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Celeiro das Antas comemora 25 anos com ocupação na Funarte

Arquivo Geral

04/05/2018 17h44

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Beatriz Castilho
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Esqueça a ideia de que anta é sinônimo de ignorância. Na cena teatral, a trupe que leva esse animal no título é uma das companhias mais tradicionais do Distrito Federal. Este ano, Celeiro das Antas completa duas décadas e meia de vida. Em ritmo de celebração, o grupo ocupa a Funarte (Eixo Monumental) durante duas semanas, com seis espetáculos em cartaz. Conhecido na capital por sua ampla trajetória entre os palcos e a arte da palhaçaria, o ator e diretor Zé Regino comemora 36 anos de teatro e 25 anos do Celeiro.

Em conversa com o JBr., Zé conta, rindo, que na verdade a equipe já tem 26 anos. Oficialmente, o grupo brasiliense nasceu na primavera de 1991, ou seja, em 2018, completaria 27 anos. A animação de celebrar os 25 anos foi tanta que ninguém se atentou ao fazer as contas, conta. O criador da trupe afirma que toda a celebração foi pensada “na louca!”, já que financeiramente esta não é a melhor hora para comemorações. “No meio dessas crises, vejo essa programação como a vida nos dizendo para reforçar nossa luta porque, de alguma forma, tudo deu certo”.

Aliás, a questão financeira é um grande tópico na vida de quem vive de artes cênicas, conta o diretor. “Deveria criar um botton escrito ‘vivo de teatro, mas não me pergunte como’”, brinca. Para ele, desde a formação acadêmica, jovens atores são orientados a entender o cenário em que a profissão se encaixa. “É um trabalho sem glamour, igual peão de obra. Nós carregamos equipamento, dormimos no chão do camarim, sofremos para ganhar nosso pão”, detalha. E é com essa consciência, e brincando com a situação, que a trupe se molda.

Apesar de também ser caracterizada pela comédia, estudo e pesquisa, a trupe foca na simplicidade – uma das principais marcas estéticas do grupo. O que pode ser deixado de lado é descartado, sendo substituído por texto ou movimentos cênicos, conta. “Nossa identidade também é dialogar com a realidade, tendo noção do nosso papel político. Não dá mais para justificar machismo com texto de Shakespeare”, diz.

Outra grande característica do grupo, da qual Zé se orgulha, é a organização democrática. A cada peça feita, é escolhida uma pessoa responsável apenas por questões de logística, pois todas as decisões são tomadas em conjunto. “Caracterizo nossa forma de lidar com as coisas como ‘horizontal’. Existe uma hierarquia natural, mas que é flutuante. É tudo na base da troca, pode ser mais difícil, mas é mais profundo”, explica o veterano.

Tradição

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Em 25 (ou 26) anos de Celeiro das Antas, o criador pontua dois momentos como sendo os mais importantes para a jornada do grupo. O primeiro é a montagem de Moby Dick (inspirado no romance de Herman Melville), que inaugurou as produções do conjunto. Já o segundo é a saída da trupe de Brasília. “Foi o momento em que começamos a ganhar mais visibilidade e ser reconhecidos pela estética da companhia”.

Mesmo considerando a migração da capital como um dos momentos mais marcantes, porém, a capital do País é parte essencial do grupo. “A forma de se fazer teatro aqui sempre foi diferente, seja pela facilidade da geografia ou pela democraticidade das produções”, conta  Zé Regino. As referências internacionais são apontadas como um dos cênicos da capital. “Por ser um centro de embaixadas, lembro de ter visto espetáculos de todos os lugares. Isso sem dúvidas influencia”.

José Regino nasceu na cidade mineira de Corinto, região central do estado. Veio a Brasília ainda muito novo, com apenas 7 anos. Começou a entrar em contato com a arte em 1979, se formando pela Fundação Brasileira de Teatro em 1985. Hoje, o ator, palhaço e diretor é também veterano na cidade, com seus quase 40 anos de carreira.

Serviço:
A programação da Funarte (Eixo Monumental) começa nesta sexta-feira (4) e se estende até o dia 20 de maio, contando com opções que agradam a todos os públicos – desde produções para bebês até textos adultos. Saída de Emergência é a montagem inaugura o evento, às 20h. Ingressos: R$ 15 (meia-entrada). Informações : 2099-3080. Classificação indicativa varia de acordo com a peça.

Confira a programação completa:

>> Saída de Emergência

Dias 4, 11 e 18 de maio (sexta-feiras), sempre às 20h. Classificação: 16 anos (contém cenas de nudez)

>> Panapanã (Teatro para Bebês)

Dias 5, 6, 12, 13, 19 e 20 (sábados e domingos), sempre às 11h. Classificação: livre

>> A História do Balão Vermelho (Teatro Infantil)

Dias 5, 6, 12 e 13 (sábados e domingos), sempre às 16h. Classificação: livre

>> Sonho de Uma Noite de Verão

Dias 5, 6, 12 e 13 (sábados e domingos), sempre às 20h. Classificação: 12 anos

>> Era Uma Vez Chapeuzinho Vermelho (Teatro Infantil)

Dias 19 e 20 (sábado e domingo), sempre às 16h

Classificação: livre

>> Domingo Sem Chuva

Dias 19 e 20 (sábado e domingo), sempre às 20h

Classificação: 12 anos

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