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Exposições

A próxima Bienal de Veneza enfatizará a obra de artistas estrangeiros e marginais

Pedrosa ressaltou que a expressão “estrangeiros em todos os lugares” possui um duplo significado, que será expresso nas obras da bienal

Redação Jornal de Brasília

22/06/2023 10h17

Foto: Reprodução

“A próxima Bienal de Veneza celebrará artistas estrangeiros, outsiders, queer e indígenas”, afirmou Adriano Pedrosa, curador da 60ª edição da mostra de arte mais renomada do mundo. O tema, intitulado “Foreigners Everywhere” (Estrangeiros em Todos os Lugares), foi apresentado durante uma coletiva de imprensa em Veneza. O título é derivado de uma série de trabalhos iniciados em 2004 pelo coletivo Claire Fontaine, sediado atualmente em Palermo, Itália. O tema aborda a luta contra a xenofobia e o racismo, refletindo as múltiplas crises relacionadas à mobilidade e à existência de pessoas em meio a países, territórios e fronteiras.

Pedrosa ressaltou que a expressão “estrangeiros em todos os lugares” possui um duplo significado, que será expresso nas obras da bienal. Primeiramente, destaca-se que onde quer que se vá, encontram-se estrangeiros. Em segundo lugar, independente de onde alguém esteja, essa pessoa sempre será um estrangeiro em si mesma.

“A Bienal de 2024 terá como foco artistas que são, eles próprios, estrangeiros, imigrantes, expatriados, diaspóricos, emigrados, exilados e refugiados, especialmente aqueles que se deslocaram entre o Sul Global e o Norte Global”, afirmou Pedrosa. Ele destacou que a exposição enfocará a produção artística relacionada a questões afins, como artistas queer, que transitam por diferentes sexualidades e gêneros, muitas vezes enfrentando perseguição ou marginalização; artistas outsiders, situados à margem do mundo da arte, incluindo autodidatas e artistas populares; e artistas indígenas, frequentemente tratados como estrangeiros em suas próprias terras.

Como o primeiro curador da América Latina a liderar a Bienal de Veneza em mais de 120 anos, Pedrosa, diretor artístico do MASP (Museu de Arte de São Paulo), baseou sua pesquisa em artistas latinos. Ele revelou que haverá uma presença significativa de artistas da América do Sul em sua seleção, que contará com pouco mais de 200 nomes no total. Cerca de 60% a 70% dos artistas já foram escolhidos, mas a lista será divulgada apenas em fevereiro do próximo ano.

Os artistas serão divididos em um núcleo contemporâneo e um núcleo histórico, cada um com aproximadamente cem nomes. A seção histórica terá uma parte dedicada aos artistas italianos da diáspora do século XX, que desenvolveram suas carreiras na África, Ásia, América Latina e países europeus.

Embora a bienal tenha uma conotação política, conforme destacado por Pedrosa, o curador ressaltou que as questões formais nas obras de arte não serão negligenciadas. Ele busca equilibrar trabalhos em diversas mídias em sua seleção.

Desde 2014, Pedrosa atua como diretor do MASP (Museu de Arte de São Paulo) e desempenhou um papel fundamental na reestruturação da coleção permanente do museu, utilizando versões atualizadas dos cavaletes de vidro concebidos pela renomada arquiteta Lina Bo Bardi. Além disso, ele organizou exposições individuais dedicadas a artistas como Tarsila do Amaral, Anna Bella Geiger, Ione Saldanha, Maria Auxiliadora, Gertrudes Altschul, Beatriz Milhazes, Wanda Pimentel e Hélio Oiticica.

Ao longo de sua carreira, Pedrosa ocupou diversas funções curatoriais importantes. Ele atuou como curador adjunto da 24ª Bienal de São Paulo em 1998, foi responsável pelas exposições e coleções do Museu de Arte da Pampulha em Belo Horizonte de 2000 a 2003, foi co-curador da 27ª Bienal de São Paulo em 2006, curador do InSite_05 no San Diego Museum of Art e Centro Cultural Tijuana em 2005, curador do 31º Panorama da Arte Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo em 2009, co-curador da 12ª Bienal de Istambul e curador do pavilhão de São Paulo na 9ª Bienal de Xangai em 2012.

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