Durante anos, os fones sem fio pareciam ter vencido a disputa pela preferência dos consumidores. A praticidade de um acessório sem cabos, aliado ao prestígio de marcas como a Apple, fez com que o modelo se tornasse quase indispensável. Mas, em um movimento que mistura nostalgia e desejo por diferenciação, os fones com fio estão retornando ao cotidiano — especialmente entre os mais jovens.
O fio, que antes era associado ao incômodo ou ao “antigo”, agora simboliza um estilo despretensioso. Parte da Geração Z encontrou nesse acessório uma forma de se distanciar do padrão tecnológico dominante, resgatando o que parecia ultrapassado e transformando em linguagem estética. Não é apenas sobre ouvir música: é também sobre comunicar identidade.
Outro fator que ajuda a explicar esse retorno é a praticidade. Mais baratos, impossíveis de perder e livres da necessidade de recarga, os fones com fio oferecem soluções simples em meio a um cotidiano cada vez mais dominado por telas, cabos extras e baterias portáteis. Esse contraste entre o hi-tech e o básico se conecta ao desejo de desacelerar, de valorizar o simples.
Ao mesmo tempo, há um componente cultural forte: celebridades como Bella Hadid, Dua Lipa e Zoe Kravitz foram vistas adotando o acessório, reforçando a ideia de que o “antiquado” pode ser cool. O movimento é semelhante ao retorno de câmeras analógicas, discos de vinil e até da moda dos anos 2000: itens que antes eram substituídos pela modernidade acabam voltando como símbolos de estilo e autenticidade.
Mais do que uma escolha prática, usar fones com fio tornou-se uma declaração. É a prova de que o comportamento jovem não segue apenas a lógica da inovação tecnológica, mas também a da ressignificação — transformar o velho em novo, o simples em tendência.