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Música

Paulinho Moska e Orquestra à Base de Cordas in Concert

O projeto une o compositor e cantor carioca, interpretando canções autorais, e a sonoridade particular da orquestra curitibana.

Eduardo Naoum

29/03/2024 5h00

Paulinho Moska. Crédito: Karyme Franca

Paulinho Moska. Crédito: Karyme Franca

Paulinho Moska já emplacou 13 temas em trilhas sonoras da TV Globo, 11 deles em sua própria voz. É compositor requisitado por outras conhecidas vozes, como Marina Lima, Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Maria Rita, Mart’nália, Lenine, Zélia Duncan, dentre outras. O cantor estará em Brasília, neste fim de semana, para um encontro musical com a Orquestra à Base de Cordas (OABC), de Curitiba (PR), no Teatro da Caixa Cultural Brasília (SBS), no sábado (30/3), às 20h, e domingo (31/3), às 19h.

Inédito na cidade, o projeto reúne, no mesmo palco, o arrojado compositor e cantor carioca, interpretando canções autorais, e a sonoridade particular da orquestra curitibana, composta por violino, bandolim, cavaquinho, viola caipira, violão, violão 7 cordas, piano e percussão. O concerto chega a Brasília após ser apresentado no Rio de Janeiro e no Paraná.

Orquestra à Base de Cordas e Paulinho Moska. Crédito: Divulgação
Orquestra à Base de Cordas e Paulinho Moska. Crédito: Divulgação

“Todo artista se prepara, estuda e se dedica à sua missão com amor e carinho para entregar da melhor maneira o seu trabalho para o público. Sendo Brasília o berço de manifestações musicais importantes, é uma grande responsabilidade e uma alegria imensa realizar estas duas únicas apresentações”, anima-se João Egashira, maestro da OABC.

Orquestra à Base de Cordas. Crédito: Divulgação
Orquestra à Base de Cordas. Crédito: Divulgação

Essa não é a primeira vez que a orquestra sobe ao palco com artistas renomados. A OABC já se apresentou ao lado de nomes como Paulinho da Viola, Dominguinhos, Lenine, Zeca Baleiro, Mônica Salmaso, Elza Soares, Diogo Nogueira, Martinho da Vila, Renato Borghetti, Renato Teixeira e Vanessa da Mata. Além disso, tem no currículo participação em importantes festivais e eventos culturais e da música. Em 2008, lançou seu primeiro CD, ao lado do violeiro Roberto Corrêa, intitulado “Antiqüera”, indicado para o Prêmio Rival no mesmo ano.

Mantida pela Prefeitura de Curitiba por meio da Fundação Cultural de Curitiba e do Instituto Curitiba de Arte e Cultura, a Orquestra se dedica à pesquisa e à divulgação da música brasileira, seu repertório abrange diversos períodos da história da música popular brasileira e inclui composições de seus integrantes. Os arranjos são elaborados por músicos da orquestra e por convidados. Seu segundo CD, “Nosso Som”, tem no repertório somente composições autorais. Em 2022 lançou seu terceiro álbum “Orquestra À Base de Corda Interpreta Compositores de Curitiba”.

O Jornal de Brasília bateu um papo com Paulinho Moska. Confira a entrevista:

Paulinho Moska. Crédito: Tellero
Paulinho Moska. Crédito: Tellero

Como é a experiência de se apresentar ao lado da OABC?
Será a sétima vez que nos apresentaremos juntos, e é sempre uma experiência deliciosa, porque a orquestra é formada por músicos de alta classe que trabalham juntos há muito tempo e a interação deles é fantástica. Os arranjos são lindos.

Qual é a importância de projetos que unem diferentes formações musicais, como a fusão da sua música com a sonoridade particular da orquestra?
Eu adoro vestir minhas canções com “roupas diferentes”. Já me apresentei com orquestras clássicas, com bandas de rock, sozinho com meu violão e em duos com outros artistas. O mais bonito é perceber que existem várias formas de cantar a mesma canção de acordo com a sonoridade e os arranjos propostos.

O que mais lhe atrai nessa parceria com a Orquestra à Base de Cordas?
A formação deles é bem diferente: mistura violão com cordas de nylon e aço, viola caipira, bandolim, cavaquinho, piano, baixo, violino. O resultado é surpreendente e maravilhoso.

Quais são as principais diferenças entre se apresentar com uma orquestra e em outros formatos mais tradicionais de concerto?
A diferença é o estilo dos músicos. Nas orquestras, geralmente, os músicos lêem partituras, têm um rigor de execução ensaiado e exigido pelo maestro. Isso torna o resultado mais impecável, sem muito espaço para improvisos, apesar dos solos de cada um.

