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Economia

Buriti retomará estudos para a obra do novo anel rodoviário

Arquivo Geral

06/02/2019 7h00

Atualizada 05/02/2019 23h16

Fotos: Renato Alves/Transição

Francisco Dutra
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O governo de Ibaneis Rocha (MDB) começou os trabalhos para a construção do Anel Rodoviário do Distrito Federal. O projeto está sendo pilotado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Ruy Coutinho, e pelo secretário de Transportes, Valter Casimiro. Segundo Coutinho, neste ano, o Palácio do Buriti vai investir R$ 150 milhões nos estudos para a obra. A pasta de Desenvolvimento Econômico também trabalha para “recuperar” o investimento de US$ 71 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o Polo JK e outras áreas de desenvolvimento econômico (ADEs), carentes de infraestrutura. Outra missão de Ruy Coutinho é dobrar os recursos aplicados do Fundo de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) em 2020. Por falta de interesse, condições e de projetos dos empresários brasilienses, os repasses caíram de R$ 1,9 bilhão em 2017, para R$ 1,4 bilhão em 2018, minguando para R$ 750 milhões este ano. Coutinho também garimpa a captação de novos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O governo pretende construir o Anel Rodoviário do DF?
Tivemos uma longa uma conversa sobre o Anel Rodoviário de Brasília. Todo o trânsito do Sul para o Nordeste atravessa o centro do Distrito Federal. Para este ano, já há uma previsão de R$ 150 milhões no orçamento para fazer os estudos. Esse projeto já é antigo, mas precisa ser todo revisto. A gente precisa retomá-lo e modernizá-lo, inclusive porque a geometria do DF mudou bastante. Porque senão você vai piorar a situação. Temos que fazer neste campo um projeto não para os próximos 4 ou 5 anos. Porque senão o problema vai se repetir agravadamente no futuro. Temos que pensar nos próximos 20, 30 anos. Este projeto vamos tocar junto com a Secretaria de Transportes. Faremos a pilotagem junto com o secretário Valter Casimiro.

A falta de infraestrutura trava o desenvolvimento do Polo JK. Como superar este problema?
Nós temos uma operação em trânsito com o BID de US$ 71 milhões. Essa operação visa a infraestrutura das áreas de desenvolvimento econômico, as ADEs. Considero a mais eficiente e mais promissora o Polo JK, que hoje tem problemas sérios de energia elétrica, água, asfalto. E isso levou à aquilo que chamo de uma “hemorragia do tecido industrial” de Brasília. E o que aconteceu? Um monte de empresas foi embora daqui. Cito a Medley, um grande laboratório que foi embora. A revenda de pneus Siqueira Campos foi embora para Santa Catarina. A gente deve, em primeiro lugar, estancar essa hemorragia dos que estão saindo. Em segundo, fazer com aqueles que estejam pensando em sair mudarem de ideia. E em terceiro trazer de volta quem já foi e introduzir novos investidores e empresas no DF.

Esse dinheiro é apenas para o Polo JK?
Ele é para três ADEs. Mas considero o Polo JK a mais importante. O empresário não vem porque não vê infraestrutura instalada. O que nós queremos é que o Polo JK seja um exemplo de desenvolvimento econômico, como o Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA) é um sucesso. Tem industria automobilística lá. Foi feito com mais planejamento, mais critério. Aqui foi feito de uma maneira atabalhoada. E como tudo que é feito de maneira atabalhoada, não funciona direito. Depois da infraestrutura, temos que ver os terrenos remanescentes e ver qual é a demanda. Aí passaremos para a fase 2, que é incentivar a demanda. Por exemplo, o Porto Seco está praticamente desativado. É uma obra importante. Alguns aspectos da logística não estão equacionados. Mas nós vamos equacionar. Eu quero que o Porto Seco seja um DAIA 2.

Por que esse dinheiro ainda não foi liberado?
O BID é muito rigoroso. É uma entidade muito séria. Então se você não cumprir um “checklist”, ela não libera o dinheiro. E houve um hiato operacional e de governança sobre esse assunto, a partir de um certo tempo para cá, e a decisão do BID foi a de cancelar a operação se todos os itens não estiverem cumpridos até setembro. E mais: o BID disse que essa é a pior operação dentre centenas de operações no Brasil. O BID disse isso para mim e para o governador Ibaneis. Então fizemos uma trabalho político junto ao BID, nos comprometendo a cumprir todos os itens. O governador criou um grupo executivo para em 60 dias equacionar todos os pontos pendentes. Esse trabalho já está sendo feito. E aquilo que iria vencer em setembro, nós conseguimos empurrar para dezembro de 2020. Ganhamos um ano e meio para fazer esse acerto operacional. Estamos no processo de recuperação de um recurso que o BID considerava perdido, cancelável.

A pasta busca “resgatar” outros recursos?
Vou dar um exemplo: o FCO, operado pelo Banco do Brasil. Os recursos para o DF vêm caindo ao longo do tempo por falta de demanda. Ou seja, o programa é mal vendido aqui. O empresariado brasiliense, por uma série de razões, não está sensibilizado para pegar esse dinheiro. Então, vou ter, inclusive, um encontro com o presidente do Banco do Brasil no sentido de ver o que podemos fazer. Vamos ver como potencializar o FCO no DF. Quero dobrar este recurso em 2020. Já estive duas vezes com o BNDES. Já tive uma conversa com o presidente do BNDES, Joaquim Levy. Eles estão dispostos a montar um força-tarefa no DF para conversas e definições de ações aqui em Brasília.

Em que?
Eles querem ver como equacionar os problemas das empresas do DF que estão em dificuldade. Já estão fazendo algo parecido em Minas Gerais, junto como governador Romeu Zema (NOVO), com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Seria um apoio financeiro com um prazo maior para desafogar o Estado. E eles também estão com um novo fundo, que chamam de Fundo de Investimento Social. Pode pegar Segurança, Educação e Saúde. Na próxima semana, quero levar os secretários destas áreas com a chefe da Casa Civil a Fazenda para uma reunião com o BNDES. A gente tem que fazer isso rápido. Sou muito angustiado com a questão da enrolação. Não tenho paciência para ficar com coisa enrolada. O único ativo que você não recupera é o tempo. Dinheiro, saúde você perde e ganha de novo. Agora, o tempo, meu amigo, não volta.

O que empreendedores e quem deseja empreender pode esperar da sua gestão?
Apoio total ao setor privado. Remover todos esses entulhos, dar velocidade. Em Brasília vemos dificuldades e entraves de todo jeito. Para conseguir um alvará é uma dificuldade. Nós temos que dar uma limpada nisso e tornar Brasília um lugar de excelência para negócios. É esse o meu “target”, o meu objetivo. Tratar bem o setor privado. O governo não gera empregos. Ele apenas arrecada. Quem gera emprego e gira economia é a iniciativa privada.

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