Menu
Brasília

Segundo pesquisa JBrExata, em 2016, saúde é prioridade

Arquivo Geral

01/01/2016 7h00

Os assuntos que mais marcaram a memória dos brasilienses foram a inflação e o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Depois de fechar o ano com a maior crise econômica dos últimos 20 anos, pesquisa do Instituto Exata de Opinião Pública (Exata OP),   com exclusividade pelo JBr., mostra que, para 61,3% dos entrevistados, esses foram os principais fatos do ano. Além disso, segundo o levantamento, a expectativa é de que a saúde, que também enfrenta dificuldades no Distrito Federal, seja prioridade em 2016. Ao todo, 27% das pessoas abordadas torce para que a área avance nos próximos meses. 

 Em segundo lugar na lista de desejos para 2016, outro tema relacionado   à economia: os salários. O resultado da pesquisa, que ouviu 600 pessoas, mostra que, para 19,3% delas, a remuneração precisa melhorar no próximo ano. Em terceiro lugar vem a educação, com 17%. Segurança e emprego foram as áreas que o brasiliense considera menos prioritárias, com 17% e 15,8%,  respectivamente. 

Surpresa

 Na avaliação do diretor do Instituto Exata, Marcus Caldas, o resultado mais surpreendente das respostas quanto à expectativa para o próximo ano foi o aumento de salários, que ficou em segundo lugar.  

“Em muitos anos de pesquisa, essa é a primeira vez que encontro este dado, superando   educação e segurança. Acredito que isso se deve ao aumento dos preços e, consequentemente, à perda de poder aquisitivo, que é lembrada todos os dias em qualquer compra, o que afeta diretamente as classes mais baixas: C, D e E, e as mais populosas”, apontou.

 Sobre os temas que marcaram o ano, Caldas analisou que o  “aumento nos preços, e o impeachment ficaram constantemente na mídia nos últimos meses, bem como o fechamento de postos de trabalho, o que gera preocupação”.

 “Comum”, corrupção não abala tanto

Desemprego e aumento da corrupção foram as opções de 16,2% e 14,7% dos questionados, revelando, para o diretor do Instituto Exata,  Marcus Caldas, que, “de um modo geral, os entrevistados entendem que a corrupção já existia e o que aconteceu foi um aumento das descobertas”. O assunto “recessão” ficou em último lugar nas respostas, com 5,8%. 

“Acho que todo mundo já sabe da corrupção. Talvez, o que a gente não esperava  era que tudo isso fosse recair sobre nós. A presidente teve um ano   negativo. E, para nós, isso veio por meio da economia. Aqui em Brasília, isso ficou ainda mais forte, porque nem no Zoológico a gente pode ir mais. Tudo ficou mais caro”, comenta o auxiliar financeiro Eder Meneses,  32 anos, do Gama. 

Na avaliação dele, “a rotina de muitas famílias foi alterada com a alta nos preços”. “Você, agora, economiza em tudo, até na alimentação. Se vou ao shopping com minha mulher e filhas, por exemplo, escolho: ou cinema ou praça de alimentação”, completa. 

A mulher dele, Maria da Conceição Meneses,  28, conta que a família fez vários cortes no orçamento. Por isso,   o resultado da pesquisa não seria surpreendente: “O impeachment e tudo mais parece resultado do que vem acontecendo”. 

