O planeta amanheceu com menos cor, menos calor, menos brilho. A música perdeu um sol e nós perdemos Jimmy Cliff, o homem que transformou ondas sonoras em fé, poesia e encantamento. Aos 81 anos, o mestre jamaicano partiu após sofrer uma convulsão seguida de pneumonia, deixando uma constelação inteira de fãs à deriva.
A notícia, divulgada pela esposa, Latifa, chegou com a delicadeza de um abraço e o peso de um trovão. Em seu comunicado, ela agradeceu aos médicos, pediu privacidade e selou o adeus com uma frase que rasga o coração: “Jimmy, meu querido, descanse em paz”. Uma despedida que ecoa como um acorde que não termina nunca.

Jimmy Cliff não foi apenas um artista. Ele foi um fenômeno cultural. Um farol vibrante que iluminou do Caribe ao Brasil, passando pelos palcos, pistas, trilhas sonoras, novelas e almas. Sua voz atravessou décadas guiando multidões com clássicos como “The Harder They Come”, “Many Rivers to Cross” e “You Can Get It If You Really Want”, músicas que tocam fundo como ouro líquido escorrendo nas memórias.
Mas é aqui, no Brasil, que o coração dele bateu forte. Desde os anos 1960, quando desembarcou no Rio para o Festival Internacional da Canção, Jimmy encontrou nesta terra uma segunda pele, uma segunda casa, um segundo palco. E nós o acolhemos como um príncipe do Caribe sobre o asfalto quente de Copacabana.
Ele gravou discos aqui, celebrou a Baía de Guanabara, se apaixonou pela energia da Bahia, viu sua filha nascer em Salvador, tinha um carinho folclórico pelo país e nós retribuímos com adoração. É impossível falar da história da música jamaicana no Brasil sem falar dele. Ele não era visitante; era parte da paisagem, parte da estrela, parte da lenda.

Sua partida encerra um capítulo que parecia eterno. O reggae perde um de seus pilares mais nobres. A cultura mundial perde uma de suas vozes mais bonitas. E o Brasil perde um amigo íntimo, daqueles que a gente acha que nunca vai embora.
Jimmy Cliff sai de cena como entrou: iluminando tudo. E deixa para trás não um silêncio… mas uma eternidade.