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Música

Tame Impala toca no Lollapalooza e se consolida como headliner de festivais

Esta é a quinta passagem do Tame Impala por terras brasileiras. Na primeira, Parker tocou para um público pequeno no Cine Joia

FolhaPress

23/03/2023 17h58

Foto: Reprodução

Nathalia Durval
São Paulo – SP

Com um par de muletas debaixo do braço e uma guitarra nas mãos, o australiano Kevin Parker, líder do Tame Impala, vai subir ao palco do Lollapalooza neste sábado, dia 25. O cantor fraturou o quadril três semanas antes de se apresentar no festival em São Paulo -mas sua presença está garantida.

“Seria preciso mais do que uma fratura no quadril para me impedir de ir ao Brasil. Estou de muletas, mas estou bem”, disse Parker em entrevista por videochamada.

O australiano teve o acidente após correr uma meia-maratona e passou por uma cirurgia. Com o anúncio do ferimento, fãs ficaram preocupados com um possível cancelamento da banda no festival. Não à toa: o evento vem numa onda de cancelamentos de atrações. Entre elas, o Blink-182, o segundo headliner do sábado. Willow Smith, Dominic Fike, Omar Apollo e 100cegs também saíram do line-up.

Esta é a quinta passagem do Tame Impala por terras brasileiras. Na primeira, em 2012, dois anos depois de seu debut, Parker tocou para um público pequeno no Cine Joia, na capital paulista. De lá para cá, a banda de rock psicodélico se consolidou como um dos principais nomes da cena indie e como headliner de festivais ao redor do mundo.

A segunda passagem pelo país foi no ano seguinte, na mesma casa de shows. Voltaram em 2014, para festival do selo Popload com outros artistas, mas também em um local de pequeno porte, a Audio. A última vez foi em 2016, no Lollapalooza.

“O Brasil é um dos meus lugares favoritos para ir e tem uma das melhores plateias do mundo. Muita coisa mudou em nosso show desde a última vez que estivemos no país”, diz Parker.

Entre as mudanças, estão o álbum mais recente, “The Slow Rush”, lançado pouco antes do início da pandemia. O disco chegou ao público cinco anos depois do antecessor, “Currents”, e vai guiar a setlist. Hits como “The Less I Know the Better” e “New Person, Same Old Mistakes” também deve aparecer.

“The Slow Rush” mantém a psicodelia dos trabalhos anteriores e as faixas mais longas, algumas passando dos seis, sete minutos, com diversos momentos instrumentais. Canções como “Instant Destiny”, “Borderline” e “Is It True” ecoam os sucessos antigos.

O disco atesta a consistência dos trabalhos da banda. “É difícil ser consistente assim, porque você não sabe se o disco vai ficar bom ou não”, ele diz. “Toda vez que lanço um álbum, há uma espécie de ansiedade que vem com ele, porque não sei se as pessoas vão gostar. Mas acho que tive sorte.”

Outra mudança neste período foi a Covid, que transformou a forma da plateia -e do cantor- de vivenciar um show, diz o cantor. “Depois da pandemia, fazer shows virou uma experiência mágica de novo, porque percebi que talvez antes eu tivesse começado a não dar valor a esse momento. E quando começamos a tocar ao vivo novamente, lembrei de como é uma experiência louca estar no palco.”

Parker começou a carreira em 2008, criando música de forma caseira em Perth, na Austrália. Ele estreou oficialmente em 2010, com o lançamento de “Innerspeaker”, álbum elogiado pela crítica que o colocou, em pouco tempo, como um dos expoentes indies.

Os discos seguintes também foram aclamados pela crítica e renderam uma legião de fãs fiéis. “Lonerism”, “Currents” e “The Slow Rush” ganharam indicações ao Grammy de melhor álbum alternativo.

O Tame Impala é uma banda de um homem só, já que Parker é o vocalista, guitarrista e compõe todos os discos sozinho -inclusive, tocando quase todos os instrumentos nas sessões de gravação. Outros instrumentistas surgem apenas para as apresentações ao vivo.

O australiano foi de prodígio do rock psicodélico a um dos principais headliners de festivais de música, como Coachella, nos Estados Unidos, Glastonbury, na Inglaterra, Primavera Sound, na Espanha, e as edições do Lollapalooza em diferentes países.

Com mais de uma década de carreira e quatro álbuns na bagagem, Parker virou também um compositor requisitado. Além do Tame Impala, ele atua em projetos paralelos e em composições e remixes com outros artistas, como Lady Gaga, Mark Ronson, SZA e os rappers Travis Scott, Kanye West e A$AP Rocky.

Nos últimos anos, ele tem investido em mais parcerias musicais. A mais recente é “New Gold”, single com o Gorillaz. O cantor se lançou ainda na indústria de trilhas sonoras para filmes. Fez a canção-tema da animação “Minions 2”, em parceria com Diana Ross, um remix para “Elvis”, cinebiografia de Elvis Presley indicada ao Oscar, e uma canção para “Dungeons and Dragons”, que chega às telas em abril. “Este último foi um pedido meio bizarro, mas eu amo coisas bizarras”, ele diz.

Parker afirma que sempre foi procurado para fazer todas essas parcerias, nunca foi atrás de ninguém. “Vou aceitando os convites conforme eles vêm um por um. Gosto de explorar novos territórios.”

Quando perguntado se tem algum artista brasileiro com quem gostaria de fazer uma colaboração, o cantor diz que “está fora do radar no momento” e não cita um nome. “Mas vou ouvir algumas coisas quando estiver no Brasil”, diz, e acrescenta que costumava ouvir Os Mutantes.

Até por criar as músicas sozinho no próprio estúdio, Parker diz que a pandemia não atrapalhou a forma como trabalha. Mas faz uma ressalva. “Ao longo dos anos, esse acaba virando um processo muito solitário. Os altos e baixos são mais extremos. Trabalhar sozinho pode ser assustador, porque não há ninguém para segurá-lo, para dizer se algo está uma merda.”

O australiano diz que procura não ter uma estratégia na hora de criar música, seja para sua banda, seja para as parcerias. ” Eu me certifico de fazer algo diferente toda vez, porque odeio fazer a mesma coisa. Se me pego usando o mesmo processo duas vezes, fico entediado. E se estou entediado, não crio uma boa arte.” Ele diz que não pode falar sobre álbuns futuros. Mas garante: “Estou sempre trabalhando”.

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