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Economia

Bolsa mantém-se na faixa dos 70 mil pontos com exterior, mas ruído político segue

Valorização do Ibovespa na faixa dos 70 mil pontos ocorre apesar das palavras contrárias do presidente Jair Bolsonaro, na noite de terça-feira

Redação Jornal de Brasília

25/03/2020 11h53

Foto: Divulgação

A despeito dos ruídos políticos, o Ibovespa segue acompanhando as bolsas norte-americanas, que confirmaram abertura em alta na manhã desta quarta-feira, 25. O impulso reflete a aprovação do pacote de quase US$ 2 trilhões de ajuda dos EUA para a economia do país para combater as influências negativas do coronavírus.

A alta do mercado acionário norte-americano ainda reflete o dado de bens duráveis melhor que o esperado, a despeito de ainda não levar em consideração os impactos do vírus. As encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos subiram 1,2% na passagem de janeiro para fevereiro, superando expectativas de economistas, que esperavam queda de 0,5%.

A valorização do Ibovespa na faixa dos 70 mil pontos ocorre apesar das palavras contrárias do presidente Jair Bolsonaro, na noite de terça-feira em cadeia nacional, e reforçadas na manhã desta quarta.

Bolsonaro segue contrariando o que prega o Ministério da Saúde e governadores de capitais como São Paulo e Rio de Janeiro no combate ao novo coronavírus, que é o isolamento da população em suas casas. O presidente chegou a recomendar a reabertura do comércio, de escolas e o funcionamento de transportes.

Boa parte do discurso de Bolsonaro, cita em nota a MCM Consultores, foi dedicada a criticar a imprensa por “espalhar o pavor” do novo coronavírus no País. O discurso foi criticado pela classe política, pelos presidentes das duas casas do Congresso e por vários governadores. “Aumentará ainda mais o desgaste junto às faixas da população com alta renda e maior grau de instrução”, avalia a MCM, elevando ainda mais o seu desgaste na condução da crise. “O discurso presidencial contribui para manter o ambiente político doméstico sob tensão”, cita, acrescentando que desmentidos da saída do ministro da Economia, Paulo Guedes, podem contribuir para limitar eventuais perdas nos mercados internos.

A despeito de considerar o pronunciamento desfavorável neste momento, George Sales, professor de Finanças do Ibmec SP, avalia que isso não deve ser decisivo nos mercados, tampouco nas decisões de autoridades de Estados e municípios. “O Supremo já decidiu que os Estados podem conduzir suas medidas preventivas, independentemente do governo federal”, avalia. “É claro que o investidor olha pra isso, mas acredito que seja mais uma bravata, e que as medidas já estão sendo tomadas, como linhas de crédito. É mais uma questão política”, avalia.

E não parou por ai. Nesta quarta-feira, o presidente se reuniu de forma virtual com quatro governadores do Sudeste, e o tom não foi ameno. Na reunião, o governador de São Paulo, João Doria (PSB), disse ao presidente da República que ele deveria “dar exemplo ao País, e não dividir a nação em tempos de pandemia”.

Bolsonaro também reclamou que Doria teria se apoderado do nome dele nas eleições de 2018 e depois “virou as costas” como fez todo mundo, enquanto o governador paulista disse que “sem diálogo não venceremos a pior crise de saúde pública da história de nosso País.”

Diante dessa instabilidade política e após o forte ganho do Ibovespa ontem (9,69%), operadores não descartam ainda sobe-e-desce ainda hoje.

Depois de atingir a máxima aos 71.672,92 pontos, às 11h16, o índice operava aos 70.128,79 pontos, em alta de 0,57%.

Estadão Conteúdo

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