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Gastronomia

Um Brinde à excelência

Concurso de espumantes destaca a qualidade e a diversidade dos produtores brasileiros

Amanda Karolyne

29/09/2025 9h42

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Foto: Divulgação/Jeferson Soldi

A 14ª edição do Concurso do Espumante Brasileiro chegou ao final com medalhas para 160 amostras (30,7% do total) das 520 que estavam participando. Dentre os prêmios, 145 amostras foram premiadas com a medalha de Ouro e outras 15, de Grande Ouro.

Segundo a Associação Brasileira de Enologia (ABE), responsável pelo evento encerrado na sexta-feira, esses resultados demonstram um recorde absoluto frente às 13 de 2023. Para essas medalhas, é preciso uma distinção que exige nota acima de 94 pontos; já as medalhas de Ouro são atribuídas a espumantes que alcançaram entre 90 e 93 pontos.

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Foto: Divulgação/Jeferson Soldi

No concurso deste ano, também foi revelada uma mudança no perfil dos espumantes inscritos. De acordo com a entidade organizadora do evento, em 2025 ocorreu uma presença maior de brut elaborado pelo método tradicional, sobretudo de pequenos produtores que buscam agregar valor aos seus rótulos.

O método tradicional de fazer espumante consiste em duas fermentações distintas. Na primeira, o suco da uva fermenta em tanques de inox, transformando-se em um vinho tranquilo, sem borbulhas. Depois, esse vinho passa por uma segunda fermentação dentro da própria garrafa, onde o gás carbônico fica preso, formando as borbulhas características do espumante.

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Foto: Divulgação/Jeferson Soldi

Ainda segundo a ABE, cerca de 20% das amostras avaliadas alcançaram pontuação para medalha, mas ficaram fora dos 30% mais bem pontuados, conforme as normas internacionais da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV).

A partir das regras internacionais da OIV, 388 espumantes que alcançaram pontuação digna de medalha ficaram fora dos 30%, sendo 120 para Ouro e 168 para Prata. Esse resultado destaca o impressionante universo de espumantes brasileiros, com uma qualidade cada vez mais alta, elevando, assim, o nível da disputa. Das 520 amostras inscritas, 407 (78%) são de espumantes de segunda fermentação (métodos Charmat e tradicional) e 113 (22%) de única fermentação (tipo moscatel). Dos 160 premiados, 124 são brut e 36, moscatéis, confirmando a tendência de valorização dos estilos mais secos.

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Foto: Divulgação/Jeferson Soldi

Para o presidente da ABE, o enólogo Mário Lucas Ieggli, com 520 amostras o concurso bateu recorde em número de amostras e de vinícolas – 102. E, nesta edição, foi observado que as amostras eram de espumantes de todas as categorias, como o Brut, Extra Brut, moscatéis de diversos perfis, mais envelhecidos, menos envelhecidos e produtos mais joviais.

“Vimos que, cada vez mais, as vinícolas estão buscando se aproximar do consumidor. A gente também viu bastante perfis com frescor, produtos com uma ‘drinkabilidade’ mais fácil, digamos assim.”

Para ele, com o desfecho do concurso, foi visto que muitas vinícolas já têm espumantes consolidados. Ieggli acredita que muitos desses espumantes devem chegar ao mercado final com um excelente custo-benefício e medalhados.

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Foto: Divulgação/Jeferson Soldi

Vitrine

O presidente da ABE destaca que o Concurso do Espumante Brasileiro é mais do que uma premiação. “É uma vitrine para mostrar ao Brasil e ao mundo o nível de qualidade que as vinícolas brasileiras alcançaram, fruto de muito trabalho, pesquisa e dedicação”.

A cada edição, ele percebe não apenas o crescimento no número de amostras, mas também a evolução técnica e a ousadia das empresas em apresentar espumantes cada vez mais distintos e representativos de seus terroirs, ou seja, os vários fatores responsáveis pela interferência na elaboração do vinho.

Comemorando vitórias

A vinícola Valmarino, de Pinto Bandeira (Rio Grande do Sul), ganhou três medalhas de Grande Ouro. O engenheiro agrônomo e enólogo Marco Salton é o técnico de produção da marca, que destacou ainda que a vinícola também foi premiada com mais duas medalhas de Ouro. Os prêmios foram conquistados com as amostras do Blanc de Blanc Brut D.O. Altos de Pinto Bandeira 2021, método tradicional, e o Espumante Extra Brut 2023.

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Foto: Divulgação/Jeferson Soldi

“Nós fomos a única vinícola que ganhou três Grande Ouro. É sempre bom ter essa validação de uma qualidade que a gente vem trabalhando há um tempo. A gente sempre buscou qualidade nos nossos vinhos espumantes”, frisou. A Valmarino completou 28 anos no dia 15 de setembro e essas medalhas aumentaram os motivos de celebração.

Para Salton, é muito gratificante poder participar do concurso. “Estou muito contente de poder ser reconhecido num setor muito competitivo como esse.” Ele considera que o espumante é uma bebida brasileira por excelência e participar dessa premiação é motivo de muita honra e orgulho. “Fazer parte de um todo, de uma cadeia produtiva como essa, ressaltando que os dois produtos que ganharam com Grande Ouro são da denominação de origem de Altos de Pinto Bandeira.”

Apesar de ser uma vinícola de pequeno a médio porte, com produção anual de espumantes que varia entre 70 e 80 mil garrafas, a Valmarino já tem distribuição em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre, além de presença em diversos sites especializados. Segundo Marco, os espumantes representam cerca de 30% da produção da vinícola, mas esse percentual tende a crescer. “A gente está muito contente e agora só espera cada vez mais o reconhecimento do consumidor, porque qualidade a gente tem”.

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Foto: Divulgação/Jeferson Soldi

A vinícola Vinhos Cristofoli, de Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul), finalizou a competição com uma medalha de Ouro pela amostra do Dodici Espumante Brut Rosé. Segundo Lorenzo Cristofoli, enólogo representante da marca, essa premiação é um reconhecimento pelo trabalho produzido.

“É um balizador para quem produz, saber se está no caminho certo e se pôr à prova num concurso desses. Mas é uma felicidade ganhar”, afirmou. Lorenzo descreveu que esse espumante é feito pelo método tradicional.

Ele acredita que o ambiente do concurso de espumantes permite a troca de conhecimento entre os envolvidos. “Claro, estamos num ambiente de degustação e de troca. Por mais que o pessoal ache que o enólogo faz isso o dia inteiro, não é verdade”, brincou. Para ele, esse evento é uma oportunidade muito grande, mesmo com divergências nas avaliações. “Mas o assunto vai para além da taça de vinho”, destacou.

Lorenzo contou que o espumante foi o último produto a ser desenvolvido pela vinícola, e que a virada aconteceu após um estágio em Portugal, em 2018, onde trabalhou com vinícolas tradicionais especializadas na bebida. “Devo muito a essa experiência lá fora, mas também à liberdade que minha família deu para inovar”, disse.

Hoje, os espumantes da Cristofoli estão presentes em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, além de restaurantes e hotéis de alto padrão. “A gente já chegou em lugares grandes, e tem muito mais pela frente”.

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