Michel Toronaga
Do Cine61, especial para o JBr.
Enquanto o País comemora a possibilidade de ser campeão na Copa do Mundo, um triste ranking liderado pelo Brasil envergonha: nenhum outro lugar do planeta assassina mais travestis e transgêneros. A violenta temática é o que move o longa-metragem Berenice Procura, dirigido por Allan Fiterman. O cineasta tem uma vasta experiência na televisão, tendo dirigido séries e novelas como Haja Coração, Cheias de Charme, O Astro e Ciranda de Pedra – todas da Rede Globo.
Com um roteiro baseado no romance homônimo de Luiz Alfredo Garcia-Roza (o mesmo autor de Achados e Perdidos), o filme acompanha a atarefada vida da taxista Berenice (Cláudia Abreu). Presa num casamento decadente com um repórter policial machista (Eduardo Moscovis), ela trabalha muito e tem clientes fixos.
A trama também foca no filho de Berenice: Thiago (Caio Manhente). O adolescente frequenta uma boate que faz shows com travestis e drag queens. A casa é comandada com mãos de ferro por Greta (Vera Holtz), que só pensa em ganhar dinheiro. Ela usa e abusa do talento das garotas para promover uma programação noturna na boate.

Vendido como suspense, o filme funciona mais como drama. Berenice é uma personagem muito rica, que vive conflitos na vida conjugal enquanto procura a própria independência. Temas atuais e urgentes como homofobia e o descaso com as minorias estão presentes. O resultado é um filme interessante, que teria potencial para ser ainda melhor. O final é um tanto simples, mas não apaga os bons momentos que o antecedem.