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Teatro e Dança

“Os Exóticos”: espetáculo teatral aborda a comédia que há no cotidiano

Por meio de esquetes com diversas temáticas, peça busca mostrar a comicidade que existe no dia a dia e convida o público a refletir sobre certos aspectos da sociedade

Ingrid Costa

01/12/2023 5h00

Atualizada 30/11/2023 13h08

Os Exóticos

Elenco de ‘Os Exóticos’. Foto: Irina Buss e Rui Miranda

Nesta sexta-feira (1), a Casa dos Quatro (708 Norte) recebe a estreia do espetáculo “Os Exóticos”. Dirigida por Morillo Carvalho, a peça busca transformar diversas situações do cotidiano em humor e gerar reflexões no público, seja por meio do texto teatral ou até mesmo por memes que ficaram populares na internet.

A produção também é uma homenagem ao legado de Alexandre Ribondi, figura importante para a cena cultural de Brasília. Um dos fundadores da Casa dos Quatro, Ribondi era atuante na militância da causa LGBTQIAPN+ e tinha a arte como ferramenta para criticar e gerar debates através da comédia. Um de seus projetos foi a Oficina de Atores, realizada em 2017, que teve como resultado a primeira montagem de “Os Exóticos”.

Ana Elisa Santana, que está no elenco da peça, e Geise Prazeres, assistente de direção e uma das alunas de Ribondi, conversaram com o Jornal de Brasília sobre “Os Exóticos”. Confira o bate-papo e saiba mais sobre o que esperar da produção, como foi o processo de criação e de que forma o teatro age como ferramenta de intervenções sociais.

Como foi o processo de produção para “Os Exóticos”?
Esse espetáculo nasceu a partir do aprendizado oferecido na Casa dos Quatro. Os alunos de Alexandre Ribondi se tornaram professores e diretores e agora dão continuidade ao legado dele. Começamos o processo em agosto, fazendo uma introdução à linguagem teatral com jogos, exercícios de voz e expressão corporal. Em setembro, demos início à montagem, feita originalmente em 2017 com textos do próprio Ribondi, e agora estamos retomando também como uma forma de homenagem a ele.

O que o público pode esperar do espetáculo?
É uma peça que mostra que dá para a gente rir de tudo da nossa vida. Tem situações do cotidiano, como visita ao médico ou ida a um bar, retratadas de uma forma cômica. Apesar de serem 15 esquetes diferentes umas das outras, são cenas “costuradas” sob uma narrativa e uma lógica geradas para provocar a reflexão do público. O Ribondi trazia isso nas oficinas dele. Ele dava liberdade para nós, atores criativos, propormos e aprendermos a ter um pensamento crítico.

Pelo fato de Ribondi ter sido um ativista muito atuante na causa LGBTQIAPN+, a peça também traz esse conteúdo, sempre com cenas engraçadas, mas que fazem críticas sociais. Ela traz o olhar cômico ao dia a dia ao mesmo tempo em que questiona o que é preconceituoso e atrasado.

Foto: Irina Buss e Rui Miranda

De que forma a comédia ajuda a incitar e entender as discussões que a peça propõe?
Fazer críticas a esses temas é algo que, historicamente, a comédia faz. “Os Exóticos” vem com uma análise acerca do que é o politicamente correto. É uma peça que mostra muito do que há de engraçado no ser humano, mas que não faz isso de forma caricata, preconceituosa ou por meio da chacota.

A comédia é também é uma forma de aproximação, pois, por meio da comédia, é mais fácil trazer o público para refletir sobre determinado assunto e analisar de fato o que é a sociedade. Alguns temas são naturalmente pesados e causam intimidação quando abordados de uma forma mais dramática e séria. Certas situações do dia a dia são mais pesadas, mas, no teatro, podemos encontrar uma forma de rir.

Além dos textos de Alexandre Ribondi, quais outras inspirações e referências estão contidas em “Os Exóticos”?
A gente tem algumas referências em cenas inspiradas no Paulo Gustavo e no Ferdinando (Marcus Majella) em “Vai que Cola”, programa de humor do Multishow. Há ainda uma cena mais poética e entra mais no lúdico, com um texto do Mia Couto, onde convidamos a pessoa para viajar com a gente numa brincadeira de transformar palavras em teatro.

Também trazemos expressões que se tornaram memes nos últimos anos; elementos dos anos 1980; e a performance de uma música de um jeito totalmente desconstruído. Isso tudo engloba diversos públicos de diferentes idades e com várias vivências, de forma que todo mundo na plateia entenda.

Quais as expectativas do elenco e da produção com relação à estreia?
Estamos ensaiando bastante. É uma curtíssima temporada, então, vamos tentar aproveitar ao máximo, porque é um processo muito intenso que a gente começou em agosto. Tínhamos aula nas segundas e quartas, das 19h às 22h, e mais para o final do processo, também passamos a ensaiar às sextas à noite e nas manhãs de sábado. É um grupo misto, com pessoas começando no teatro agora e outras pessoas que já estão mais acostumadas, mas todo mundo está ansioso para estrear.

Qual a importância de “Os Exóticos” e de outros trabalhos artísticos teatrais para população do DF, que, muitas vezes, não têm fácil acesso a produções culturais?
O teatro muda a forma de pensar das pessoas sobre vários tipos de temas, corpos e situações que elas ainda não puderam experimentar ou nunca tiveram contato. É um espaço onde a pessoa sai transformada, e a nossa esperança é que isso se espalhe e reverbere ao redor dos ciclos dela. É uma arte que gera um impacto no indivíduo e também inicia um impacto social. Na Casa dos Quatro, a gente pensa muito em como faremos para que o público chegue de um jeito e volte de outro. Há alguns semestres, estamos fazendo peças cada vez mais minimalistas, tanto em questão de cenário quanto de figurino, dando atenção a cada linha do texto para que elas cheguem ao psicológico da plateia. Nós buscamos acolher essas pessoas tanto para serem transformadas quanto para serem vetores de transformação.

FICHA TÉCNICA – OS EXÓTICOS

Direção: Morillo Carvalho
Texto: Alexandre Ribondi e outros
Assistência de Direção e Preparação de Atores: Geise Prazeres
Direção de Movimento e Coreografias: Irina Buss
Produção: Morillo Carvalho e Rui Miranda
Sonoplastia, Iluminação e Cenotécnica: Josias Silva
Cenografia: Morillo Carvalho
Elenco: Ana Elisa Santana, Ceó Pontual, Fernanda Diniz, Irina Buss, Laura Muniz, Lohany Kayná, Manassés, Monique Alvarenga, Vini Belém e Raíssa Vitório
Realização: Oficina do Ribondi / Casa dos Quatro

SERVIÇO
Espetáculo “Os Exóticos” 

De hoje (1º) a domingo (3)
Horários: sexta, às 20h; sábado, às 17h e às 20h; e domingo, às 16h e às 19h
Na Casa dos Quatro – 708 Norte, bloco F, loja 42
Ingressos a partir de R$ 20 no Sympla
Mais informações: (61) 98215-0302 / [email protected]

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