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Economia

Pessimismo com futuro da economia atinge recorde da gestão Bolsonaro, diz Datafolha

O Datafolha ouviu 2.065 pessoas por telefone em 11 e 12 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais

Redação Jornal de Brasília

19/08/2020 15h36

Thais Carrança
São Paulo, SP

Uma parcela crescente dos brasileiros avalia que a situação econômica do país vai piorar nos próximos meses, com aumento do desemprego, avanço da inflação e perda do poder de compra. O pessimismo é recorde desde o início da gestão de Jair Bolsonaro (sem partido).

Pesquisa Datafolha aponta que quatro em cada dez entrevistados (41%) acham que a situação econômica do país vai piorar nos próximos meses, enquanto 29% avaliam que vai ficar igual. A situação vai melhorar para 29% dos respondentes –1% deles não souberam opinar.?

O Datafolha ouviu 2.065 pessoas por telefone em 11 e 12 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Em dezembro de 2019, última vez em que foi feito o questionamento e antes da pandemia do coronavírus, o cenário era bem diferente: 43% avaliavam que a situação econômica do país ia mudar para melhor, enquanto 31% achavam que ficaria igual e somente 24% pensavam que a coisa iria piorar adiante.

Os maiores índices de pessimismo são atingidos entre as mulheres (46%, contra 36% dos homens), jovens de 16 a 24 anos (45%), pessoas com ensino superior (46%) e trabalhadores com renda familiar até dois salários mínimos (42%).

A opinião política afeta a percepção dos entrevistados quanto ao futuro da economia.

Com relação à avaliação do governo Bolsonaro, 56% dos que acham o governo ruim ou péssimo esperam também uma piora da atividade econômica, percentual que cai a 29% entre aqueles que avaliam o governo como ótimo ou bom.

De maneira análoga, o pessimismo é maior entre quem votou em Fernando Haddad (PT) no segundo turno e menor entre os eleitores do atual presidente.

Já o auxílio emergencial e o Bolsa Família têm pouca influência. O índice dos que acham que a economia vai piorar é bastante parecido entre quem recebe ou não os dois benefícios.

O pessimismo derrubou também a percepção dos entrevistados quanto a sua própria situação econômica, que costuma ser sempre melhor do que a avaliação com relação ao país.

O percentual de entrevistados que acha que sua própria situação econômica vai melhorar despencou de 53% em dezembro de 2019 para 30% na pesquisa mais recente.

Os que acham que sua situação vai ficar como está passaram de 30% a 49% na mesma base de comparação, enquanto os que esperam que sua situação pessoal vai piorar passaram de 15% a 19%.

Desemprego

A percepção de que o desemprego vai aumentar nos próximos meses também é generalizada. Dos entrevistados, 59% acham que o indicador vai aumentar, contra 21% que avaliam que vai diminuir. Para 19%, a falta de trabalho vai ficar estável.

Em dezembro, os que achavam que o desemprego iria aumentar eram 42%, enquanto para 26% haveria estabilidade e 30% vislumbravam uma melhora do mercado de trabalho.

O temor de aumento do desemprego é maior entre mulheres (62%), pessoas com 45 a 59 anos (65%), moradores do Sul e Sudeste (64% e 62%) e assalariados sem carteira assinada (67%).

Segundo o IBGE, a taxa de desemprego chegou a 13,3% no trimestre encerrado em junho, a maior já registrada para o período.

Mas o indicador ainda não reflete totalmente os efeitos da crise, porque o instituto só considera como desempregados aqueles que estão efetivamente em busca de trabalho.

Economistas estimam que a taxa estaria mais próxima de 21,5%, considerando pessoas que estão desocupadas e gostariam de trabalhar, mas não estão procurando emprego devido à pandemia ou outros motivos. A expectativa dos analistas é que a taxa cresça nos próximos meses, quando o fim do isolamento social e da renda proporcionada pelo auxílio emergencial devem levar mais pessoas de volta à busca por ocupação.

INFLAÇÃO

Apesar da inflação estar em nível historicamente baixo –o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumula alta de 2,31% em 12 meses até julho, bem abaixo da meta de 4% para este ano e até do piso da meta (2,5%)–, uma ampla maioria de brasileiros espera alta dos preços à frente.

São 67% os que esperam que a inflação vai aumentar nos próximos meses, contra 11% que acham que vai diminuir e 18% que avaliam que o indicador vai ficar como está. Em dezembro, esses percentuais eram de 52%, 17% e 27%, respectivamente.

A percepção de que os preços vão aumentar é maior entre as mulheres (72% delas acham que a inflação vai crescer), pessoas com renda familiar até dois salários mínimos (70%), desempregados (72%) e aqueles que avaliam o governo Bolsonaro como ruim ou péssimo (78%).

O pessimismo com relação à inflação se reflete na avaliação das pessoas quanto ao poder de compra dos salários.

Para 43% o poder de compra vai diminuir, 37% esperam que ficará igual e 17% que vai aumentar. Em dezembro, os percentuais eram respectivamente de 38%, 32% e 27%.

ENTREVISTAS POR TELEFONE

A pesquisa telefônica, utilizada neste levantamento do Datafolha, representa o total da população adulta do país.

As entrevistas foram realizadas por profissionais treinados para abordagens telefônicas e as ligações feitas para aparelhos celulares, utilizados por cerca de 90% da população.

O método telefônico exige questionários rápidos, sem utilização de estímulos visuais, como cartão com nomes de candidatos.

Assim, mesmo com a distribuição da amostra seguindo cotas de sexo e idade dentro de cada macrorregião, e da posterior ponderação dos resultados segundo escolaridade, os dados devem ser analisados com alguma cautela por limitar o uso desses instrumentos.

Todos os profissionais do Datafolha trabalharam em casa, incluídos os entrevistadores, que aplicaram os questionários por meio de central telefônica remota.

As informações são da FolhaPress

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