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Cinema

Tradição dos povos indígenas do Brasil no cinema

Itaú Play exibirá, com acesso livre, quatro documentários paulistanos de curtas-metragens sobre as comunidades Maxakali e Krenak (MG).

Redação Jornal de Brasília

22/02/2024 18h54

A Itaú Cultural Play encerrará fevereiro com uma imersão na vida e na resistência dos povos indígenas do Brasil. A partir desta sexta-feira (23/02), a plataforma de streaming exibirá quatro documentários paulistanos de curtas-metragens sobre as comunidades Maxakali e Krenak, as duas de Minas Gerais. Marcadas por perseguições e conflitos, essas populações usam seus idiomas e tradições para a preservação de suas identidades dentro da diversidade cultural brasileira. As obras podem ser acessadas gratuitamente em www.itauculturalplay.com.br ou por meio de dispositivos móveis Android e IOS.

Yamiyxop – Os espíritos guerreiros, Língua e Território, e Trilha da Lagoa Seca têm direção do jornalista e documentarista Claudiney Ferreira, que foi gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural por duas décadas. Quem assina a direção de Reformatório Krenak é o também documentarista Rogério Corrêa. No conjunto, os quatro filmes dão luz à cultura e à vida dos indígenas brasileiros, com foco nas nações Maxakali e Krenak. Todos têm produção do IC – o último em parceria com o Ministério Público Federal (MG).

Identidade Cultural

As produções mostram a contribuição valiosa desses povos de Minas Gerais para a diversidade cultural brasileira. As suas histórias são marcadas por momentos difíceis, mas também pela resiliência na preservação de suas identidades únicas, mantendo suas tradições nas atividades diárias.

Krenak

 

 

Reformatório Krenak revela a experiência desumana a que essa população foi submetida no estabelecimento criado em 1969 durante a ditadura militar brasileira, que nomeia o filme. Pela voz de seus sobreviventes e descendentes, o documentário resgata as ações criminosas ocorridas nesse local, onde eram submetidos a todas as formas de violação dos direitos humanos indígenas: presos, torturados e escravizados como mão de obra.

Por trás da história de extermínio, existe uma narrativa de resiliência, luta e preservação da cultura dos Krenak – perseguidos desde o período colonial e atualmente situados, em sua maioria, em Resplendor (MG). A perseguição histórica e constante os forçou, em 1957, a se deslocarem para as terras indígenas dos Maxakali – tema dos outros documentários que chegam à plataforma –, retornando dois anos depois para seu território tradicional.

Em 5 de novembro de 2015, foram atingidos pelo maior desastre ambiental brasileiro: o rompimento da barragem de Fundão, reservatório de rejeitos de mineração – controlado pela Samarco – em Mariana (MG), na bacia hidrográfica do Rio Doce, que abrange 230 municípios. A devastação deixou 19 mortos e atingiu, entre outros, a comunidade Krenak, de 400 pessoas, que vive em 4 mil hectares à margem esquerda do rio. Atualmente, o povo reivindica uma revisão territorial de suas terras demarcadas, incluindo a área de Sete Salões – conjunto de cavernas considerado por eles terra sagrada –, além de seu direito à vida.

Maxakalis

Como em todo o país, antes da consolidação do estado de Minas Gerais, a região já era habitada por grupos indígenas. Devido às constantes intervenções e perseguições, alguns deles se uniram em uma ampla coletividade que constituiu o povo Maxakali. Hoje, estabeleceram-se em quatro áreas distintas do estado: nas aldeias de Água Boa, no município de Santa Helena de Minas; em Padrinho e Cachoeira, no município de Bertópolis; em Aldeia Verde, no município de Ladainha, e no distrito de Topázio, em Teófilo Otoni.

Em Língua e Território, Ferreira registra as reflexões dos cineastas Isael e Sueli Maxakali. Eles vivem com outros indígenas no Vale do Mucuri, no estado mineiro, e falam sobre o uso de sua língua nativa como instrumento de preservação de sua cultura e identidade. Esse idioma, que para eles é cura, resistência e acesso ao mundo espiritual, dá sentido a sua existência, permeada ao longo do tempo por graves problemas como o desaparecimento de florestas, epidemias, conflitos com homens brancos e formação de cidades que sufocam seus povoados.

Fiel ao espírito da cultura oral, o mesmo diretor destaca, no documentário Yamiyxop – Os espíritos guerreiros, a preservação das tradições dos Maxakalis pela transmissão de seus mitos de geração para geração. Ao redor da fogueira, o professor Mamey Maxakali compartilha a história dos Yamiyxop, espíritos guerreiros que concretizam sua jornada espiritual na travessia de um rio. Nesse cenário propício para a troca de saberes e experiências coletivas, eles contam histórias, cantam e discorrem sobre a conexão entre os espíritos-animais e os seres humanos.

Em Trilha da Lagoa Seca, o filme de Ferreira registra, de forma despretensiosa, a caminhada dos líderes indígenas pajé Mamey Maxakali, do cacique Syratã Pataxó e do emburé Pataxó pela trilha da Lagoa Seca, localizada na Reserva Pataxó de Jaqueira, na Bahia. Nesse trajeto, conversam sobre as semelhanças e diferenças culturais entre seus povos, meditam sobre as complexidades da natureza e a relação dos animais com o lugar, entre outros temas.

SERVIÇO:

A partir de 23 de fevereiro, em Itaú Cultural Play.

Em www.itauculturalplay.com.br
Documentários de curtas-metragens
Gratuito

Reformatório Krenak
(São Paulo, 2016)
Direção: Rogério Corrêa
Duração: 18 minutos
Classificação indicativa: maiores de 12 anos (descrição de violência, lesão corporal e tortura) – com autoclassificação

Yamiyxop – Os espíritos guerreiros
(São Paulo, 2017)
Direção: Claudiney Ferreira
Duração: 31 minutos
Classificação indicativa: livre- com autoclassificação

Língua e Território
(São Paulo, 2017)
Direção: Claudiney Ferreira
Duração: 10 minutos
Classificação indicativa: livre- com autoclassificação

Trilha da Lagoa Seca
(São Paulo, 2017)
Direção: Claudiney Ferreira
Duração: 39 minutos
Classificação indicativa: livre –  com autoclassificação

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