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Transmissão do Oscar pelo Globoplay deixou o espectador atordoado

Este ano, a emissora mudou de estratégia. Deixou intacta sua grade de domingo, com o Fantástico seguido pelo BBB. E levou o Oscar para a plataforma Globoplay, com o sinal aberto para não assinantes

FolhaPress

28/03/2022 15h36

Foto|Reprodução

Antigo trunfo da Globo, a transmissão ao vivo da entrega do Oscar tornou-se um abacaxi nos últimos anos. E não só por causa da queda do interesse do público, algo que aconteceu no mundo inteiro.

Durante décadas, a cerimônia acontecia numa segunda-feira. Mas, a pedido da prefeitura de Los Angeles, em 1999 a Academia transferiu a festa para o domingo, para não atrapalhar ainda mais o já complicado trânsito da cidade.

Acontece que o domingo virou um dia quentíssimo para a Globo. Além do Fantástico, um dos carros-chefe de sua programação, a emissora exibe neste dia, nos primeiros meses do ano, a formação do paredão do BBB. O resultado é que a transmissão do Oscar passou a entrar no ar cada vez mais tarde, quando diversas categorias já haviam sido agraciadas. Os cinéfilos mais ricos migraram para a TV a cabo. Aos sem recursos, só restou reclamar.

Este ano, a emissora mudou de estratégia. Deixou intacta sua grade de domingo, com o Fantástico seguido pelo BBB. E levou o Oscar para a plataforma Globoplay, com o sinal aberto para não assinantes.

Os cinéfilos de raiz (e bilíngues) continuaram na TV paga. Afinal, o canal TNT oferece a cerimônia com o áudio original em inglês. Quem optou pelo Globoplay teve que aguentar a apresentadora Maria Beltrão e os atores Dira Paes, Fábio Porchat e Marcelo Adnet falando sem parar e cometendo algumas gafes.

Não foi um desastre épico como o protagonizado por Gloria Pires na cerimônia de 2016. Convidada a dar seus pitacos, a atriz repetia a toda hora que não se sentia capaz de opinar, pois não tinha visto quase nenhum dos filmes indicados. Sua bisonha participação lhe rendeu muitas críticas e uma enxurrada de memes.

Neste ano, fizeram falta o jornalista Artur Xexéo, morto em 2021, e o ator José Wilker, morto em 2014. Ambos eram comentaristas habituais da transmissão, e profundos conhecedores da sétima arte. Dia Paes, que vem sendo convidada todo ano, também entende do assunto, mas não tem a mesma verve.

Verve é o que não falta a Porchat e Adnet, dois dos maiores humoristas da atualidade. Mas eles poderiam ter se esforçado um tiquinho mais. Adnet, por exemplo, trouxe uma informação interessante: a atleta Lucy Harris, retratada no documentário “The Queen of Basketball”, morreu em janeiro passado, aos 66 anos. “Isto talvez faça do filme o favorito em sua categoria.”

Só que ele não sabia que, àquela altura, o Oscar de melhor documentário já havia sido entregue -esta foi uma das oito categorias que a Academia decidiu não transmitir ao vivo. E, sim, “The Queen of Basketball” saiu-se vencedor.

O mais quente momento da noite, o já histórico tapa de Will Smith em Chris Rock, rendeu um rápido debate entre Fábio Porchat e Eduardo Camargo, que forma com Filipe Oliveira o Diva Depressão -a dupla de humor fazia esporádicas entradas em vídeo.

“Eu acho que [os criadores pretos de conteúdo] sabem como a questão do cabelo para as pessoas pretas é uma coisa que vai além de nós, pessoas brancas”, disse Edu. “Então fica uma situação difícil até mesmo da gente comentar.”

“Mas o Chris Rock é preto, a mulher do Will Smith é preta, o Will Smith é preto”, interrompeu Porchat. “A questão ali foi de uma piada com uma doença superindelicada, e realmente é, mas a gente não pode normalizar. A piada foi ruim, a pessoa levantou e deu um tapa na cara.”

A discussão é interessante e poderia ter ido mais longe, não fosse a cerimônia ainda estar em andamento.

Quem realmente não parou um minuto de falar foi Maria Beltrão. A apresentadora, famosa pelo tom descontraído que dá ao programa Estúdio I da GloboNews, parecia acometida da síndrome de Rubens Ewald Jr. O falecido crítico de cinema também não conseguia ficar quieto durante o Oscar, como se o silêncio o incomodasse.

No frigir dos ovos, o Globoplay não fez um mau papel. Mas os futuros comentaristas precisam lembrar de uma coisa: quem assiste ao Oscar está mais interessado na premiação do que neles. A cerimônia em si – e seus eventuais percalços –é a verdadeira estrela da noite.

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