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Brasília

Torcedor ferido no Mané Garrincha engrossa lista de espera por UTI

Arquivo Geral

08/06/2016 6h00

Jéssica Antunes
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Em coma na sala vermelha do Hospital de Base, Evandro Gatto, de 47 anos, vive o drama que dezenas de brasilienses passam diariamente. Ele precisa ser transferido para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas não há vagas na rede pública. A família tenta na Justiça que o integrante da torcida organizada Raça Rubro-Negra receba o tratamento necessário. Até as 16h45 de ontem, 73 pacientes estavam na mesma situação.

“Ele precisa ser levado para a UTI. A gente está tentando conseguir um leito por todos os caminhos, porque tem essa necessidade. Estamos todos mobilizados, viemos do Rio de Janeiro. Se não tiver na rede pública, que seja na privada”, afirmou Sandro Gatto, irmão da vítima, que chegou a Brasília na segunda-feira.

De acordo com ele, a família recebeu uma guia do Hospital de Base recomendando a transferência à UTI, na noite de anteontem. “Tudo aconteceu em um estádio em Brasília. A repercussão é grande e já foi comprovado que foi invasão da torcida rival à área em que ele estava. Precisam resolver isso”, desabafou o irmão.

Briga generalizada

Arquivo Pessoal

Arquivo Pessoal

Evandro Gatto é morador de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, e chegou a Brasília no domingo para a partida entre Flamengo e Palmeiras, válida pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro, que aconteceu no Mané Garrincha porque os estádios cariocas estão reservados para as Olimpíadas. A Secretaria de Saúde se limitou a dizer que seu quadro é estável, apesar de grave, e não há previsão de alta.

A confusão começou no intervalo da partida, quando torcedores do Palmeiras tentaram invadir o setor destinado aos flamenguistas. Houve o confronto entre a PM e os membros das organizadas do Palmeiras e a corporação utilizou gás de pimenta para dispersão. Lixeiras, cadeiras e extintores de incêndio foram usados como arma e a vítima teve traumatismo craniano.

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Histórico

Em junho de 2015, o torcedor se envolveu em uma briga em Cuiabá no clássico entre Vasco da Gama e Flamengo, que valia pela nona rodada do Campeonato Brasileiro, ocasião em que o cruzmaltino saiu vitorioso. Ele integrava o grupo de cerca de 20 torcedores detidos pela polícia depois de uma briga na saída do jogo.

Evandro também já foi condenado a quatro anos de cadeia por tráfico de entorpecente (cocaína), em 2004. Na ocasião, ele teve habeas corpus negado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

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Mais de 20% dos leitos estão inativos

O drama para conseguir tratamento intensivo não é exclusivo de Evandro Gatto. Mais de 20% dos leitos de UTI da rede pública estão inativos, apontam dados da Secretaria de Saúde. Das 357 unidades disponibilizadas, 75 estão sem funcionamento. Só no Hospital de Base, maior unidade da rede e onde o torcedor espera, 24 das 82 vagas estão desativadas.

Não bastassem as vagas desativadas, o DF ainda teve uma redução de 16,7% do número de leitos da internação da rede pública nos últimos cinco anos. Um levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina aponta que 807 leitos foram desativados no período: em 2010, havia 4.872 vagas no Sistema Único de Saúde, número que caiu para 4.055 em 2015.

Quem precisa do atendimento pede socorro. A Defensoria Pública confirmou que representantes do torcedor agredido os procuraram para dar início à ação. No ano passado, foram 1.092 atendimentos de UTI e ajuizadas 801 ações para os leitos: 7,6% a mais em comparação ao registrado no ano anterior.

Saiba mais

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) denunciou Flamengo e Palmeiras pela briga entre torcedores. O procurador-geral Paulo Schmitt pediu imagens do confronto envolvendo integrantes das torcidas organizadas.

Ele solicitou a interdição do Estádio Mané Garrincha e a punição de jogos sem torcida em até dez jogos aos dois clubes.

Enquanto isso, todos os 30 detidos por envolvimento na briga já foram liberados pela polícia.

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