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Brasília

Wesley Murakami tem registros suspensos e não pode atuar no Brasil

Arquivo Geral

18/12/2018 16h23

Instagram/ Wesley Murakami

Jéssica Antunes e Raphaella Sconetto
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Wesley Murakami, o médico acusado de deformar rostos de dezenas de pacientes, não pode mais atuar no Brasil. Nos Conselhos Regionais de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) e de Goiás (Cremego), o registro dele consta em situação de “interdição cautelar” desde 14 de dezembro por prazo indeterminado, até julgamento de processo ético. Na prática, isso significa que ele não pode exercer a profissão. Em Goiânia e no DF, as polícias Civil registraram 28 denúncias contra o profissional.

O advogado do médico, André Bueno, informou que Murakami já havia suspendido os novos atendimentos quando surgiram as primeiras denúncias, seguindo orientações dos conselhos. Apesar disso, ele diz que a defesa ainda não foi notificada formalmente da suspensão e vai aguardar para se posicionar a respeito. “Tomei conhecimento em Goiânia. Vou a Brasília nesta semana para saber qual é o teor da interdição parcial”, disse ao Jornal de Brasília.

Murakami se tornou alvo de processo ético após as denúncias. Ele deve passar por julgamento e, caso seja condenado, poderá até mesmo ter o registro profissional cassado definitivamente. Além do processo, o médico possui uma sindicância instaurada que corre em sigilo processual. “O Conselho apura infrações apenas no âmbito ético. Para responder judicialmente, o médico deverá ser denunciado na Justiça. As instâncias civis e criminais são independentes, podendo ter desfechos diferentes”, apontou o Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF). Uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (19) deve apontar os detalhes para a determinação.

Procurado, o Cremego afirmou que a decisão foi tomada pelo CRM-DF. No município goiano, a instituição aguarda documentação para encaminhar para a publicação de um edital público informando que Murakami não pode mais atuar. Contudo, a decisão do conselho distrital é válida em todo território nacional.

Reprodução/CRMDF

No Distrito Federal, as investigações são tocadas pela coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, Ordem Tributária e Fraudes (Corf). De acordo com o delegado Wisllei Salomão, todas as 14 vítimas que já procuraram a polícia foram ouvidas e encaminhadas para exames no Instituto Médico Legal (IML).

Ele esclarece que há uma integração com a Polícia Civil de Goiás para coleta de provas, mas as investigações das corporações são independentes. “Os fatos acontecidos no DF serão julgados pela Justiça daqui. Os que aconteceram lá, pela Justiça goiana”.

Suspensão pode colaborar com apuração

Assim como Brasília, a capital goiana também registrou 14 denúncias contra o médico. Por lá, as investigações estão em fase de depoimentos. Segundo o delegado Carlos Caetano, da 4ª Delegacia de Polícia, é cedo para apontar os crimes. “Estamos aguardando os resultados dos laudos do IML. Depois vamos ouvi-lo. Vamos aguardar o final das investigações para apontar quais são os crimes cometidos pelo médico”, comenta.

Apesar disso, o delegado admite que a suspensão dos registros médicos colabora para a apuração policial. “É mais um indicativo das irregularidades que ele vinha cometendo. Podemos usar como elemento de prova de que está agindo inadequadamente”.

JBr denunciou 

O Jornal de Brasília fez uma série de reportagens a partir de queixas de pelo menos 40 pacientes, que se uniram para compartilhar as experiências ruins e buscar soluções. Depois de receber e relatar as reclamações, a reportagem marcou uma consulta com o médico. A intenção era conhecer a forma de atuação do profissional, uma vez que muitos pacientes relataram tê-lo procurado para procedimentos simples, mas ele acabava os convencendo de fazer a bioplastia. Em uma sala do Taguatinga Shopping, o médico cobra entre R$ 80 e R$ 130, em espécie, para avaliar cada paciente.

“Inflamações naturais”

No DF, o advogado de Wesley Murakami negou erros médicos e defendeu que as deformações nos pacientes são inflamações naturais causadas pela aplicação do polimetilmetacrilato (PMMA).

“Também consideramos um número grande (de pacientes insatisfeitos). Mas as imagens que estão sendo divulgadas são apenas no início do tratamento, de pacientes de 2014, 2016 e 2017. E a maioria delas é no dia da aplicação do produto, que fica avermelhado e um pouco dolorido. Mas com o passar dos dias desaparece”, disse na época.

Usado nos procedimentos estéticos, o PMMA é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas pode causar riscos porque não há nenhuma especificação da quantidade máxima que pode ser aplicada. A falta de regulação é uma crítica de médicos especialistas em dermatologia e em cirurgia plástica, que são os mais recomendados para realizar os tratamentos estéticos. A Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica e de Dermatologia desaconselham o uso do PMMA devido ao histórico de complicações.

 

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