela constante evolução do setor vitivinícola brasileiro. A 33ª Avaliação Nacional de Vinhos – Safra 2025, realizada neste mês, no Pavilhão E do Parque de Eventos de Bento Gonçalves (RS), evidenciou que a produção de vinhos no Brasil vem conquistando cada vez mais representatividade em diferentes regiões do país.
16 amostras mais representativas da safra são de vinícolas situadas fora do berço da vitivinicultura nacional, o Rio Grande do Sul. Destaques como os rótulos do Distrito Federal e de São Paulo refletem o amadurecimento da produção brasileira e a pluralidade que define o vinho nacional.

O evento foi realizado no último sábado e contou com 533 amostras de vinho no total. Deste número, 16 foram escolhidas como representativas da safra deste ano, sendo que delas, 15 apresentaram uma variedade de uva que evidenciou a amplitude de estilos, a versatilidade dos terroirs e o potencial enológico do Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Enologia (ABE), organizadora da iniciativa, Degustação de Seleção foi conduzida por 90 enólogos que avaliaram as amostras às cegas seguindo normas internacionais. As notas medianas obtidas variaram entre 90 e 95 pontos, demonstrando o alto nível de qualidade da Safra 2025.
Em média, 800 apreciadores acompanharam a apresentação das 16 amostras, degustadas simultaneamente. O público foi conduzido por um painel de profissionais de diferentes áreas do Brasil, África do Sul, Chile, Espanha, Itália, México, Portugal e Uruguai. Eles atuaram como comentaristas durante a degustação, reforçando a proposta da ABE de conectar o vinho brasileiro a públicos diversos.

Festa do vinho brasileiro
Para o presidente da ABE, enólogo Mário Lucas Ieggli, não há dúvida de que esta edição marcou um grande momento para a produção do vinho brasileiro. ‘Essa foi uma festa da safra em curso. E o grande espetáculo e a grande diversidade, foram os vinhos que a cada vez mais, se tornam mais plurais”, destacou. Mário apontou que entre os 16 vinhos degustados nesta edição, foi encontrada uma altíssima qualidade de todos os produtos e categorias. “Isso mostra um grande trabalho na enologia, na viticultura criativa e técnica brasileira”, disse.
Além disso, ele destacou o crescimento da eficácia e da qualidade alcançadas com os novos terroirs e as novas fronteiras do vinho brasileiro. “No sábado, tivemos três vinhos de fora do Rio Grande do Sul, berço da vitivinicultura nacional, o que confirma a expansão das fronteiras do vinho brasileiro. Cada terroir descoberto tem nos revelado, na taça, excelentes vinhos – e acredito que, em um futuro próximo, ainda teremos muitas surpresas pela frente”, completou.

Para além da degustação, o evento é um marco técnico e cultural do setor, e se consolidou como o maior e mais importante encontro do vinho brasileiro. Esse é o ponto de encontro entre produtores, enólogos, sommeliers, jornalistas e apreciadores de todas as regiões que se reúnem para brindar a representatividade de uma safra e compreender os caminhos da vitivinicultura nacional.
Destaques brasilienses
Na parte de vinhos tintos, com o Marselan, a Villa Triacca Hotel Vinícola & Spa (Brasília/DF) entrou para as 16 amostras representativas. Além dela, o DF também se classificou com o Cabernet Franc/Syrah/Marselan – Vinícola Ercoara.
Ronaldo Triacca, que esteve presente no evento representando a vinícola do DF, considera a Avaliação Nacional de Vinhos a maior avaliação de vinhos do mundo. “Em 2023, pela primeira vez um vinho de inverno entrou entre os premiados, que foi o Monumental da nossa Vinícola Brasília”, lembrou.
Agora, apenas dois anos depois, ele se orgulha em dizer que dois vinhos de Brasília entraram mais uma vez, entre os melhores do Brasil, avaliados entre 90 enólogos e especialistas. “Para um terroir de uma região extremamente nova no mundo do vinho, esse fato é simplesmente inusitado, espetacular, e que muda definitivamente o cenário da vitivinicultura brasileira.”

[Terroir é um termo francês que se refere ao conjunto de características de um lugar que influenciam um produto agrícola, como o vinho, café e queijo].
Ronaldo afirmou que Brasília entrou definitivamente entre os melhores terroirs brasileiros e tem tudo pra ser um dos melhores do mundo. “Falo sempre que chutamos uma pedra e saltou um diamante a ser lapidado”, comentou. Além disso, ele reforça que, com mais essa premiação somada a todas entre as vinícolas do DF, já são mais de 60 em tão pouco tempo.
“Brasília se consolida como mais um destino de enoturismo de qualidade, por isso a grande importância dessa avaliação para a capital federal”, pontuou. Ronaldo afirmou ainda que isso gera mais renda na região, pois para ele, o enoturismo tem um papel social e sustentável muito importante. “Estamos muito felizes com mais essa premiação de grande relevância”, completou.

O enólogo André Gasperin, da Vinícola Nova Vinhos e Espumantes (Flores da Cunha/RS), que figurou entre as 16 amostras ganhadoras com o Cabernet Sauvignon, destacou a importância da conquista para a equipe. “Foi motivo de muito orgulho para todos, e toda a equipe ficou muito contente com o resultado”, afirmou.