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Cinema

Jane Fonda celebra o MeToo em Cannes e critica figuras como Jean-Luc Godard

Fonda disse que a luta contra a crise do clima está intimamente ligada àquelas contra o racismo e o patriarcado

FolhaPress

26/05/2023 13h36

Foto: Reprodução

Leonardo Sanchez
Cannes – França

Convidada de honra do Festival de Cannes deste ano, Jane Fonda se encontrou com o público nesta sexta-feira (26) para falar de sua carreira e, claro, de seu ativismo.

Presa várias vezes devido à participação em diversos tipos de protestos, Fonda disse que a luta contra a crise do clima está intimamente ligada àquelas contra o racismo e o patriarcado.

“Não haveria aquecimento global se não houvesse racismo e o patriarcado. O modo de pensar de uma coisa está conectada à outra. É uma discussão que gira em torno do homem branco”, afirmou a atriz, que ganhou uma Palma de Ouro especial em 2007.

Seu ativismo veio à tona de forma natural, enquanto ela respondia sobre os próximos projetos no cinema e na TV -áreas nas quais não pretende dar as caras ao menos até que a próxima eleição presidencial americana tenha acabado.

Mas ponderou que tanto republicanos quanto democratas são culpados pela crise do clima, porque ambos recebem dinheiro de empresas que exploram combustíveis fósseis.

“Nós ainda temos motivos para ficarmos esperançosos, mas isto é sério. Nós temos sete, oito anos para cortar o uso desses combustíveis. Infelizmente, é quem tem menos responsabilidade que mais sofre”, disse.

“É uma tragédia e nós temos que prender os homens que estão por trás dela -sim, porque são todos homens. Então eu não tenho tempo para ficar pensando no meu próximo papel, alguém precisa simplesmente me oferecê-lo.”

Parte da série de encontros que Cannes promove entre o público e grandes nomes do cinema, que neste ano teve ainda Quentin Tarantino e Michael Douglas, a conversa também foi uma oportunidade para que Fonda falasse sobre curiosidades de alguns de seus principais filmes, como “Barbarella” e “Amargo Regresso”, pelo qual ganhou uma de suas duas estatuetas do Oscar, em 1979.

Sobre o longa, a atriz americana disse que o projeto veio na esteira de um conselho que recebeu de um amigo nos anos 1970, ao lado do qual protestava contra a Guerra do Vietnã, conflito que despertou seu lado ativista.

Preocupada que sua carreira no cinema estava tomando o tempo que ela poderia investir em suas lutas, ela pensou em desistir de atuar.

Ele respondeu que as manifestações estavam cheias de todo tipo de gente, mas não de atores. E que ela, com seus holofotes, deveria escolher bem seus projetos. “Amargo Regresso” foi um dos principais filmes a falar do Vietnã à época.

Ela ainda celebrou o movimento MeToo, como uma abertura para que mulheres acabassem com anos de abusos, e criticou Jean-Luc Godard, com quem trabalhou em “Tudo Vai Bem”. “Ele era um grande cineasta, eu tiro meu chapéu, mas enquanto homem… não, simplesmente não.”

Apesar dos temas sérios que dominaram o encontro, Jane Fonda não economizou simpatia e bom humor ao longo das quase duas horas, puxando até uma salva de palmas ao seu maquiador, que estava presente, e dando conselhos otimistas aos atores mais jovens na plateia.

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