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6 “final girls” que redefinem o terror contemporâneo

De “Midsommar” a “Noites Brutais”, as novas sobreviventes do horror são complexas, vingativas e nada inocentes

Alexya Lemos

24/10/2025 5h00

noites brutais

Cena do filme “Noites Brutais”. – Foto: Divulgação

As final girls, aquelas personagens que sobrevivem ao massacre e enfrentam o vilão no desfecho, evoluíram. O termo foi cunhado pela pesquisadora Carol J. Clover, no livro Men, Women, and Chain Saws: Gender in the Modern Horror Film (1992), para descrever figuras como Laurie Strode (Halloween, 1978), Nancy Thompson (A Hora do Pesadelo, 1984) e Sidney Prescott (Pânico, 1996).

Essas personagens marcaram o gênero por representar a mulher que, mesmo traumatizada, confronta o mal de frente. Com o passar das décadas, o arquétipo se transformou: deixou de ser a jovem moralmente pura e indefesa para dar lugar a protagonistas mais complexas, irônicas e, muitas vezes, violentas, que enfrentam tanto monstros literais quanto simbólicos. Algumas, mesmo que recentes, já se tornaram clássicas, como Jenna Ortega em Pânico 5 e 6 e Mia Goth no primeiro e terceiro filmes da Trilogia X.

Confira abaixo seis filmes que redefinem o papel da final girl no terror contemporâneo:

Noites Brutais

Originalmente intitulado Barbarian, o filme acompanha Tess, uma jovem que vai a Detroit para uma entrevista de emprego e aluga uma casa pelo Airbnb. Ao chegar na noite anterior, ela descobre que a casa já está ocupada por um homem estranho chamado Keith. O que parecia um simples engano se transforma em um pesadelo, com segredos sombrios e intenções perigosas vindo à tona.

O filme se destaca pelo clima crescente de tensão e pelas reviravoltas inesperadas, transformando uma situação desconfortável em um terror cheio de mistério e suspense. Além do ambiente claustrofóbico, a trama aborda temas como a vulnerabilidade feminina e as dinâmicas de poder no cotidiano. Tess, interpretada por Georgina Campbell, é a final girl que enfrenta o perigo, mesmo quando tudo indica que o melhor seria fugir.

Onde assistir: HBO Max e Prime Video

Talk to Me

Esse terror sobrenatural australiano começa quase como uma brincadeira de adolescência: um grupo de jovens descobre que pode se comunicar com espíritos usando uma misteriosa mão embalsamada. A narrativa se destaca misturando o terror do contato com o inexplicável com a protagonista Mia (interpretada por Sophie Wilde) que lida com o luto pela morte da mãe.

Mia se consolida como uma final girl longe das tradicionais: ela não é a heroína pura ou a sobrevivente moralmente intacta, mas uma jovem fragmentada, movida pela culpa e pela necessidade de redenção. Sua luta é interna e externa, entre o instinto de sobrevivência e a entrega total à dor. Essa dualidade faz dela uma das protagonistas mais complexas do terror recente.

Onde assistir: HBO Max e YouTube

Midsommar

Dani (Florence Pugh), uma jovem que sofre uma perda devastadora na família e, em busca de apoio, aceita acompanhar o namorado e um grupo de amigos para um festival de verão em uma comunidade remota na Suécia. O que começa como uma experiência cultural aparentemente pacífica logo se transforma em uma série de rituais pagãos inquietantes e brutais diante do horror crescente.

O filme se destaca por sua ambientação luminosa e perturbadora — diferente do horror tradicional que se passa no escuro, aqui o terror é à luz do dia, em meio a cerimônias cheias de simbolismos. Dani evolui de uma jovem emocionalmente frágil para uma figura central poderosa ao final da trama. Ela representa uma mudança importante no arquétipo da final girl: ela não só sobrevive, mas também assume uma narrativa que desafia o espectador a sentir empatia e desconforto ao mesmo tempo.

Onde assistir: Amazon Prime e Apple TV

Casamento sangrento

O longa começa com Grace (interpretada por Samara Weaving) casando-se com Alex e, na lua-de-mel, é obrigada pela família dele a participar de um jogo letal: o Hide-and-Seek. Mal sabia ela que o jogo exige que ela fuja dos parentes do marido armados até o amanhecer ou morre.

No início, ela é apenas uma noiva empolgada, ansiosa por se enturmar com a família rica e excêntrica do marido. Mas, quando o jogo de esconde-esconde se transforma em uma caçada sangrenta, Grace revela uma força inesperada, física e emocional. Weaving entrega uma performance magnética, misturando desespero genuíno com um humor ácido que se encaixa perfeitamente no tom satírico do roteiro.

Onde assistir: Disney+

Alien: Romulus

Dirigido por Fede Álvarez, é mais uma adição à franquia Alien, ambientada entre os eventos de Alien (1979) e Aliens (1986). O filme segue um grupo de jovens colonizadores espaciais que, ao explorarem uma estação espacial abandonada, se deparam com uma ameaça xenomorfa. Entre eles está Rain Carradine, interpretada por Cailee Spaeny, uma mineradora órfã que se vê forçada a liderar a sobrevivência do grupo diante do terror iminente.

A jornada de Rain é marcada por desafios emocionais e físicos, enfrentando não apenas os horrores dos xenomorfos, mas também as complexidades de sua própria identidade e passado. A atuação de Spaeny foi amplamente elogiada, com críticos destacando sua habilidade em transmitir vulnerabilidade e força simultaneamente, tornando Rain uma protagonista cativante e multifacetada.

Onde assistir: Disney+

Last Night in Soho

Este filme dirigido por Edgar Wright conta a história de Eloise Turner (interpretada por Thomasin McKenzie), uma jovem aspirante a estilista que sai do interior britânico para estudar em Londres e logo se vê atormentada por sonhos e visões que a transportam para os anos 60, onde ela encontra Sandie (Anya Taylor‑Joy), uma cantora sedutora e cheia de promessas.

Dois elementos se destacam na trama: primeiro, o visual e o clima — a Londres dos anos 60 recriada com estilo, a música, os figurinos que contam tanto quanto o enredo. Segundo, Eloise funciona como uma espécie de “final girl” moderna — ela é vulnerável, deslocada, mas aos poucos é empurrada para um pesadelo psicológico onde precisa enfrentar seus demônios. O filme mistura nostalgia, horror psicológico e crítica ao glamour ilusório.

Onde assistir: Amazon Prime e YouTube

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