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Música

John Legend diz que Grammy seguirá racista caso artistas se afastem da premiação

Ao lançar o disco ‘Legend’, cantor afirma que o prêmio só vai continuar relevante se tiver a participação de votantes jovens

FolhaPress

19/09/2022 16h03

Foto: Divulgação

John Legend foi o primeiro homem negro da história a ostentar um Egot -ou seja, ele já conquistou os quatro principais prêmios de entretenimento americanos, o Emmy, o Grammy, o Oscar e o Tony. É um queridinho das premiações.

O cantor já levou 12 troféus no Grammy. No Oscar, saiu vitorioso em 2015 com a canção “Glory”, do filme “Selma”. Ganhou o Tony, prêmio máximo do teatro americano, por causa de sua participação na produção da peça “Jitney”. O Emmy, ele venceu por causa do especial “Jesus Christ Superstar”.

Lançado no último dia 9, “Legend”, seu oitavo disco de estúdio, parece ter sido feito para entrar na corrida por outras estatuetas. É um álbum denso, pop e, ao mesmo tempo, conceitual, que emula várias características de discos premiados do cantor.

“Legend” tem 24 faixas e foi rachado ao meio. O primeiro pedaço, segundo o cantor, representa a noitada de um sábado, com músicas sexy e animadas. Já a segunda metade retrata a moleza de um domingo de manhã –as canções são mais relaxantes, íntimas e acústicas.

O artista coloca seu vozeirão para falar de romance e sexo, num disco que bebe das influências da música soul e até do hip-hop. É a área de conforto do americano -nove das suas estatuetas no Grammy foram conquistadas em categorias de R&B.

Talvez seja justamente por causa de sua proximidade com o Grammy que, quando questionado sobre as acusações de racismo e fraude que a premiação sofreu nos últimos anos, Legend queira soar esperançoso.

“Como alguém que confia no Grammy, meu objetivo é que tenhamos mais votantes jovens no processo que nos ajudem a moldar o futuro da premiação. O Grammy é decidido por um bando de músicos, não há fãs envolvidos. Precisamos de sangue novo para que o prêmio continue relevante”, diz.

Apesar do sucesso estrondoso do álbum “After Hours”, o cantor The Weeknd foi esnobado pelo Grammy em 2020, na esteira de várias outras polêmicas, uma envolvendo acusações de fraude e outros delitos de conduta. “O Grammy continua corrupto. Vocês devem transparência a mim, aos meus fãs e à indústria”, disse The Weeknd em uma rede social.

Legend cutuca a decisão do colega. “Um jeito de expressar sua frustração é se afastar do prêmio, como alguns artistas fizeram. Mas eu acho que a forma de consertar alguma coisa é se engajar nela.”
Se seus comentários sobre premiações soam quase utópicos, sua visão política é mais pragmática.

Durante a pandemia, o americano criticou rappers que apoiavam a reeleição de Donald Trump, além do próprio presidente. “Trump não é forte. Ele é um covarde. E sua carreira nos negócios e no governo tem sido fracasso após fracasso”, disse ele em uma rede social.

A inspiração para seu ativismo vem de alguns dos seus artistas favoritos, afirma Legend, como Stevie Wonder, Marvin Gaye, Nina Simone e Aretha Franklin.

“Negros americanos que arriscavam suas carreiras, protestavam, ficavam na linha de frente, essas são as minhas influências”, diz. “Sempre fui assim, mas entendo que não é todo artista que se sente confortável em fazer isso.”

Prova de que é mesmo um predileto das premiações, Legend foi levado ao palco da mais recente cerimônia do Emmy para apresentar a canção “Pieces”, uma das mais belas do novo disco. Ele homenageou os artistas que morreram no último ano.

“Não foi você que disse que o pesar era um professor/ E a única coisa que você pode fazer é juntar os pedaços/ Fazer seu coração partido aprender a viver em pedaços”, diz na música. Legend perdeu um filho recém-nascido em 2020.

“Pieces” dita o tom do segundo pedaço do álbum, que é mesmo mais reflexivo e romântico. A reta final do disco, aliás, é uma carta de amor à sua mulher. Em “Wonder Woman”, ele canta: “Você é uma super humana / E eu sou apenas um homem”. Na penúltima, “I Don’t Love You Like I Used To”, o cantor afirma amar sua esposa cada dia mais desde que se casaram.

O casamento é um ponto-chave na sua carreira. Tanto é que ele fez questão de lembrar, durante a entrevista, que, no dia seguinte completaria nove anos de casado com sua mulher, Chrissy Teigen.

O comentário veio depois de uma pergunta sobre ele se sentir pressionado a alcançar o sucesso do seu megahit “All of Me”, que tocou exaustivamente em cerimônias de casamento desde que foi lançada, em 2013. O clipe no YouTube já ultrapassou os dois bilhões de visualizações.

“Essa música é quase insuperável, é tipo uma das maiores da história. Eu sou grato por significar tanto para as pessoas. Eu sei que provavelmente nunca alcançarei o sucesso dela.”

Até há o drama de “All of Me” no disco novo, mas ele abre espaço também para canções mais animadas, caso de “Waterslide” e “All She Wanna Do”.

O cantor só não experimenta tanto como fez no ano passado com o DJ brasileiro Alok, na faixa “In My Mind”, que tem pitadas de música eletrônica.

Ryan Tedder, que é produtor-executivo do disco “Legend”, está tentando ligar o cantor americano a outra estrela brasileira. “Eu e Anitta trabalhamos com o mesmo produtor nos nossos últimos álbuns.

Acho ela uma artista talentosa para caramba. Eu vou conversar sobre isso com o Ryan. Ele tem falado dela faz um tempo. Acho que seria legal nós cantarmos juntos”, diz Legend.

O astro parece empolgado em continuar lançando material novo mesmo depois de criar um disco tão longo. “Provavelmente daqui a alguns meses estarei escrevendo novas canções. Espero que no ano que vem já consiga lançar mais um álbum.”

LEGEND
Onde Nas plataformas de streaming
Produção Ryan Tedder
Gravadora Universal

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