Todos sabemos que a musa da música brasileira, Gal Costa, que veio a falecer na manhã desta quarta-feira (09), por motivos que ainda não foram divulgados, foi um dos grandes símbolos de resistência durante a ditadura militar, chegando a ter até a capa de um de seus discos censurada pelo regime da época, acusado de ferir a moral e os bons costumes.
A capa do disco “Índia”, que foi lançado pela cantora em 1973 e dirigido pelo ícone Gilberto Gil, trazia ,em close, o quadril de Gal, que vestia apenas uma tanga vermelha e uma saia de franjas de palha, ainda por colocar.
De acordo com o fotógrafo Antonio Guerreiro, o responsável pelas fotografias que foram tiradas para o álbum, a foto escolhida foi tirada por um acaso, durante um intervalo do ensaio fotográfico. “A gravadora queria a Gal na capa como uma índia. Nós, então, fomos para o Parque da Cidade, no Rio, e ela se vestiu com acessórios, cocares e adereços, mas completamente nua. No meio do resultado da sessão, apareceu essa foto e todo mundo ficou maravilhado. Foi escolhida para a capa por unanimidade”.
Durante a semana de lançamento do LP, o diretor da gravadora, Roberto Menescal, foi intimado pela censura, que afirmava que o álbum não poderia circular devido a capa e outras fotos do encarte, onde Gal aparecia com os seios de fora.
Contra a parede, a única saída encontrada pela gravadora foi circular o disco com uma capa plástica azul, que cobrisse a original. Porém se engana quem acha que isso prejudicou as vendas do disco. Sendo o primeiro disco a ser vendido com uma embalagem lacrada, ele despertou a curiosidade do público, o que impulsionou as vendas do álbum.