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Kátia Flávia
Kátia Flávia

Times Brasil CNBC corta estrelas às vésperas do Natal e expõe o custo real de um projeto em ajuste fino

Quando o discurso é expansão e o gesto é tesoura, o mercado entende rápido onde o calo aperta.

Kátia Flávia

19/12/2025 17h30

foto jbr (59)

Fabio Turci e Paula Monteiro foram desligados. Fotos: reprodução/Times Brasil e CNBC

Agora senta que lá vem bastidor com salto alto. O Times Brasil CNBC decidiu encerrar o ano com planilha aberta e coração fechado. Às vésperas do Natal, o canal promoveu uma rodada de demissões que atingiu diretamente dois nomes conhecidos do público, Fabio Turci e Paula Monteiro, ambos com passagem sólida pela Globo. Não foi ruído. Foi movimento estratégico com efeito colateral visível.

Fabio Turci, que comandava o Radar Times Brasil diariamente, apresentou sua última edição sem aviso prévio e sem o clássico até amanhã. Saiu como entram muitos cortes corporativos, silenciosos, rápidos e calculados. Depois de 23 anos na Globo, cinco deles como correspondente nos Estados Unidos, Turci havia deixado a emissora em 2023 e apostado em novos formatos, incluindo um podcast autoral com viés humano e social. Experiência não faltava. O timing, claramente, não foi dele.

Paula Monteiro, por sua vez, havia acabado de estrear como apresentadora no canal após uma década no Pequenas Empresas e Grandes Negócios. Contratada em fevereiro, com o noticiário já no ar, virou símbolo involuntário de um crescimento anunciado que durou menos que um ciclo fiscal. A tal expansão virou nota de rodapé.

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Paula é apresentadora, com carreira em telejornalismo e produção de conteúdo multimídia. Foto: reprodução/Instagram

Mas não parou nos apresentadores. O facão passou por áreas editorial, digital, design, técnica e até maquiagem. Um detalhe nada pequeno para um canal que sustenta cerca de 15 horas diárias de programação ao vivo. A estrutura, que já era enxuta, agora opera no limite do elegante e flerta com o arriscado.

Nos bastidores, a palavra do momento é congelamento. Novas contratações foram suspensas, vagas abertas não serão repostas e a equipe remanescente absorve a sobrecarga com sorriso profissional e insegurança real. Lideranças editoriais também teriam sido surpreendidas, o que nunca é um bom sinal em redação que precisa funcionar como relógio suíço.

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Fabio Turci era jornalista do Times Brasil. Foto: reprodução/Instagram

Procurado, o Times Brasil CNB C classificou o pacote como reformulação e anunciou uma reorganização da grade para 2026, com foco no noticiário diário de negócios e alinhamento à marca global CNB C. Tradução simultânea da Cátia. O projeto amadureceu, o mercado apertou e a conta chegou antes do panetone.

No fim, o recado é claro. Não se constrói canal de negócios só com discurso ambicioso e selo internacional. Sustentação editorial custa caro, gente boa custa mais ainda, e o público percebe quando a engrenagem range.

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