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Beleza e Bem Estar

5 dicas para construir uma boa relação das crianças com a comida

PhD em Nutrição Sophie Deram ensina a incentivar os pequenos a se alimentarem bem desde sempre, tornando a criança confiante e confortável com o ato de comer

Redação Jornal de Brasília

19/04/2021 16h32

5 dicas para construir uma boa relação das crianças com a comida

Foto: Freepik

A forma de se alimentar quando criança – tanto em variedade, qualidade e quantidade- é decisiva para o comportamento à mesa na vida adulta. Pesquisas comprovam que o paladar se forma na infância, por isso, ter uma relação saudável com os alimentos durante essa fase da vida é fundamental.

“As primeiras interações com a comida trazem consequências lá na frente, por isso, se a criança aprender desde cedo a se relacionar de forma positiva com aquilo que come, terá uma relação tranquila com o ato de comer durante toda a vida”, avalia a PHD em Nutrição Sophie Deram, autora do best-seller “O Peso das Dietas”.

Educar o paladar da criança é uma das principais formas de prevenção da obesidade infantil e adulta. Segundo dados do Ministério da Saúde, 12,9% das crianças brasileiras de 5 a 9 anos convivem com obesidade. O mesmo estudo aponta que crianças acima do peso têm 75% mais chance de serem adolescentes obesos, e que, entre os adolescentes obesos, há 89% de chance que se tornem adultos obesos.

“Muitos pais me procuram para obter dicas para fazerem os filhos comerem bem, geralmente por se depararem com dificuldades como a recusa ou seletividade alimentar. Minha primeira dica é que os pais procurem fazer eles mesmo as pazes com a comida e dispor de tempo para se dedicar à alimentação dos filhos, principalmente na fase da introdução alimentar – que em geral se inicia em torno dos 6 meses e vai até cerca de 12 meses. Se não for possível que os próprios pais promovam a educação alimentar do bebê, é preciso que estejam alinhados com todos os cuidadores da criança – avós, professores, babás- sobre as melhores táticas nesse sentido”, diz.

Abaixo, a especialista selecionou 5 dicas para educar os pequenos à mesa:

Invista na variedade

Ofereça alimentos frescos e caseiros, com a maior variedade possível e buscando torná-los atrativos no prato. “Crianças podem ser incentivadas, desde cedo, a experimentar de tudo de maneira saudável, sempre incluindo diariamente itens dos diferentes grupos alimentares- vegetais, legumes, frutas, grãos”, ensina Sophie.

O ideal, segundo a nutricionista, é montar um cardápio semanal contemplando diferentes tipos de grãos, proteínas, legumes, verduras. “Se hoje a criança comeu frango, cenoura, brócolis e arroz integral, por exemplo, amanhã o cuidador oferece peixe, grão de bico e outros tipos de legumes. É muito importante variar bastante e montar pratos saborosos, coloridos e atrativos visualmente, pois é assim que se cria um paladar rico e diversificado”, diz a especialista.

Estimule os 5 sentidos

Outra dica importante, segundo a PHD em Nutrição, é deixar o bebê explorar os alimentos livremente. “Os vegetais e carnes devem ser cortados em pedaços, em cortes seguros para não haver engasgo, e ofertados para que a criança os segure com as mãos, possa sentir o cheiro, o gosto e a textura”, sugere Sophie.

Muitas vezes os pais se preocupam demais com a sujeira e a bagunça na cozinha, mas essa fase de exploração é muito importante. “Dê essa oportunidade ao seu bebê, isso será decisivo para a boa alimentação dele no futuro”, ensina ela.

Evite as distrações à mesa

Um erro comum entre pais e cuidadores é recorrer à distrações na tentativa de fazer a criança aceitar o alimento com mais facilidade. Segundo a nutricionista, essa é uma grande armadilha, porque o bebê passa a associar aquela distração – seja TV, tablet, música alta etc) à hora de comer, e depois será difícil fazer essa dissociação.

“Não apele para esse tipo de artifício, e não se desespere se seu bebê não comer tudo o que for oferecido, ou mesmo se alguns dias demonstrar desinteresse pelo alimento. Isso é natural e faz parte do processo, preocupe-se mais com a variedade e a qualidade do que é oferecido do que com a quantidade que a criança come”.

Crie um ambiente tranquilo e agradável

O local em que a criança come e como ela está se sentindo na hora da refeição é outro fator crucial. “O ambiente e o contexto em que as refeições são oferecidas deve ser observado. É importante que a criança se sinta confortável, então, verifique se a comida é oferecida em um local adequado, e se não tem algum fator que cause irritação. Há crianças que não gostam de cadeirão, por exemplo, nesse caso, pode ser mais interessante oferecer as refeições em uma mesinha infantil”, ensina.

Outro ponto a se atentar é o quão barulhento ou agitado está o ambiente, “Se há muito estímulo (TV ligada, mesmo que ao fundo, muitas pessoas passando ou falando), a criança pode se distrair e deixar o alimento de lado”, afirma.

Não insista demais e tenha paciência

Pressionar a criança a comer, ficar nervoso diante de uma recusa ou insistir demais são erros que só atrapalham o processo, tornando a hora da refeição estressante e podendo até mesmo criar traumas.

“É preciso usar e abusar da paciência, ter criatividade e bom humor, usando palavras de incentivo. Manter contato visual e conversar com a criança também ajuda bastante. Dessa forma, fica mais fácil entender quando a criança está satisfeita e quando ainda parece interessada pelo alimento”, pondera.

Promover a educação alimentar de uma criança não é tarefa fácil, diz Sophie. “É um trabalho que exige dedicação, mas muito recompensador. Pense que, no futuro, estará poupando seu filho de vários problemas em relação à alimentação, e fazendo com que seja um adulto feliz. Criar um filho em paz com a comida é o melhor presente que uma mãe ou pai pode oferecer”, finaliza.

Sobre Sophie Deram

Sophie Deram é autora do best-seller “O peso das dietas” e doutora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Crédito: Divulgação

Autora do livro “O Peso das Dietas”, é engenheira agrônoma de AgroParisTech (Paris), nutricionista franco-brasileira e doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) no departamento de Endocrinologia. Além de especialista em tratamento de Transtornos Alimentares pelo AMBULIM – Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP, é coordenadora do projeto de genética e do banco de DNA dos pacientes com transtorno alimentar no AMBULIM no laboratório de Neurociências.

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