Pode nos contar um pouco sobre o processo de seleção do repertório para essas apresentações em Brasília?
Eu e o maestro João Egashira escolhemos canções bem conhecidas. Nós concordamos que, se o público conhece as canções, os novos arranjos ganham ainda mais destaque. Meus “clássicos” estão todos lá “Pensando em Você”, “Tudo Novo de Novo”, “A Seta e o Alvo”, “A Idade do Céu”, “O Último Dia”.

Paulinho Moska. Crédito: Rafael Catarcione.
Paulinho Moska. Crédito: Rafael Catarcione

Quais são as expectativas para esses dois shows em Brasília, considerando o histórico cultural e musical da cidade?
Adoro Brasília. O público é uma mistura de muitos “Brasis”, e a cidade é um espetáculo arquitetônico deslumbrante. Foi a primeira capital a esgotar os ingressos de uma apresentação minha lá no início da carreira, há trinta anos, isso me cativou muito.

Você acredita que projetos como esse têm o potencial de expandir os horizontes musicais do público, introduzindo-o a diferentes estilos e formações?
Música é uma atividade agregadora, que se funde de muitas maneiras diferentes. Quanto mais misturar, melhor. Quem escuta estilos variados acaba abrindo a mente para outros universos, isso também vale pra vida, em todos os sentidos.

Você fez uma série na HBO Max em que visitou diversos países da América do Sul, nos quais colaborou com cientistas e artistas locais. O Negacionismo e a chamada “Anti-Ciência” são temas recorrentes nos dias atuais do Brasil. Como você, que tem essa ligação com a ciência, vê o seu papel como artista para lidar com o tema?
Eu amo a ciência, ela é minha verdadeira religião, ou seja, é a prática que me religa à natureza. É graças à ela que estamos vivos até hoje, com as descobertas das bactérias, dos vírus e dos micro-organismos, por exemplo, veio o desenvolvimento dos remédios que nos salvam das enfermidades. Também é graças à ciência que podemos ter celulares, andar de avião, de navio, de carro. A ciência desvenda a natureza, explica de que material as coisas são feitas, como e por que as plantas crescem, de onde vem o ar que respiramos e como devemos nos comportar para manter o que é bom e impedir as destruições. Eu não entendo como alguém pode ser um negacionista científico. Como artista, uso meu espaço de fala para promover e divulgar o que penso ser o óbvio.

Você já deu declarações sobre como compor era pautado no elemento felicidade. Como seu processo criativo foi afetado e quais estratégias foram usadas para driblar artisticamente o período da pandemia?
Eu não compus durante a pandemia, perdi completamente a inspiração e a tristeza me abalou profundamente. Venho recuperando a alegria devagar, mas o trauma permanece, porque, afinal de contas, o mal continua nos rondando. Temos de permanecer alertas para construir uma sociedade mais justa e com maior respeito aos direitos humanos.

Quais são os projetos atuais e os futuros lançamentos do Paulinho Moska?
Sigo viajando com a gravação do show que estou em turnê desde 2018, mesma banda até então. Agora, estamos em processo de mixagem do som e edição do vídeo da apresentação feita em agosto de 2023 no Circo Voador. O produto deve ser lançado no segundo semestre. Estou finalizando também o áudio visual do meu show em duo com Zélia Duncan, que se chama “Um Par Ímpar” e será lançado antes.

Você colaborou com diversos artistas ao longo de sua carreira, como Ney Matogrosso, Maria Bethânia e muitos outros. Pode compartilhar conosco uma experiência marcante de parceria em algum projeto musical?
Apresentei, durante onze anos, a série televisiva “Zoombido” no Canal Brasil, onde entrevistei, fotografei e cantei com 276 compositores brasileiros e latino-americanos. Grande parte desse material está na internet. São duetos lindos que tive a oportunidade de realizar. Talvez, esse seja o maior e mais importante projeto da minha vida.

Orquestra à Base de Cordas & Paulinho Moska
Sábado (30/3), às 20h, e domingo (31/3), às 19h, na CAIXA Cultural Brasília (SBS Quadra 4 Lotes 3/4). Ingressos: R$ 15 (meia para clientes CAIXA e casos previstos em lei) e R$ 30 (inteira). Vendas na bilheteria do teatro e no site Bilheteria Cultural. Classificação: livre para todos os públicos.

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