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Beco Elétrico promove festas independentes todos os sábados de junho

Arquivo Geral

02/06/2018 15h28

Divulgação/ Daniela Braga

Beatriz Castilho
[email protected]

Cinco grupos e um projeto. Entre a ocupação do espaço público e a democratização da vida noturna da capital, junho é marcado pela resistência cultural, com uma série de festas gratuitas que acontecem a cada sábado do mês. Com o Setor Comercial Sul de palco, Limbo é quem inaugura a programação neste sábado (2).

O nome é baseado na ideologia cristã, significa “à margem” e o evento simboliza a ideia principal do festival Beco Elétrico. A proposta é trazer um intercâmbio musical com o eletro disco do paulistano Abreia, seguido de um eletro-experimental do duo Pílula (DF e MG) e apresentação de Kurup e Jaçira.

O intuito

Ocupar e arrecadar dinheiro para reformar o Beco da Casa da Cultura da América Latina, no Setor Comercial Sul, foi o ponto de partida para o Beco Elétrico, que agora engloba divulgação das festas, movimentação e democratização da cena cultural, e conta com mais de 30 pessoas na montagem. “Trabalhamos conjuntamente em uma estrutura unificada, com cada festa tendo sua identidade e sua assinatura”, explica Rachel Denti, participante da equipe SNM e uma das organizadoras.

Respectivamente, Limbo, Confronto Soundsystem, SNM, Sujo e Sintra FM, revezam a responsabilidade de cada dia. Para Rachel, apesar das diferenças de som e estética, as festas convergem em um ponto. “Todos os coletivos partiram da vontade de tornar a cena algo mais democrático, conseguir fazer algo para quem quer sair e não tem grana”, afirma. Além disso, o viés político da produção é outro fator importante. “Nos posicionamos contra assédio, machismo, racismo, homofobia, queremos que uma pessoa seja quem ela quiser”,garante.

Aliás, é o fator político que Rachel pontua como principal, quando questionada sobre a grande característica do Beco Elétrico. “Quem frequenta vê que é uma forma de resistência, e não só entretenimento, seja ela em relação à cidade, à respeito, à individualidade”. Para ela, festas independentes refletem a mudança do perfil da noite noturna brasiliense, desde acessibilidade de eventos à representatividade social entre eles.

Sem patrocínio e financiamento, a arrecadação de fundos acontece pelas vendas do bar, que apesar de pequena, é a principal fonte de um evento independente. “As primeiras festas são as mais difíceis porque só com o tempo entendemos que é o fornecedor mais barato. A galera também ajuda muito, porque deixa de comprar bebida de ambulante para comprar da gente, por exemplo”, explica Rachel, que afirma: “fazemos isso por acreditar no rolê, e não pelo dinheiro”.

Localizado no Beco da CAL (Setor Comercial Sul), o espaço fica no centro da capital, a pouca mais de 1 km da Rodoviária do Plano Piloto. “É engraçado porque muita gente tinha medo de ir para lá. Antes era super abandonado, mas hoje está lindo, com grafite nas paredes e tudo. Está fácil identificar aquele lugar como parte da cidade”, afirma a produtora.

Divulgação/ Daniela Braga

Pioneiros

A escolha do local não é recente, já que desde 2004 é movimentado por esse tipo de evento. Um dos pioneiros foi o Confronto Soundsystem, responsável pelo dia 9 da programação. Afonso Serpa, um dos criadores, conta. “Sou do Rio, quando me mudei pra cá achava estranho que as pessoas não se encontravam na rua. Já que a arquitetura não facilitava, nós decidimos criar esquinas com o Confronto”.

Desde o início, da mesma forma que o Beco Elétrico, a democratização de público está enraizada na ideologia do evento. “Por ser de graça, até moradores de rua entram na festa e nos permitimos porque queremos que as pessoas se relacionem. Tratamos todo mundo igual”, afirma Afonso.

Há 14 anos pautando a vida noturna brasiliense, o criador acredita que tenha começado um movimento. “O Beco é um exemplo de festa que acontece na rua e surgiu da experiência de todo mundo. Quando começamos, era para mostrar que era possível ocupar espaço público e assim plantamos a semesnte”.

Além do aumento de eventos como esse, Afonso não vê muita diferença entre o começo do contexto em que o Confronto surgiu. “A única questão é um movimento contrário que tem crescido junto. Essa ideia de particularizar o som. É um conservadorismo que preocupa o futuro de uma coisa tão natural, que é se juntar na rua”, conclui.

Serviço: Beco Elétrico

Datas: 2, 9, 16, 23 e 30 de junho (Sábados de junho) a partir de 22 horas
Local: Beco da CAL (Casa de Cultura da América Latina – Setor Comercial Sul Q. 4)
Entrada franca
Informações: [email protected]
Classificação indicativa: 18 anos.

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