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Entretenimento

52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro: Viagem ao redor do tempo

Ficção científica Loop, dirigida pelo cuiabano Bruno Binni, tem estreia nacional hoje na Mostra Competitiva

Lindauro Gomes

27/11/2019 3h00

filme Loop –crédito: divulgação

Larissa Galli
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Nunca antes na história do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, um longa-metragem de Mato Grosso havia sido exibido na grande tela do Cine Brasília como parte da Mostra Competitiva. Na noite de hoje, essa história terá um ponto final: Loop, dirigido pelo cuiabano Bruno Binni, estreia nacionalmente na 52ª edição do festival — às 20h30, no IFB do Recanto das Emas, no Complexo Cultural de Samambaia e no Complexo Cultural de Planaltina, com entrada gratuita; e às 21h, no Cine Brasília (106/107 Sul), com ingressos a R$ 10 (meia). “Estou ansioso para ver como o filme vai ser recebido”, afirma o diretor.

Protagonizado pelo global Bruno Gagliasso, o filme é uma ficção científica com influências do clássico Donnie Darko (Richard Kelly, 2001) e de obras do cineasta Christopher Nolan. “Há uma conversa interessante com diversos filmes de viagem no tempo”, conta Bruno. Isso porque, na trama, Gagliasso interpreta um físico que, após a morte de sua namorada Maria Luiza (Bia Arantes), fica obcecado com a ideia de voltar no tempo.

Bruno Binni contou, em entrevista ao Jornal de Brasília, que recorreu a consultorias com especialistas e doutores em Física para trabalhar as teorias temporais no longa. “Eles leram o roteiro e me ajudaram a criar um conceito de deslocamento temporal coerente com os estudos existentes“, comenta.

Além de física, o filme também traz um pouco de questões filosóficas e morais que podem gerar uma reflexão no público. “Loop carrega premissas filosóficas e conceitos como o do Eterno Retorno, que Nietzsche considerava o seu pensamento mais amedrontador. Foi a partir daí que o universo do filme foi criado — e, no decorrer da história, encontramos os personagens sendo confrontados com algumas questões emocionais e morais que podem gerar um debate muito interessante“, afirma.

Sem revelar muitos detalhes sobre a história, Bruno Binni garante que Loop é um filme cheio de detalhes que vão prender a atenção dos espectadores. “O protagonista vai até as últimas consequências para tentar alterar o passado. Nesse processo, ele é confrontado por pedaços de sua própria história e isso tem um efeito forte sobre ele. É um filme de detalhes, para assistir com atenção”, conta.

Filmado em Cuiabá, a fábula temporal de Loop chamou atenção não só da curadoria do 52º Festival de Brasília. O roteiro atraiu a Globo Filmes, que se tornou coprodutora do filme, e o premiado diretor Fernando Meirelles assumiu a supervisão artística do projeto. A roteiro, que leva a assinatura do diretor Bruno Binni, teve sua primeira versão escrita ainda em 2009 para um curta-metragem. “Esse foi o embrião do que em 2015 acabou se tornando o roteiro do longa-metragem. Durante esse tempo muita coisa mudou, mas o conceito e estrutura narrativa permaneceram. Com a entrada da Globo Filmes, tive a oportunidade de ter o Fernando Meirelles como supervisor artístico — e a participação dele ajudou a formatar a versão final do roteiro que a gente filmou”, contou o diretor.

Descentralização

Participar do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, para ele, é um privilégio. “Lançar um filme num momento delicado para o audiovisual brasileiro e num festival tão importante como Brasília não é algo pequeno”, declarou. Bruno aproveitou para ressaltar a importância das políticas públicas de descentralização dos recursos para o audiovisual e editais de financiamento como os do Fundo Setorial e de Arranjo Regional. “Sem essas políticas, filmes como o meu jamais existiriam”, pontua.

Segundo o diretor, o estado do Mato Grosso, por exemplo, que antes produzia um ou dois curtas-metragens por ano, passou a produzir pelo menos três longas de ficção, séries, telefilme e documentários de longa-metragem. “De quase nula, nos últimos três anos, a produção audiovisual mato-grossense atingiu uma média de 40 produções e isso se deve à essa política de democratização do acesso aos recursos. Sem esse trabalho da Agência Nacional do Cinema (Ancine) e sem o Fundo Setorial, seria muito difícil eu lançar esse filme hoje”, relata.

Curtas e paralelas

Os curtas-metragens que abrem a noite de hoje da Mostra Competitiva são Rã — uma produção de São Paulo dirigida por Júlia Zakia e Ana Flávia Cavalcanti; e o mineiro Angela, de Marília Nogueira. O festival segue também com a programação das mostras paralelas Território Brasil, Novos Realizadores e a Mostra Brasília BRB de Cinema a partir das 10h, no Museu Nacional da República; a partir das 15h, no Cine Brasília; e a partir das 18h no IFB do Recanto das Emas, no Complexo Cultural de Samambaia e no Complexo Cultural de Planaltina, sempre com entrada gratuita.

Além disso, amanhã começam as exibições do Festivalzinho, com filmes voltados para o público infantil, no Cine Brasília, a partir das 9h30; e a partir das 15h no IFB do Recanto das Emas, no Complexo Cultural de Samambaia e no Complexo Cultural de Planaltina, também com entrada gratuita.

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