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Terror premiado de diretor brasiliense estreia no Brasil

O longa-metragem de terror “Skull: A Máscara de Anhangá” dirigido por Armando Fonseca, já possui vários prêmios na prateleira antes mesmo da sua estreia na televisão

Redação Jornal de Brasília

28/10/2021 18h41

Por: Gabriel de Sousa

Neste sábado (30), véspera do Dia das Bruxas, mais conhecido internacionalmente como “Halloween”, data comemorativa onde o ocultismo e a cultura do terror é celebrada, irá estrear o filme “Skull: A Máscara de Anhangá”, dirigido pelo diretor brasiliense Armando Fonseca. O lançamento acontecerá às 1h10 da madrugada no “Cineterror” no Canal Brasil. O filme já pode ser acessado na internet, já que nesta quinta-feira (28), o projeto foi disponibilizado nas plataformas digitais, e já pode ser visto pelo público que gosta de filmes do gênero do splatter, um gênero do cinema que se concentra em representações de sangue e violência.

O filme se inicia na metrópole da Grande São Paulo, e conta a história da policial Beatriz Obdias, que junto com Manco Ramirez, proprietário de um artefato místico descoberto na Amazônia chamado de “A Máscara de Anhangá”, são inseridos em um cenário de horror e carnificina. O objeto de Ramirez, ao chegar na cidade, começa a realizar uma série de assassinatos em massa, para que a entidade milenar “Anhangá” – denominação de “diabo” em tupi – possa ressurgir do objeto.

A obra, que tem como atores principais Natallia Rodrigues, Ricardo Gelli, Ivo Müller e Wilton Andrade, ganhou diversos prêmios antes mesmo do público brasileiro ter a oportunidade de assistir. Entre as premiações, estão o de Melhor Atriz e Melhor Direção de Arte no Festival de Cinema de Caruaru, em Pernambuco, e de Melhor Direção e Melhores Efeitos Especiais no Festival Rio Fantastik, realizado no Rio de Janeiro. “Skull: A Máscara de Anhangá” também foi indicado para Melhores Efeitos Gore pelo grande festival Fright Fest, organizado no Reino Unido.

O longa-metragem é o segundo dirigido pelo diretor brasiliense Armando Fonseca. Nascido e criado na Asa Sul, Armando passava grande parte da sua rotina convivendo com o mundo do audiovisual. Na sua infância e adolescência, em um período do dia ele estudava, enquanto de tarde ele ia para o CineBrasília, que ficava perto da sua casa, para poder cultivar o seu amor pelos filmes. “Quando eu ia para a escola, eu apresentava todos os meus trabalhos por vídeo, e acontecia que os professores chamavam os outros alunos de outras turmas para assistir”, relembra.

Formado em Publicidade e Propaganda pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB), ele chegou a cursar cinema na mesma instituição, mas não chegou a concluir o curso. Decidiu ir para São Paulo, onde começou a fazer videoclipes, curtas e projetos como “Skull: A Máscara de Anhangá”, produzido em 2019, mas lançado no Brasil apenas neste ano de 2021.

Na intenção de fugir dos parâmetros europeus e norte-americanos de produção de filmes de terror, Armado decidiu apostar em referências à cultura da América Latina. O próprio nome da máscara que gera o horror do filme, vem da cultura indígena brasileira, além de outras alusões à história dos povos pré-colombianos, como os povos andinos: “O que eu senti é que a gente saiu um pouco dessa parada de espíritos, que é mais relacionado ao cristianismo, e aproveitou essa cultura. Até porque a gente está no Brasil, pr que que a gente vai fazer uma coisa eurocêntrica?”

De acordo com Armando, a denominação do “Anhangá” é uma crítica aos padres coloniais que viviam no Brasil e que demonizavam a cultura dos povos nativos. “Não é um demônio indígena, de forma alguma, é uma interpretação que os jesuítas faziam para espantar. Sendo que não é, é um protetor das florestas. A nossa interpretação sobre essa lenda é como se fosse uma vingança contra os opressores e colonizadores brancos”, afirma o diretor.

Para Fonseca, a inserção de críticas ao mundo cotidiano é uma aposta positiva feito pelas produções audiovisuais, segundo ele, a partir da problematização de problemas existentes na sociedade, o público se sente mais atraído pela obra, e começa a identificar cada detalhe inserido no longa, aproximando-o do cenário fictício: “Ele começa a ver que aquele mundo do filme, poderia ser esse mundo que ele está aqui hoje.”

Créditos: Skull / Reprodução

Recepção pelo público:

A estréia de “Skull: A Máscara de Anhangá” foi realizada inicialmente em um evento virtual organizado por um festival de filmes dos Estados Unidos. Por ter sido feito de forma remota, o projeto pode ser acessado por diversos cinéfilos do país. “Quando o filme estreou, teve mais de 200 reviews em inglês. Mesmo com o filme sendo em português os ‘gringos’ estavam adorando”, relembra o diretor.

O jornal britânico The Guardian classificou o longa como uma “masterclass em carnificina”, já o poderoso veículo de notícias estadunidense Wall Street Journal o citou como “um filme ‘splatter’ sem limites”, enquanto o blog de tecnologia Gizmodo disse que o longa é “um prazer para os fãs”.

Lançado em 10 países, somente agora que o projeto do brasiliense, nascido e criado na Asa Sul, está chegando para o público nacional. A primeira vez que o filme foi reproduzido em um festival brasileiro foi em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Segundo Armando, houveram tantas visualizações feitas pelo público, que a obra teve que se despedir mais cedo do evento, por ter estourado o limite de acessos por projeto tendo mais de 30 mil visualizações.

Créditos: Skull / Reprodução

O longa-metragem é independente, e foi feito com um baixo financiamento com o dinheiro privado de um projeto existente desde 2013. Segundo o premiado diretor, a dica para novos aventureiros no audiovisual é a persistência e o constante aprendizado. “Vá lá e faça. O primeiro filme vai ser ruim, o segundo vai ser mais ou menos, o terceiro vai estar quase lá, e no quarto, você já vai ter coragem de mostrar para a sua mãe”, observa Armando.

Para Armando Fonseca, a capital do país é um núcleo de talentosos produtores, diretores e atores de produções audiovisuais, onde para ele, uma “semente” é inserida desde o nascimento dos amantes do cinema: “Quem vem de Brasília já tem uma veia de cultura que pode ser explorada, só tem que dar um pouco de chance.”

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