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Economia

Rubem Novaes: mudança no comando do BNDES não afeta oferta de ações do IRB

Nesta semana, Gustavo Montezano foi indicado para substituir Joaquim Levy na presidência do banco de fomento

Aline Rocha

19/06/2019 14h50

Foto: Agência Brasil

O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, afirmou nesta quarta-feira, 19, que a mudança no comando do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não afeta a operação de follow on (oferta subsequente de ações) do ressegurador IRB Brasil Re. “O novo presidente do BNDES já estava envolvido nessa operação de follow on do IRB. Acho que não muda nada”, disse Novaes. Nesta semana, Gustavo Montezano foi indicado para substituir Joaquim Levy na presidência do banco de fomento.

Como informou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, em 6 de junho, a União negocia com o Banco do Brasil a possibilidade de se desfazerem juntos da participação que detêm no IRB Brasil Re em uma oferta de ações com potencial de movimentar mais de R$ 8 bilhões.

O BNDES foi designado, por meio de decreto, como responsável para executar e acompanhar os atos necessários para a venda das ações do IRB. Assim, o banco público passa a ter em mãos uma espécie de procuração e, na prática, poder para tomar decisões em nome do governo para realizar a venda de ações do IRB. “A mudança no BNDES não muda nada em relação à operação do IRB”, reforçou mais cedo Novaes, após encontro com o ministro da Fazenda, Paulo Guedes.

Retirada de recursos do FAT do BNDES pode frustrar recuperação, diz Coutinho

Uma redução excessiva do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ou a eventual extinção da instituição de fomento, com a retirada dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), pode “frustrar” a possibilidade de uma recuperação da economia, afirmou nesta quarta-feira, 19, o economista Luciano Coutinho, ex-presidente do banco. Segundo Coutinho, no contexto atual, a recuperação da economia depende dos investimentos em infraestrutura.

A questão, segundo Coutinho, é que os volumes de investimento necessários na economia brasileira são muito elevados, a ponto de não serem suficientemente financiados por recursos privados. O ex-presidente do BNDES estimou que o nível mínimo de investimentos em infraestrutura, cerca de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), implica investir R$ 370 bilhões ao ano, sendo que em torno de R$ 300 bilhões seriam financiados.

Para Coutinho, as fontes privadas de financiamento, como o mercado de capitais, são importantes e poderiam dividir com o BNDES esses R$ 300 bilhões anuais, mas dificilmente passariam desse nível. “Dispensar o papel de uma instituição como o BNDES, que tem experiência técnica e capacidade comprovada, e debilitar o principal esteio do seu funding (o FAT), significa frustrar a possibilidade de um projeto de recuperação do País, por estrangulamento de funding”, afirmou Coutinho.

O ex-presidente do BNDES participa nesta quarta-feira de ato contra a retirada da destinação dos recursos do FAT como fonte de financiamento, ao lado de outros três ex-presidentes do banco, nos governos Fernando Henrique Cardoso (Pio Borges) e Michel Temer (Paulo Rabello de Castro e Dyogo Oliveira).

A ideia de mudar a destinação do FAT está no relatório da proposta de emenda constitucional (PEC) da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara dos Deputados, elaborado pelo relator Samuel Moreira (PSDB-SP). Hoje, 40% da receita anual do FAT vai para o BNDES. O relatório propõe direcionar os recursos para pagar pensões e aposentadorias.

Coutinho é o mais longevo presidente do BNDES, tendo permanecido no cargo entre 2007 e 2016, nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O economista estava à frente do BNDES quando foram feitas as operações mais polêmicas nos governos do PT, como o apoio à formação de multinacionais brasileiras (chamada de política de “campeões nacionais”) e os empréstimos às obras no exterior.

 

Estadão Conteúdo

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