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Entretenimento

Morre, em São Paulo, a jornalista Cristiana Lôbo

Cristiana era comentarista política e estava afastada há quase um ano por questões de saúde

Willian Matos

11/11/2021 9h58

Morreu nesta quinta-feira (11), aos 63 anos, a jornalista Cristiana Lobo. Cristiana estava internada no hospital Albert Einstein, em São Paulo. A notícia foi confirmada ao vivo no programa Conexão GloboNews.

Cristiana era comentarista política no canal GloboNews e estava afastada há quase um ano por questões de saúde. A jornalista lutava há alguns anos contra um mieloma múltiplo (câncer que atinge células responsáveis pela produção de anticorpos). Nas últimas semanas, o quadro foi agravado em decorrência de uma pneumonia.

Cris Lôbo, como era carinhosamente chamada, começou a carreira no estado de Goiás, até se mudar para Brasília. Passou pelas redações de O Globo e O Estado de S.Paulo antes de chegar à GloboNews, em 1997. Acumulou mais de 30 anos de carreira.

Manifestações

Assim que a notícia foi confirmada, políticos, jornalistas e outras pessoas públicas registraram notas de pesar através das redes sociais. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, escreveu: “Super jornalista. Atenta, séria e competente. Meus sentimentos a seus familiares e colegas de profissão. Vai fazer falta!”

Colega de casa, o jornalista Marcelo Lins classificou Cristiana como “doce, mas incisiva, forte e muito elegante”. O deputado federal José Guimarães (PT-CE) afirmou que a partida de Cris “deixa lacuna no jornalismo político”. Veja algumas das manifestações:

A AJUDA QUE RECEBI DA CRISTIANA LÔBO
Hylda Cavalcanti, repórter e colunista de Política do Jornal de Brasília

O ano era 1997 ou 1998. Eu estava há coisa de dois ou três anos em Brasília, recém-saída do Diário de Pernambuco e recém contratada pela a Gazeta Mercantil. Um calo no sapato dos repórteres na nossa redação era o Tasso Jereissati, que na época, além de cacique do PSDB era governador do Ceará.

Todo mundo corria atrás do Tasso quando ele vinha a Brasília para saber de novidades sobre alguma reunião com o presidente, que era o FHC, ou sobre mudanças na executiva do partido. Mas a Gazeta queria mais, pedia para irmos atrás de perguntas pontuais de infraestrutura ou novidades sobre o Porto de Pecém.

Questões particularmente difíceis que diziam mais respeito ao Ceará do que ao cenário nacional e temas que o governador não gostava muito de comentar porque envolviam arranjos dentro dos ministérios e investimentos que ele ainda estava buscando.

Num dia chuvoso, depois de ter tentado falar com o governador cearense umas três vezes durante sua visita a gabinetes de deputados e senadores no Congresso em vão, cheguei a uma das salas onde o Tasso estava reunido, bem mal humorada e já reclamando. “Não aguento mais. Esse homem é educado e tal, mas está sendo simplesmente impossível para mim ouvi-lo. Quando ele sai de um lugar todo mundo corre para fazer perguntas gerais e nacionais e ele me pede para aguardar e aguardar. Nessa história vou perder minha pauta”.

Os coleguinhas riram, brincaram comigo, disseram que era assim mesmo e eu fiquei lá, ao lado de todos tentando ver o que conseguia, sem muitas esperanças e já apurando outros assuntos para chegar ao menos com alguma outra coisa quente na redação. Até que uma colega chegou no meu ouvido e falou: “Olha, ele vai sair daqui a pouco. Fica do meu lado, deixa todo mundo fazer as perguntas que quiser e não vai embora, fica aqui comigo”.

A colega, super generosa, era a Cristiana Lôbo. Tasso saiu e, mais uma vez, conversou com os repórteres sobre o PSDB, sobre o Brasil, as audiências que teve etc, etc. Quando todos os colegas foram embora (ele iria conceder uma entrevista exclusiva para a Cristiana, depois), a Cris pediu: “governador, a Hylda aqui, recém chegada na Gazeta Mercantil, queria ouvi-lo rapidinho sobre duas questões muito pontuais. Não me incomodo se o senhor atendê-la antes, porque desde o início do dia ela está tentando tocar essa pauta”.

Tasso não apenas me atendeu como passou a me atender desde então. Nunca me esqueci disso. Depois, nos encontramos em outras pautas, por coincidência fui chefiada no Ipea pelo Murilo, marido dela, e parávamos sempre para conversar. A Cristiana sempre com aquele sorrisão. Nunca fomos amigas de almoçar juntas, trocar telefone, essas coisas, mas a imagem que fica para mim é da colega pra lá de competente que não se recusava a ajudar os que chegavam e a dar dicas porque sabia que concorrência não é isso. E porque estava bem acima dessas coisas, sempre fez escola. Fará muita falta pelo trabalho e pelo jeito de ser. Que siga em paz!

https://twitter.com/gabinolasco/status/1458781322017652741

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