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Artista portuguesa revê obra de Lina Bo Bardi em exposição em Brasília

O cata?logo da exposic?a?o reúne textos de Luís Faro Ramos, Alexandra Pinho, Sol Camacho e uma conversa entre Fernanda Fragateiro e Paulo Tavares

Redação Jornal de Brasília

26/10/2021 20h47

A Galeria Camões recebe, a partir de 29 de outubro, a exposição inédita “Só é Possível se Formos 2”, da artista plástica portuguesa Fernanda Fragateiro. Nesta mostra, Fragateiro dialoga com o trabalho da arquiteta e designer ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992), conhecida por projetar o prédio do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP), além de trabalhos editoriais e de design. A realização da exposição é da Embaixada de Portugal e do Camões – Centro Cultural Português em Brasília. e a visitação é gratuita, mediante agendamento prévio, observando todos os protocolos de segurança para a prevenção da Covid-19.

Fernanda Fragateiro tem uma obra caracterizada por relacionar arte e arquitetura de forma particular, provocando o público a refletir e interagir com as peças e o espaço que as abriga, como é o caso nesta mostra. Em “Só é Possível se Formos 2”, o prédio da Embaixada de Portugal, projetado pelo arquiteto português Raúl Chorão, reúne linguagem arquitetônica e paisagística moderna com diversas obras de arte integradas, oferecendo um contexto propício para a ambientação das obras de Fernanda Fragateiro.

A principal obra em questão é a releitura e composição espacial que Fernanda pensa a partir dos estudos e desenhos de Lina Bo Bardi da “Cadeira de Beira de Estrada” (1967). Há várias possibilidades de como esta obra teria sido concebida por Lina: desde a ideia de uma invenção espontânea da artista enquanto esperava um ônibus até a inspiração de fotografias de uma aldeia africana e de um tear indígena de Mato Grosso, nas quais aparecem em uso o objeto em formato de tripé.

Em “Só é Possível se Formos 2”, Fragateiro valoriza as ideias de Lina como designer de mobiliário, designer gráfica, fotógrafa e observadora atenta das práticas de construção vernaculares e suas relações com o espaço social e político. “São múltiplas dimensões do trabalho da Lina no campo da arquitetura, da investigação da curadoria, da edição, e o seu forte compromisso com a pedagogia, que atravessa toda a sua prática, o que mais me interessa e onde me revejo”, reconhece Fernanda Fragateiro.

Concebida em meio à pandemia, a exposição reúne estudos do acervo de Lina, parte do Instituto Bardi/Casa de Vidro, e registra o processo criativo de Fernanda Fragateiro nas investigações sobre a Cadeira e as relações entre o conjunto da obra de Lina e o Movimento Moderno, que tem em Brasília sua grande realização urbanística. Nesse sentido, Fernanda, busca ainda lançar luz às mulheres arquitetas no modernismo – movimento que se fez notório no campo da arquitetura por figuras masculinas, a exemplo de Oscar Niemeyer e Lucio Costa.

Fernanda Fragateiro traz “a voz da Lina para Brasília, em oposição à voz masculina da arquitetura tão marcada e representada aqui”. Ao recorrer ao acervo de Lina Bo Bardi, a artista amplifica o discurso e o olhar e participação femininos na arte e na arquitetura. Para ela, Lina “desafia o poder predominantemente masculino no campo da arquitetura, inspirando uma nova gerac?a?o de mulheres arquitetas”.

Além do design reimaginado da cadeira de Lina, Fernanda mergulha no fazer da artista. “Fernanda Fragateiro partilha chaves de leitura do seu processo de trabalho ao trazer para o espaço expositivo um conjunto de livros e materiais que constituem a sua investigação, num renovado convite à reflexão sobre a obra de Lina Bo Bardi, sobre os arquivos e sobre a inscrição do outro na construção do espaço que habitamos”, resume a diretora do Camões – CCP em Brasília, Alexandra Pinho.

Sobre Fernanda Fragateiro – Vive e trabalha em Lisboa. Operando no campo da tridimensionalidade, desafiando relações de tensão entre a arquitetura e a escultura, a obra de Fernanda Fragateiro potencia relações com o lugar, convocando o espectador para uma posição de performatividade. Alguns dos seus projetos resultaram de colaborações com outros artistas plásticos, arquitetos, paisagistas e performers. A sua obra tem sido exposta em diferentes museus e instituições como a Galleria Nazionale d’Arte Moderna Contemporânea de Roma, o Museu de Arte Miguel Urrutia (Bogotá), MAAT – Museu de Arquitetura, Arte e Tecnologia (Lisboa), CaixaForum (Barcelona), Palais des Beaux-Arts de Paris, Carpenter Center for the Visual Arts, Harvard University (Cambridge), The Bronx Museum of the Arts (New York), MUAC – Museo Universitario Arte Contemporáneo (Cidade do México), o Centro Cultural de Belém (Lisboa), a Fundação de Serralves (Porto), Museu Calouste Gulbenkian (Lisboa), entre outros.

Sobre Lina Bo Bardi – Arquiteta italiana nascida e formada em Roma e naturalizada brasileira, Lina se tornou um dos nomes mais exponenciais da arquitetura e do design modernistas. Depois de colaborar com editoração e ilustração de diversas revistas italianas, imigrou com o esposo, Pietro Maria Bardi, ao Brasil, em 1946. Estabelecido no Rio de Janeiro, logo o casal foi convidado por Assis Chateaubriand para fundar e dirigir o Museu de Arte de São Paulo (MASP), cujo edifício tornado cartão-postal da cidade foi projetado por Lina. Ao final dos anos 1960 colaborou com José Celso Martinez Correia, o Zé Celso, para quem produziu em seguida desenhos para a sede do Teatro Oficina. Em 1977 retornou à cena arquitetônica com o projeto, considerado um dos seus mais relevantes trabalhos por representar uma síntese da sua carreira: o centro de lazer do SESC Pompéia, em São Paulo. Em 1990, Lina e Pietro fundaram o Instituto Quadrante, atualmente Instituto Bardi/Casa de Vidro, com o objetivo de desenvolver atividades culturais e de estudos relacionados com a história da arte e da arquitetura.

Serviço:

Só é Possível se Formos 2
De 29 de outubro de 2021 a 18 de fevereiro de 2022
Na Galeria Camões (Embaixada de Portugal, SES, Quadra 801, Lote 2)
A exposição está aberta a visitação do público exclusivamente mediante agendamento prévio nos dias e horários disponíveis. Cada visita terá até 10 visitantes, de modo a garantir o distanciamento social e fazer cumprir todos os protocolos de segurança em prevenção à Covid-19.
Agendamento: [email protected].
Entrada franca.

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