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Brasília

Tráfico de crianças: mãe de crianças diz que militar não é o pai

Revelação aconteceu durante conversa informal entre ela e agentes. Polícia agora investiga envolvidos no esquema interestadual

Lucas Neiva

17/09/2020 5h52

A mãe dos filhos registrados no nome do subtenente Vitor Hugo, investigado em suposto esquema de tráfico de bebês, revelou ontem à polícia que o militar não era pai das crianças, e apresentou foto do pai legítimo. Revelação aconteceu durante conversa informal entre ela e agentes. Polícia agora investiga envolvidos no esquema interestadual.

Até o momento, as investigações permanecem inconclusivas sobre se houve ou não a prática de tráfico de pessoas no esquema denunciado no Paranoá. Mas a revelação sobre o verdadeiro pai da criança já enquadra o subtenente nos termos do Art. 242 do Código Penal, que estabelece uma pena de dois a seis anos de reclusão para quem “dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil”.

Uma investigação conjunta entre a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) procura descobrir todos os envolvidos em uma denúncia de esquema de negociação de recém nascidos envolvendo, até o momento, moradores do DF e do RJ. O esquema era organizado em um grupo no Facebook, e chegou até um subtenente da marinha que havia registrado duas crianças ilegítimas em seu nome.

Quem coordena a investigação e narra os fatos ocorridos é a delegada Jane Klébia, da 6ª Delegacia de Polícia (6 ªDP) no Paranoá. “A denúncia chegou há um mês e meio atrás. Um homem de cerca de trinta anos veio até a delegacia e afirmou ter um caso amoroso com uma moça. Ela havia engravidado dele, e eles não tinham condições de criar a criança. Ele disse a ela que tinha um parente que poderia cuidar do bebê, mas ela não aceitou. E estava negociando esse bebê com interessados no Rio de Janeiro”.

O pai descobriu a negociação ao olhar para as conversas no celular da amante, que tinha contatos salvos como “Doação 1”, “Doação 2” e “Doação São Paulo”. “Em uma dessas conversas, ele viu a amante conversando com uma pessoa que ele não conhecia em que eram oferecidos R$ 1.500 por mês para ela se cuidar até o bebê nascer. Foi então que ela tomou o celular de volta e ele veio até a delegacia contar o que havia acontecido”, explica a delegada. Até então, a amante estava no quarto mês de gravidez.

Ao tomar conhecimento do ocorrido, a delegada pediu ao judiciário para determinar o uso de tornozeleira eletrônica para que a mãe não saísse do Distrito Federal e não conseguisse dar andamento à negociação. Mas no dia da instalação da tornozeleira, ela não foi encontrada – já estava em Guaíba Grande, no Rio de Janeiro. A equipe responsável pela instalação a chamou de volta para Brasília

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