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Entretenimento

Onde o cinema e a cidade se encontram

Mostra Internacional de Cinema de Arquitetura reúne produções cinematográficas com temática urbana

Mayra Dias

13/08/2021 4h06

Objeto Sim Projetos Culturais/ Divulgação

“Não há cinema sem arquitetura. O cinema surgiu porque surgiram as cidades e o desejo de registrar seu movimento, sua agitação”, diz Liz da Costa Sandoval, curadora da Cinema Urbana – Mostra Internacional de Cinema de Arquitetura. O evento, que utiliza o cinema como dispositivo para a compreensão de imaginários urbanos e suas ramificações, chega à sua terceira edição, e promete trazer reflexão sobre o espaço urbano, resgatando a memória e projetando o futuro.

Entre os dias 17 de agosto e 5 de setembro, a Cinema Urbana contará com exibições presenciais e virtuais, e inclui três mostras além de painéis de debates e apresentações musicais. Como pontua Liz, a mostra procura trazer questões ligadas às cidades em diferentes aspectos e em diferentes contextos. “Procuramos trazer paisagens distintas. Como é a cidade de Maputo e em que ela se parece com Brasília? Há uma relação muito forte entre elas no que diz respeito à arquitetura moderna como símbolo de um período de afirmação de uma identidade nacional”, afirma.

A responsável pela organização do evento revela ainda que o festival carrega também o desejo de homenagear a capital federal, trazendo consigo uma seleção variada de filmes que mostram as múltiplas faces do quadradinho, uma cidade tão nova e tão debatida. “Muitos filmes buscam contextualizar Brasília, pelo período em que foi construída, pela ideologia que materializa e inclusive pela questão política enraizada em sua história”, conta Liz, destacando, ainda, as homenagens aos arquitetos Paulo Mendes da Rocha (Brasil) e Nuno Portas (Portugal), que também poderão ser contempladas. “A proposta do evento é apresentar essas diferentes paisagens, relações, pensamentos, poderes que atuam nos espaços que vivemos cotidianamente e causar uma oportunidade de reflexão.

Mas também a oportunidade de conhecer outros lugares, se identificar, refletir e se encantar”, completou.
Com entrada gratuita, ao longo das três semanas serão exibidos 26 filmes, produzidos em 14 países como Alemanha, Portugal, Reino Unido, Hong Kong, China e Brasil. Nos primeiros dias, as sessões acontecerão presencialmente, na sala de cinema e no gramado do CCBB Brasília e, somente na terceira e última semana, os filmes poderão ser vistos em formato digital, através da plataforma InnSaei.TV. “Nós sempre fizemos exibições ao ar livre, mas nessa edição teremos 3 dias de exibições ao ar livre em um espaço muito agradável, e com as atrações musicais intercaladas com as sessões de filmes”, ressalta Liz Sandoval.

Objeto Sim Projetos Culturais/ Divulgação

A edição deste ano tem por objetivo abordar temas como a superlotação das cidades, a arqueologia visual, a gentrificação, a ganância imobiliária, assim como a relevância do trabalho de arquitetos e artistas de grande talento e sensibilidade. A programação do evento também inclui uma mostra competitiva de longas-metragens, com cinco títulos inéditos, e uma mostra competitiva de curtas, com oito filmes. “A arte e o cinema estão muito além do entretenimento. Nós precisamos contar histórias, desenvolver nosso processo criativo, produzir coisas novas.São dessas criações que surgem as inovações”, acredita Liz.

O júri responsável por indicar os vencedores da mostra competitiva será formado por Catarina Mateus (arquiteta e urbanista, Diretora Criativa e Programadora do Habitante – Festival de Cinema, Cidade e Arquitetura do Equador, Membro da RIFCA), Luiz Sarmento (arquiteto IPHAN e Diretor de Cultura do IAB Nacional) e Juliane Peixoto (artista visual e professora do curso de Áudio e Vídeo do IFB campus Recanto das Emas).

Se reerguendo

Conforme pontua a arquiteta, a exibição da mostra marca a reestabilização do setor artístico que, devido a pandemia, enfrentou momentos muito difíceis. “A pandemia impactou muito o setor cultural. Em 2020 diversos editais foram cancelados, assim como shows, espetáculos, museus, etc. Este ano, a Mostra pode acontecer devido a uma série de cuidados, testes e protocolos seguidos pela equipe e pelo espaço cultural”, desenvolve. A maioria das sessões, como salienta a organizadora, será ao ar livre, no gramado dos jardins do CCBB, no entanto, terá também exibições dentro da sala de cinema, com ocupação reduzida do público.

Na avaliação da curadora Liz, eventos do gênero são, desde sempre, imprescindíveis para uma sociedade, principalmente em um momento como o de agora, onde a promoção da arte e da cultura foi o que “salvou” inúmeras pessoas das mazelas que a crise sanitária trouxe. “Nada mais atual do que a frase que tem estampado cartazes pela rua: A ARTE SALVA. Depois de quase 2 anos de confinamento, relações sociais restritas, medo e incerteza, o evento procura apresentar, de uma forma segura e gratuita, arte e encantamento”, finaliza.

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