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Literatura

Uma novidade de 200 anos! O folhetim está de volta!

O Jornal de Brasília traz de volta um formato de antigamente para contar aos seus leitores uma intensa história atual de amor, com toques de intriga e política.

Rudolfo Lago

17/06/2020 11h37

Folhetim

Em março de 1844, foi publicado nas páginas do jornal francês Le Siécle o primeiro capítulo de um dos grandes clássicos da literatura universal, Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Cheio de reviravoltas, com ganchos que deixavam o leitor ansioso pelo próximo capítulo, assim era o romance de capa e espada que conta a história de D’Artagnan e dos seus amigos mosqueteiros do rei Athos, Porthos e Aramis. Tinha todos os elementos de uma boa novela como as que hoje nós assistimos na televisão.

Porque Os Três Mosqueteiros era um folhetim. Um gênero literário que pode ser considerado o avô da telenovela, pai da radionovela. Mas que hoje bem pode retornar diante das novas plataformas de leitura, a partir dos sites da internet. Essa é a aposta que o Jornal de Brasília passa a oferecer a partir de amanhã aos seus leitores. Duas vezes por semana, às terças e às quintas-feiras, o JBr irá publicar, tanto na sua versão impressão como em seu site, o folhetim O Outro Lado da Solidão, de autoria dos escritores Marcos Linhares, Adriana Kortland e Marcelo Capucci. O Outro Lado da Solidão é o quatro trabalho que os três escrevem a seis mãos. Mas é o primeiro folhetim.

A história que começará a ser contada amanhã não coloca Linhares, Kortland e Capucci somente do lado de Alexandre Dumas. Outros grandes nomes da literatura também publicaram obras suas no formato. Foi como folhetim que foi publicado, por exemplo, Quincas Borba, de Machado de Assis. Ou, mais recentemente, Asfalto Selvagem – Engraçadinha, seus Amores e seus Pecados, de Nelson Rodrigues.

“Minha avó me contava a história de que, durante a Gripe Espanhola, ela e seus vizinhos saíam para comprar o jornal e se reuniam para ler juntos os folhetins da época”, conta Adriana Kortland. “Agora, no meio da pandemia da covid-19, estamos de novo necessitados dessas pausas da literatura, de momentos como esse que nos ajudem também a refletir sobre o que estamos vivendo e a ultrapassar essas dificuldades. Espero que a história que vamos contar ajude nisso”.

E, nesse sentido, Marcos Linhares, Adriana Kortland e Marcelo Capucci imaginaram uma história bem atual. Primeiro, a pandemia que atinge o mundo é o ambiente da história, na qual um médico e uma médica de 64 anos vivem uma história de amor. Há da parte de alguns a negação da gravidade da doença. Há os casos de superfaturamento na compra de respiradores e de desvios de recursos. Enfim, o pano de fundo da história são as notícias que podem ser lidas nas demais páginas do Jornal de Brasília.

“Temos lido algumas vezes notícias onde alguns friamente fazem um cálculo que minimiza os mais velhos”, diz Marcos Linhares. “Coisas do tipo: se tiver que haver uma escolha, que se preservem os mais jovens e se sacrifiquem os mais velhos. Foi por essa razão que resolvemos que os protagonistas dessa história de amor seriam idosos. Para reforçar o quão é errada essa escolha fria. José Saramago, para citar só um exemplo, começou a escrever já com uma certa idade. E ganhou o Prêmio Nobel”.
“Estamos muito ansiosos para ver que receptividade terá o folhetim nesses tempos de hoje. Mas a minha expectativa é muito otimista”, avalia Marcelo Capucci que, além de escritor, é também baterista da banda Plebe Rude. “E, nesse sentido, a gente só tem a agradecer ao Jornal de Brasília por apostar em um formato que incentiva a leitura às novas gerações”.

A partir de amanhã, então, embarque nessa aventura. Com vocês, o folhetim O Outro Lado da Solidão.

Marcos Linhares

Publicou obras de estilos diversos, com livros de poemas, crônicas, contos, jornalismo esportivo, jornalismo literário, jornalismo policial, jornalismo cultural e biografias. É autor de 12 livros e preside o Sindicato dos Escritores do Distrito Federal (Sindescritores) desde 2015. Está em fase de captação de recursos para o filme “Fuga espetacular”, baseado em um dos casos de seu livro “Não existe crime perfeito”, que conta história sobre a resolução de investigações policiais em Brasília.

Radicado em Brasília, dá palestras em unidades de internação para jovens que cumprem medidas sócio-educativas e em escolas rurais, levando a literatura como ferramenta de emancipação, de sonho, de esperança. Ganhou o International Latino Book Awards, em 2016, em Los Angeles, com o livro “Faço, Separo, Transformo” (escrito em parceria com Marcelo Capucci). Em 2016, coordenou a 32ª Feira do Livro de Brasília. Atualmente, é o curador-geral da Feira do Livro de Brasília (FeLiB) e preside o Sindicato dos Escritores de Brasília (Sindescritores).

Adriana Kortland

Ela mora na França e, além de escritora, é também psicóloga. Começou a escrever anotando sonhos. Escreveu seu primeiro livro, “Almagesto – contos anímicos”, com algo desta atmosfera imaginosa.

Depois vieram outros livros: “Fios da Memória – um guia para escrever de si” – livro sobre identidade feminina, escrito em parceria com Helena Silveira; “Eu sou confiável? Reflexões sobre a autocorrupção”, em parceria com Fauzi Mansur. Os artigos de opinião escritos ao longo dos anos estão compilados no livro “O refúgio das borboletas”, e apresentam reflexões sobre temas do cotidiano, sempre pelo viés da psicologia, profissão que exerço há décadas. “A casa da vida”, conta a história de uma mulher inacreditável, literalmente: Maria da Glória Nascimento de Lima, a Glorinha, que acolheu crianças abandonadas pelos pais e pelo Estado ao longo de uma vida. A parceria com Marcos Linhares e Marcelo Capucci surgiu com o infanto-juvenil “Mayra”.

Marcelo Capucci

Pedagogo e especialista em Educação Ambiental, suas experiências como professor de escola pública o levaram à literatura. A arte das letras é outra faceta do músico e baterista da banda punk de Brasília Plebe Rude. Publicou seu primeiro livro “Faço, Separo, Transformo…” em parceria com o jornalista Marcos Linhares em 2015. A obra ganhou o International Latino Book Awards, em 2016, na categoria Children Pictures in Portuguese. Também com Marcos Linhares e Adriana Kortlandt, escreveu o infantojuvenil “Prelúdio de Mayra” (3° lugar no prêmio Palmares de Literatura 2019 e ilustrado por Cerino) e o intrigante “Síndrome do (Não) Lugar no Mundo”.

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