Por Luiza Guido
Agência de Notícias do CEUB|Jornal de Brasília
Após suas grandes estreias no streaming, a Marvel lançou, no dia 30 de março, sua mais nova série: Moon Knight (Cavaleiro da Lua). A produção integra a quarta fase do universo cinematográfico Marvel e abre caminhos nas telas para mais figuras dos quadrinhos.
A tradição do lançamento de um episódio por semana foi mantida, com o capítulo final estreando no dia 4 de maio, quarta-feira. O elenco é protagonizado por Oscar Isaac, que interpreta três personagens. Outro nome conhecido do cinema é Ethan Hawke, no papel do antagonista Arthur Harrow.
Em questão de audiência, o primeiro episódio da série ficou em segundo lugar entre as maiores estreias da plataforma Disney+, atrás de Loki. Moon Knight agradou ao público e à crítica, ficando atrás apenas de WandaVision.
Enredo
A trama acompanha Steven Grant (Oscar Isaac), um vendedor de souvenirs de um museu de artigos egípcios em Londres. Solitário e atrapalhado, o protagonista acredita ser sonâmbulo e constantemente acorda em locais aleatórios sem se lembrar de como chegou ali. Steven tem sua vida revirada quando descobre que outra personalidade é capaz de tomar as rédeas de seu corpo: Marc Spector (Oscar Isaac), um misterioso mercenário americano casado com Layla (May Calamawy).
Quando com seu traje, Marc se torna o Cavaleiro da Lua. As consciências de Steven e Marc entram em conflito, de forma que o espectador se sente no lugar de Steven, confuso com a linha de acontecimentos, e, até mesmo, duvidoso da veracidade de tais. Inicialmente, há um suspense em relação à aparência e motivações do vigilante. Seria ele um herói ou um matador? O que é real e o que é sonho?
A mitologia egípcia tem grande espaço na trama, algo pouco comum nas histórias da Marvel. No enredo, essa crença é simbolizada pelo culto de Arthur Harrow (Ethan Hawke), e pela possibilidade dos deuses controlarem o corpo de um humano para teoricamente observar o mundo mortal.
“Acha que Konshu (Deus da Lua) escolheu você como avatar porque sua mente seria tão fácil de quebrar ou porque já estava quebrada?”
Aspectos técnicos
Algo que chama atenção para a fotografia e edição da série são as transições de cena, especificamente nos momentos em que ocorre a troca de personalidade dos protagonistas. O piscar da tela, os sons cortados e o close up na figura principal, desfocando no redor, provocam uma aproximação emocional com Steven e Marc. Nesse contexto, os cortes de cena deixam o espectador propositalmente agoniado devido a confusão mental dos personagens.
Vale mencionar também os diálogos entre os personagens de Oscar Isaac, que utilizam a dinâmica dos espelhos e reflexos, como se os protagonistas vissem um ao outro e a si mesmos simultaneamente.
A trilha sonora original corresponde ao visual apresentado, ao se intensificar e repetir a melodia central nos momentos de tensão.
Ao longo dos episódios, as cenas de luta e ação aumentam, assim como o suspense, que ganha certo espaço em cenas com monstros e jumpscares. Em relação aos efeitos especiais, pode-se dizer que deixaram a desejar, tendo em conta as expectativas e qualidade das produções da Marvel.
Por trás das câmeras
A produção ficou na mão de Kevin Feige, o encarregado pela grande maioria das obras cinematográficas da Marvel, incluindo toda a saga Vingadores e o aclamado Homem Aranha: Sem Volta para Casa. Em Moon Knight, Feige traz como alguns dos produtores executivos Mohamed Diab, Louis D’Esposito (presente no total das séries Marvel) e o próprio Oscar Isaac.
Esse último, o Duque Leto em Duna (2021), e quem dá pele aos protagonistas Marc e Steven, esbanja talento em uma performance eclética, sob destaque perante os demais atores desse universo cinematográfico. Isaac possibilita ao espectador facilmente diferenciar seus personagens que possuem a mesma aparência, muitas vezes alternando entre eles sem cortes de edição. As distinguíveis expressões de rosto, tons de voz, sotaques e modo de se portar lembram a performance de Willem Dafoe como Duende Verde, em Homem Aranha (2002).
Mohamed Diab lidera na direção ao marcar sua estreia na Marvel. O diretor, nascido no Egito, se preocupa com o modo como a sociedade da região é retratada em Hollywood, como quando criticou o longa Mulher Maravilha 1984 (2020) pela representação “exótica” do país. O seu trabalho em Moon Knight é ideal para uma coerente representatividade da cultura e sociedade egípcias.
Aprofundamento nos personagens
Desde recentemente, a Marvel tem voltado alguns enredos para o psicológico dos personagens, como o luto da Wanda e a instabilidade do Hulk. Em contrapartida, super-heróis geralmente são retratados como invencíveis e perfeitos, a saber, Capitão América e Super-Homem. Em Moon Knight, ocorre o contrário, já que, ao abordar o transtorno dissociativo de identidade e suas possíveis causas e consequências, o personagem é humanizado, e consequentemente, mais identificável.
Moon Knight traz reviravoltas chocantes e abre muitas possibilidades para o que pode ser considerado real ou não no universo Marvel. Apesar de ser confusa em certos momentos, a série é inovadora por iniciar uma história de super-herói nada convencional. Steven Grant e Marc Spector se encaixariam bem em uma nova geração de Vingadores, somando à cada vez mais louca linha do tempo e de realidade aberta pelo multiverso da Marvel.
Ficha técnica:
Direção: Mohamed Diab, Justin Benson, Aaron Moorhead
Roteiro: Jeremy Slater
Duração: 6 episódios de 40-50 min
Classificação indicativa: 12 anos
Elenco: Oscar Isaac, May Calamawy, Ethan Hawke
Gênero: super-herói, fantasia, ação, suspense
Origem: Estados Unidos
Distribuição: Disney+
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira