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Exposições

Museu da República expõe arte computacional e sagrada

Espaço tem três novas mostras, sendo uma delas em formato virtual

Redação Jornal de Brasília

08/03/2023 18h21

Foto: Junior Aragão

Espaço cultural do DF gerido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), o Museu Nacional da República (MuN) abre três novas exposições neste início de março. Na quinta-feira (9/3), Onírica, recebe o público na Sala 2 em evento de abertura da mostra coletiva, que combina arte computacional e instalações interativas. Na Galeria Térreo, Síntese do Sagrado reúne desenhos, pinturas, tapeçaria e afrescos do mineiro Edmar Almeida. Já na sexta-feira (10/3), abre-se o acesso à exposição virtual Arquivo Indisponível, que parte de projeto museológico, que prevê mais espaço à arte em plataforma digital.

Onírica e Arquivo Indisponível são exposições envolvendo arte computacional em diferentes plataformas. A primeira é presencial, mediada por computadores e componentes periféricos; a segunda, virtual, rompe com a linearidade do percurso dentro do museu físico, e o público acessa as obras de arte clicando nos ícones da página da Academia de Curadoria.

Arquivo Indisponível é fruto de uma cooperação entre o MuN e a Academia, grupo de pesquisa sobre arte digital vinculado à Universidade de Brasília (UnB). Pelo acordo, a cada exposição, obras são doadas ao Museu. O ponto de partida da parceria foi a mostra virtual Segue em anexo, realizada em 2021. “O MuN acompanha há 15 anos o encontro de arte e tecnologia pesquisado pelo Departamento de Artes Visuais da UnB e está formando a primeira coleção de arte digital em um museu público, a coleção ARTEMÍDIAMUSEU”, relata a diretora do espaço cultural, Sara Seilert.

Interatividade

Onírica, por sua vez, reúne os artistas plásticos Rita de Almeida Castro, Carlos Praude e Felipe Castro Praude, que formam o coletivo Canto das Ondas. A exposição tem como estrutura principal um programa computacional concebido por Carlos. Um software homônimo à exposição recupera e cria imagens de paisagens, que o público pode manipular usando controles semelhantes aos joysticks dos videogames.

A poesia do sul-mato-grossense Manoel de Barros (1916-2014) e imagens capturadas que aludem aos elementos terra, ar, fogo e água compõem a exposição, fazendo contraponto analógico aos devaneios que o público pode experimentar nas interações propostas. O curador de Onírica, Carlos Lin, explica aspectos da exposição, como o de paisagem sonora: que “funde dois campos de sentidos, o visual e o auditivo, como índice de inscrição na concepção contemporânea de arte”. Nesse experimento, a música, segundo ele, “é integrativa, produzindo vivências imersivas, como em um passeio pelo som”.

Sobre o processo criativo, Lin, que é ex-professor do Departamento de Artes Visuais da UnB, conta que os artistas Rita e Carlos captaram imagens nos Lençóis Maranhenses. “A ida lá faz parte do processo criativo de estar no mundo, ser o mundo, sendo na pulsação do instante, no fluxo da vida. Fazer imersão em campo, fundir-se à paisagem, ser parte integrante da paisagem são princípios da arte contemporânea”, ensina.

Lin explica ainda que a poesia de Manoel de Barros entra na exposição “pela beleza do enunciado, pela surpresa na narrativa, pela simplicidade no uso da linguagem, pela complexa articulação dos sentidos, pela licença poética, pelo resgate do mínimo, por uma proposta de imersão na imagem, como imersão na palavra”. E o que o público pode esperar? “Os visitantes terão acesso à criação recente de um grupo de artistas pesquisadores de Brasília de arte computacional e poderão contar com níveis tecnologicamente avançados de interação com a imagem”, promete.

Sagrado

A Galeria Térreo, por sua vez, recebe o artista Edmar José de Almeida, que está comemorando 65 anos de carreira. Segundo o curador de Síntese do Sagrado, Wagner Barja, o nome da exposição “reporta-se a uma trajetória comprometida com a cultura moderna das artes do desenho, da pintura em têmperas, da tapeçaria e do afresco, linguagens plásticas inseridas no conjunto de sua obra”.

Barja, que já foi diretor do MuN, visitou o artista no sítio onde ele mora atualmente, em Uberlândia (MG), “entre pinturas e desenhos de figuração sacra e signos geometrizados”. Almeida nasceu em Araxá (MG) em 1944. Chegou em Brasília em 1958, indo morar na Barragem do Paranoá, onde, segundo Barja, “viveu os tempos da poeira e do barro e viu erguerem-se os palácios e a Cidade Livre”. Em 1967, junto com outros professores da UnB, ele foi obrigado ao exílio pela ditadura militar.

Edmar de Almeida frequentou ateliês de artistas como Athos Bulcão, Alfredo Ceschiatti, Massao Okinaka e outros. Estudou desenho e pintura com Yolanda Mohalyi por cinco anos e, nas visitas à Europa, aprofundou pesquisas na Academia de Belas Artes de Roma, onde se especializou na pintura em têmpera e afresco, que envolvem técnicas de aglutinação dos pigmentos e intervenção sobre base úmida.

O artista desenvolveu ainda trabalhos de tapeçaria com adolescentes e idosos em Minas e criou em Uberlândia um centro de tecelagem que remunera tecedeiras para que repassem o saber tradicional aos mais jovens, promovendo a transmissão dessas artes e ofícios seculares. Segundo o curador, é justamente essa a linguagem que se destaca no conjunto da obra “cujas manufaturas ancestrais se misturam às tramas e urdiduras da história tapeceira da cultura imaterial da região”.

Além das novas exposições, a mostra AQUI ESTOU – Corpo, paisagem e política no acervo do MuN, com curadoria de Sabrina Moura, continua em cartaz no Mezanino até 2 de julho.

SERVIÇO:
Exposições do Museu Nacional da República
Setor Cultural Sul, Lote 2 – Próximo à Rodoviária do Plano Piloto
Entrada Franca
Aberto de terça a domingo, das 9h às 18h30
Classificação indicativa: Livre

  • “Onírica”
  • Curadoria de Carlos Lin
  • Evento de abertura dia 9 de março, quinta-feira, às 19h
  • Visitação: 9 de março a 7 de maio
  • Sala 2
  • “Edmar de Almeida – Síntese do Sagrado”
  • Curadoria de Wagner Barja
  • Visitação: 9 de março a 7 de maio
  • Galeria Térreo
  •  “Aqui Estou – Corpo, paisagem e política no acervo do MuN”
  • Curadoria de Sabrina Moura
  • Mezanino
  • Visitação: até 2 de julho

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