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Radialista é indiciado por homofobia contra 1º jornalista gay a apresentar o JN

Após dois anos, a Polícia Civil de Goiânia indiciou o radialista Luiz Gama pelo crime de homofobia contra o jornalista Matheus Ribeiro, 27. O Geacri (Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) ouviu Gama, Ribeiro e testemunhas e mandou o inquérito com o relatório final para o Ministério Público.

FolhaPress

08/12/2021 19h55

Foto|Reprodução

Segundo o advogado Ricardo Sidi, que representa Ribeiro, a intimação eletrônica foi enviada na segunda (6) para a promotora do caso. Com isso, o advogado de Ribeiro aguarda que a Promotoria da 5ª Vara Criminal de Goiânia elabore e ofereça denúncia contra o radialista.


Sidi explica que, antes de o caso ir para o Geacri, ele ficou em uma delegacia normal, onde demorou demais. “Para nós aqui fora é sempre uma caixa preta, sei que demorou muito para um inquérito tão simples, mas não é o único que demorou muito.”


O advogado diz que o Geacri foi ágil em ouvir todos os envolvidos e as testemunhas, finalizou o inquérito policial e mandou para a Promotoria no dia 2 de dezembro. “Quando [o caso] foi para a mão dessa delegacia nova [Geacri], o delegado fez um super trabalho rápido, ouviu todo mundo que precisava ouvir para dar fim ao inquérito como efetivamente deu.”


“Isso posto, uma vez comprovados a materialidade e a autoria do crime de homofobia/transfobia, conduta consumada através da prática, induzimento ou incitação a discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual e/ou identidade de gênero cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza, indicio Luiz Carlos Alves, vulgo Luiz Gama, pela prática do crime de homofobia e transfobia (racismo social)”, diz o relatório do Geacri enviado a Promotoria.


Procurado pela reportagem para comentar a decisão, Gama não havia se manifestado até a publicação da reportagem.


Em novembro de 2019, Luiz Gama usou o Twitter para fazer comentários homofóbicos contra Matheus Ribeiro, após ele ter sido o primeiro homem assumidamente homossexual a apresentar o Jornal Nacional (Globo).


“Putz! Onde o Brasil vai parar? Queimar a rosca agora é moda. Um apresentador de telejornal de qualidade média virou a bola da vez no jornalismo nacional só porque revelou que sua rosquinha está à disposição. A qualidade profissional que se f…”, escreveu Gama.


Em outra publicação, o radialista deixou indiretas para a TV Globo: “O Jair Bolsonaro está corretíssimo ao acabar com o registro na DRT e por acabar com a exigência de diploma para jornalistas. Afinal, tem uma fraquíssima em rede nacional só por causa da cor da pele e outro comunzão fazendo fama só porque avisou que queima a rosca”.


Após os comentários, Luiz Gama foi afastado do quadro esportivo que apresentava na rádio BandNews Goiânia. O anúncio foi feito ao vivo na rádio, no dia 18 de novembro de 2019, pelo diretor da BandNews, Marcos Villas Boas.
Na época, Villas Boas disse que Gama era locutor de uma empresa terceirizada pela Band, a Feras do Esporte, e não contratado diretamente pela rádio. Foi solicitada a esta empresa a substituição dele.


Em comunicado oficial, a BandNews FM Goiânia disse na ocasião que “combate com convicção quaisquer manifestações de preconceito, intolerância ou discriminação”.


“Desta forma, mesmo se tratando de iniciativa exterior, individual, dissociada do posicionamento da emissora e dos ideais que ela defende, informamos que não se manterá como parte da equipe qualquer funcionário que tenha comportamento adverso a estes valores. Em comum acordo com a equipe Feras do Esporte, iniciamos renovação de quadro funcional no sentido de afastar o funcionário (Luiz Gama) que adotou caminho contrário a esta postura.”


Um dia depois de ser demitido, Luiz Gama publicou um vídeo no Instagram reconhecendo o erro e admitindo que cometeu exageros nas publicações nas redes sociais. “Esse vídeo tem apenas uma finalidade. Quero aqui reconhecer o meu erro, alguns exageros que cometi em postagens que equivocadamente foram interpretadas como racistas ou homofóbicas”, disse.


O radialista negou ser homofóbico ou racista e pediu perdão a todas as pessoas que se sentiram ofendidas. “Jamais me referi a você, jornalista Matheus Ribeiro da TV Anhanguera, de maneira nenhuma quando fiz aquelas postagens. Mas ainda assim, te peço perdão e peço que reconsidere essa minha posição.”


“Tenham todos a certeza de que eu estou falando de coração. Jamais quis ofender qualquer pessoa gay ou não gay, negra, branco, moreno ou seja qual for a raça”, acrescentou Gama.

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