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Cinema

‘A Pior Pessoa do Mundo’ subverte comédia romântica

O filme dirigido por Joachim Trier estreia amanhã (24); No elenco, nomes como Renate Reinsve e Anders Danielsen

Redação Jornal de Brasília

23/03/2022 11h09

O filme dirigido por Joachim Trier estreia amanhã (24); No elenco, nomes como Renate Reinsve e Anders Danielsen

Foto/Reprodução

Fosse o mundo justo, A Pior Pessoa do Mundo teria duas indicações além das duas que conseguiu (filme internacional e roteiro original). Uma para sua atriz, Renate Reinsve, que levou o troféu de atuação feminina no último Festival de Cannes, e outra para Anders Danielsen Lie na categoria ator coadjuvante. A Pior Pessoa do Mundo, dirigido pelo norueguês Joachim Trier, estreia nesta quinta-feira, 24, bem a tempo da cerimônia do Oscar no domingo.

O filme causou sensação em Cannes e outros festivais por onde passou ao subverter os códigos da comédia romântica para tratar de questões existenciais, como a mortalidade e a passagem do tempo. O filme é parte da informal Trilogia de Oslo de Trier, formada por Começar de Novo (2006) e Oslo, 31 de Agosto (2011). “Para mim, o filme faz uma ligação com esses dois longas”, disse Anders Danielsen Lie, que participou dos três, em entrevista ao Estadão, por videoconferência.

Em A Pior Pessoa do Mundo, o ator deixa de ser o protagonista para ser o coadjuvante das angústias e falta de rumo de Julie (Reinsve), prestes a completar 30 anos. Ela tentou medicina, psicologia e agora está na fotografia. Julie se envolve com Aksel (Lie), um cartunista de renome e mais velho. Aos poucos, o relacionamento vai se desgastando. Em uma festa, Julie conhece Eivind (Herbert Nordrum), mais jovem e menos ambicioso. Mas será que é isso mesmo o que ela quer? Aliás, o que ela quer? “Eu achei interessante explorar temas que já estavam nos outros longas, como os limites impostos pelo tempo, mas sob o ponto de vista de Julie”, disse o ator. “Aksel é visto pelo olhar dela.”

Foto/Reprodução

Curiosamente, em A Ilha de Bergman, também em cartaz, Lie interpreta um personagem imaginado por uma roteirista e diretora, dentro de um longa imaginado por uma roteirista e diretora, Mia Hansen-Løve. “É bem interessante ser visto de uma perspectiva feminina”, afirmou. “Estamos tão acostumados ao ponto de vista masculino, já que a maioria dos diretores na história do cinema é homem. É muito libertador ter outras visões “

Clichês

Mas o ator acredita que todas as produções que fez com Trier desafiam os clichês sobre masculinidade. “Normalmente, os personagens masculinos tomam as decisões e estão à frente da trama. E nós costumamos explorar homens mais vulneráveis, confusos, indecisos, o que na minha opinião está mais próximo da realidade.” Aksel não é tão imaturo quanto o personagem que Lie interpretou em Começar de Novo, mas também está confuso e não sabe exatamente quem é.

Originalmente, o personagem seria feito por um ator mais velho. Mas, sendo melhores amigos, Lie e Trier foram conversando sobre o filme e acabaram desistindo de procurar outra pessoa. As carreiras do diretor e Anders Danielsen Lie são, a essa altura, indissociáveis. Filho da atriz Tone Danielsen, ele estreou no cinema aos 11, em Herman – Aprendendo a Viver (1990), de Erik Gustavson. A experiência não foi das melhores. Tanto que ele estava acabando a Faculdade de Medicina quando foi chamado para um teste em Começar de Novo. O longa falava de saúde mental, ele estava estudando o assunto, achou que valia tentar. E assim sua carreira como ator teve uma ressurreição.

Foto/Reprodução

Mesmo com o sucesso subsequente, Anders Danielsen Lie nunca abandonou a medicina. Entre uma ida a Cannes e viagens para a campanha do Oscar, ele continuou voltando para Oslo para vacinar pessoas contra a covid-19 e atender pacientes no consultório. “Ambos os trabalhos tratam de comunicar-se bem com as pessoas e estar na mesma sintonia que seu companheiro de cena ou paciente ” Ele acredita que ser médico ajuda seus papéis no cinema. “Para mim seria um paradoxo fazer parte de filmes que lidam com o humano e o real estando preso em uma bolha ficcional.”

Estadão conteúdo.

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