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Cinema

De Adirley Queirós e Joana Pimenta, “Mato Seco Em Chamas” estreia nesta quinta (23)

Filme que figurou nas principais listas de Melhores do Ano de 2022, inclusive na tradicional Sight and Sound, é o primeiro lançamento da Sessão Vitrine em 2023

Redação Jornal de Brasília

20/02/2023 12h11

Foto: Divulgação

Depois de ser exibido em 36 Festivais de todo o mundo e receber 27 prêmios, MATO SECO EM CHAMAS, dirigido por Adirley Queirós e Joana Pimenta, estreia no circuito nacional nesta quinta-feira, dia 23 de fevereiro. O filme, o primeiro da Sessão Vitrine no ano de 2023, está programado em 20 cinemas nas cidades de Aracaju, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Palmas, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

MATO SECO EM CHAMAS desafia classificações e a linguagem cinematográfica, combinando documentário com elementos do faroeste e ficção-científica. A fotografia é assinada pela diretora Joana Pimenta, que já havia trabalhado com Adirley Queiróz em “Era uma vez Brasília”. 

Como é de costumes nos filmes de Adirley, a ação do longa se passa na Ceilândia, periferia de sua cidade, e tem, ao centro, as irmãs Chitara e Léa, líderes de uma gangue feminina, que rouba óleo de um oleoduto, refina-o e vende como combustível na favela Sol Nascente. A história do grupo é relembrada por suas membras na prisão. 

“Acredito que o Brasil esteja em busca de uma certa sensibilidade, já que sensibilidade é definida por classe, território e pensamento. O cinema brasileiro tem a necessidade de retratar a realidade, e se assume que a câmera estática não permite esse tipo de sensibilidade, caindo então num formalismo. Para nós, esse formalismo deu uma nova força para a realidade. Estabelecemos um código, no qual a energia pertence aos personagens”, conta Adirley sobre as escolhas estéticas da dupla em entrevista à Variety.

Marcada pela trajetória das personagens, a narrativa de MATO SECO EM CHAMAS combina o documental com a ficção no arco de transformação de suas protagonistas. “Procuramos mulheres que tinham uma história que trazem uma melancolia, cujos rostos e corpos são marcados por essa história de liberdade e aprisionamento. Uma geração inteira que foi encarcerada e tem o sentimento de não saber se está no presente, passado ou futuro. Você vai para a prisão e o que para você é um dia, para o resto do mundo são anos. É quase coisa de ficção-científica. O tempo é relativo”, explica Joana.

Definido pelo francês Le Monde como uma combinação de Mad Max com o cinema de Pedro Costa, o jornal escreve: “Bem-vindo ao Brasil de Jair Bolsonaro, onde dois cineastas – o brasileiro Adirley Queiros e a portuguesa Joana Pimenta – unem forças para encenar uma docuficção que sonha com a revolta. MATO SECO EM CHAMAS, filmado com não-profissionais desempenhando seu próprio papel mesmo na fantasmagoria onde o projeto do filme os conduz.

Sobre os Diretores

JOANA PIMENTA é uma diretora portuguesa. O seu mais recente filme, Um Campo de Aviação, teve a sua estreia no 69º Festival de Cinema de Locarno, e foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Toronto, Festival de Cinema de Nova Iorque, Roterdão, CPH:Dox, Rencontres Internationales, Oberhausen, Valdivia, Mar del Plata, Edinburgh, entre outros, e recebeu o Prémio do Júri para Melhor Filme em Competição no Zinebi’58. Joana tem um doutoramento em Cinema e Artes Visuais pela Universidade de Harvard, onde atualmente leciona Realização e é diretora do Film Study Center para além de realizadora associada do Sensory Etnography Lab.

ADIRLEY QUEIRÓS é um cineasta Brasileiro, autor de filmes como A Cidade é uma só?, Era Uma Vez Brasília (2017), que teve a sua estreia no 70º Festival de Cinema de Locarno, onde recebeu a Menção Honrosa Signs of Life, e também Branco Sai, Preto Fica (2014), que passou em inúmeras salas de cinema no Brasil e foi galardoado com mais de 20 prémios. O seu trabalho passou já por locais como o Lincoln Center, Museu da Imagem em Movimento, ICA Londres, Pacific Film Archive, para além de aparecer em publicações como a Artforum, Cinemascope e Cahiers du Cinéma. Os filmes de Adirley tiveram estreias comerciais no Brasil, Estados Unidos, UK, Argentina, Portugal, entre outros países e estão neste momento disponíveis no canal The Criterion Collection.

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