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Economia

BNDES sobre caixa-preta: não há nenhum evento a mais que requer esclarecimento

Uma das metas era “explicar a caixa-preta”. O BNDES ficou conhecido como “caixa-preta” pela suposta falta de transparência na prestação de informações

Redação Jornal de Brasília

18/12/2019 15h35

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou nesta quarta-feira, 18, que não há mais “eventos” de operações do passado que requeiram esclarecimento por parte da instituição de fomento. O executivo fez o comentário ao fazer um balanço das cinco metas que colocou, em julho, quando assumiu o cargo, para os seis primeiros meses de gestão.

Uma das metas era “explicar a caixa-preta”. O BNDES ficou conhecido como “caixa-preta” pela suposta falta de transparência na prestação de informações.

“Entendemos que não há nenhum assunto a mais que precisemos intervir para informar”, afirmou Montezano, na apresentação do Plano Trienal 2020-2022 do BNDES, na sede do banco, no Rio. “Não há nada, nenhum evento a mais que requer esclarecimento”, completou, citando ações como a divulgação de um erro operacional num empréstimo com a JBS e anúncios de perdas em potencial com empréstimos ao exterior e ao grupo Odebrecht.

Questionado especificamente sobre a demanda comum entre os apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, por revelações de grandes casos de corrupção envolvendo o BNDES, Montezano frisou que o trabalho de ampliação da transparência é constante.

O banco poderá fazer novas divulgações caso surjam novos fatos, disse ele.

Megaoferta da Petrobras

O BNDES definirá o consórcio de bancos de investimento que trabalharão na megaoferta de ações da Petrobras em até uma semana, afirmou o diretor responsável pela área de mercado de capitais, Leonardo Cabral. Semana passada, o BNDES comunicou à Petrobras a intenção de vender até a totalidade de sua participação em ações ordinárias (ON, com voto) numa oferta secundária que deverá ser realizada até março, como revelou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Pelas cotações da última quinta-feira, 12, o valor total da operação poderia chegar a R$ 24 bilhões, mas o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, afirmou que a comunicação à Petrobras não pode ser vista como qualquer indicação de volume a ser vendido ou de prazo para realização da operação.

“Não há qualquer indicação de volume ou prazo. Vai depender do apetite de mercado”, afirmou Montezano na apresentação do Plano Trienal 2020-2022.

Segundo o presidente do BNDES, se o mercado demonstrar apetite pela oferta de ações da Petrobras, a venda poderá ser mais rápida e maior. Se o mercado “pedir muito desconto” no preço da ação, a venda tende a ser desacelerada.

Montezano afirmou ainda que o BNDES esperou a oferta inicial de ações da petroleira estatal da Arábia Saudita, a Aramco, que movimentou em torno de US$ 25 bilhões, antes de dar prosseguimento à oferta dos papéis da Petrobras que estão em sua carteira.

“Não iríamos a mercado enquanto estivesse aquele elefante na estrada. Ficamos educadamente esperando”, afirmou Montezano.

Com venda de ações da Marfrig, BNDES começa a sair dos campeões nacionais

A política de fortalecimento de grupos brasileiros, por meio de financiamento público via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que deu origem aos “campeões nacionais”, começou a ser desmontada oficialmente na terça-feira, 17. Foi quando foi finalizada a venda de uma nova emissão de ações da Marfrig para que o banco de fomento pudesse vender a fatia de 34% que detinha no frigorífico.

Na última semana antes das festas de fim de ano que costumam paralisar o mercado financeiro, o BNDES colocou em seu caixa cerca de R$ 2 bilhões com a venda dos papéis.

Para 2020, o movimento ganhará tração e a carteira de ações do banco, hoje de R$ 120 bilhões, deve terminar o ano abaixo de R$ 80 bilhões, conforme o cronograma que já circula no mercado. Essa é a promessa de Gustavo Montezano, à frente do BNDES desde julho.

Para janeiro do ano que vem, também está engatilhada a venda de metade da participação da instituição em outro campeão nacional: a JBS.

A operação também será feita via uma oferta de ações, e deve render mais de R$ 8 bilhões ao BNDES. Logo depois, até março, está no cronograma venda de parte das ações ordinárias da Petrobrás nas mãos do BNDES. O banco de fomento possui cerca de 19% das ações preferenciais e 10% das ordinárias (com direito a voto) da petroleira que, hoje, valem cerca de R$ 56 bilhões. A participação, contudo, não deverá ser desfeita integralmente em 2020.

A segunda metade de sua participação de JBS ocorrerá ainda no ano que vem e a ideia é encerrar 2020, assim, sem nenhuma participação do frigorífico da família Batista. O BNDES possui cerca de 21% de participação na JBS.

No cronograma ainda para 2020, além de Petrobrás e JBS, estão previstas as vendas das ações da siderúrgica Tupy e da empresa de energia Copel. Dentre outras gigantes que o BNDES possui participação estão, ainda, empresas como Embraer, Vale e Suzano

Histórico

O BNDES injetou quase R$ 1 bilhão em capital na Marfrig entre 2007 e 2009 e ainda aceitou comprar mais R$ 2,5 bilhões em títulos de dívida conversíveis em ações emitidas pelo frigorífico em julho de 2010 para financiar a compra da americana Keystone Foods. Em 2017, os títulos foram convertidos em ações e o BNDES ampliou sua participação, encostando no fundador do frigorífico, Marcos Molina, que possui 36,43%.

A Marfrig confirmou o preço da ação no follow on, com a saída do BNDES, a R$ 10, apesar da tentativa de puxar o preço para R$ 10,25. Em fato relevante na noite de terça, a Marfrig explicou que os recursos oriundos da oferta serão destinados para pré-pagamento de dívidas. O dinheiro deve ajudar no pagamento de seu aumento de participação na controlada norte-americana National Beef, anunciada recentemente, em um negócio de US$ 860 milhões.

 

Estadão Conteúdo

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