Atenção para o transporte

Mas há quem discorde do resultado número um da pesquisa: a saúde como prioridade de melhoria no ano que vem. Para a advogada Maria Luiza Estrela, de 54 anos, em termos de Brasil, a área é, sim, a que mais pede socorro. No entanto, para o Distrito Federal, seu desejo é de que o transporte público tenha mais atenção em 2016.
“Em Brasília, não entendo a saúde como prioridade. Sou de Brasília e vejo, há muitos anos, a necessidade urgente de melhorias no sistema de mobilidade da cidade. A  meu ver, quando você não oferece transporte público de qualidade, impede as pessoas de irem às ruas pedir por mais investimentos em outras áreas”, aponta. 
 A advogada, que é moradora do Grande Colorado, diz que vê o sistema de transporte público do DF como o maior problema da região. “A falta de mobilidade exerce controle sobre a população. Você só consegue pressionar, ir ao gabinete de um deputado, ir a uma passeata, se tiver como chegar. Aqui, nós não temos. Nos oferecem ônibus no horário de trabalho, ou seja, é escravidão. A gente precisa de transporte público sempre”, afirma Maria Luiza. 
Para a advogada, o verdadeiro destaque de 2015 foi “o cinismo dos políticos”. “A gente observou, de forma geral, uma movimentação política desavergonhada. Caíram as máscaras. Antes, o político tentava passar a imagem de seriedade. Neste ano, ficou muito claro que isso não acontece mais. Não há pudor”, destaca. 
 
Cunha, a personalidade do ano
 
Outra pergunta da pesquisa era “qual a personalidade do ano de 2015?”. E não era preciso avaliar como negativo ou positivo. A maioria dos entrevistados, 33,5%, considerou, então, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como a pessoa que mais se destacou nos últimos 12 meses. 
Depois dele, vem a presidente Dilma Rousseff, com 29,2% das respostas. Para o diretor do Instituto Exata, Marcus Caldas, a política foi a pauta do ano e Cunha foi o protagonista da maioria das situações, entre elas a campanha pelo impeachment da presidente da República. 
“Até o ano passado, ele (Cunha) era bastante desconhecido dos brasileiros em geral. E ganhou o protagonismo no ano e provavelmente será o protagonista dos primeiros meses de 2016”, avalia Caldas.
No entanto, para algumas pessoas, Cunha não foi apenas protagonista. Mas, sim, um mau personagem do roteiro político brasileiro de 2015. “Acho que ele se destacou por estar sempre na mídia. Mas, de forma negativa, né?”, questiona o autônomo Domingos Lopes, de 52 anos. 
Para o morador do Itapoã, o parlamentar talvez seja apenas um exemplo de tudo que acontece na política brasileira. “Ele apareceu mais, mas não é só ele. Acho que em 2016 muita coisa ainda vai aparecer. Para nós, só resta esperar por ano melhor. Que venha 2016, porque a coisa não está boa. O trabalhador está ganhando pouco e sofrendo muito”, completa.
 destaques
Além de Cunha e da presidente, as opções eram o vice Michel Temer, o governador Rodrigo Rollemberg e o ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Ambos tiveram, respectivamente, 15,2%, 14,8% e 5,8% das respostas. 
 
 
Avaliação diferente

A advogada Maria Luiza Estrela avalia que Eduardo Cunha não pode ser tratado como uma personalidade. Para ela, o problema é que o brasileiro, de forma geral, lembra mais dos aspectos negativos. 
“Para mim, a personalidade do ano é Rodrigo Janot, por exemplo. Considero isso pelo trabalho que ele fez ao longo ano. Não digo somente no âmbito da Lava-Jato. De forma geral, o papel dele na movimentação dos processos legislativos dentro do Ministério Público foi imprescindível para que chegássemos onde estamos”, analisa. 
Para Maria Luiza, “Cunha apareceu muito, mas sem nobreza”. “Infelizmente, não vejo nobreza nas atitudes dele. Por isso, não o considero a personalidade do ano”, completa a advogada. 
A pesquisa Momento Brasília, que revelou as projeções para o futuro e um resumo do ano, é o último levantamento do ano do Instituto Exata em parceria com o  Jornal de Brasília. Ao longo de 2015, diversos dados foram obtidos, sobre os mais variados temas.
 
Saiba mais
A pesquisa do Instituto Exata foi realizada no dia 28 deste mês. A maioria dos 600 entrevistados, 32,4%, tem idades entre 27 e 37 anos e 25,1% , de 38 a 48. Mais de 41% pertencem à classe C, segundo o instituto. A segunda classe predominante foi a B, com 21,4%. Além disso, 52% das pessoas abordadas eram mulheres. 
 
 

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado